Mariana Luz

A poetisa Mariana Gonçalves da Luz, foi uma das figuras mais expressivas na literatura maranhense, do final do século XIX e da primeira metade do século XX.  Era filha de João Francisco da Luz, e de Fortunata Gonçalves da Luz.  Nasceu em Itapecuru Mirim (MA) em 10 de dezembro de 1871, e faleceu em 14 de setembro de 1960. Foi professora, poeta, teatróloga, musicista, oradora, dramaturga,  artista plástica  e escritora.

Ela  viveu na vanguarda  do seu tempo. Na época, já vislumbrava uma prefiguração da mulher dos tempos atuais,  não temendo quebrar as regras de uma sociedade preconceituosa para impor o seu   trabalho e talento, a exemplo de dedicar-se ao magistério por quase 80 anos; ajudar na educação de gerações e gerações de maranhenses; ser pioneira em trabalhos artísticos e artesanais; fundar escolas;  fundar teatro (em 1934); participar de grêmios literários; fazer parte dos principais acontecimentos históricos, culturais e sociais do Maranhão   e se projetar como renomada poetisa, angariando   respeito em toda uma classe literária da época, ao lado de gigantes da intelectualidade que criaram o fenômeno da Atenas Brasileira  no cenário literário maranhense do século dezenove.

Mariana Luz  começou escrever poesia ainda pequenina. Aos 10 anos de idade foi descoberta  pelo pai que a proibiu de escrever versos por achar que não era uma atitude apropriada à mulher, então, continuou a produzir a sua arte literária com o pseudônimo de homem, “Hector Moret”.  Aos 11 anos já tinha uma escolinha de primeiras letras na casa de seus pais, começando ensinar os filhos de vizinhos e os parentes.

Em 1884, aos treze anos, já era uma artista plástica requisitada na sociedade, pelos seus trabalhos artisticos e artesanais, comprovado por  vários  em jornais da época.  Aos 18 anos publicou sua primeira crônica no jornal “A Pacotilha”, a partir de então, Mariana esteve presente em todos os matutinos, periódicos  e revistas  maranhenses e de outros Estados, com seus poemas e crônicas.

A obra de Mariana Luz, ficou muito tempo na obscuridade, esquecida por falta de condições financeiras da autora, para sua publicação. Recorreu aos conterrâneos, a governadores do Maranhão, (Godofredo Viana e Antônio Dino), e até a  Adhemar de Barros, então governador  São Paulo, em 1951, sem êxito. No final da década de 40, organizou artesanalmente um livro com o título de “Murmúrios” e se candidatou à Academia Maranhense de Letras sendo eleita no dia 24 de julho de 1948, como a segunda mulher a ter assento naquela secular instituição literária, como fundadora da cadeira 32, tendo por patrono o poeta caxiense Vespasiano Ramos.

Em 10 de maio de 1949 tomou posse em meio a grande festa de repercussão nacional, tendo sido recepcionada pelo imortal historiador, Mário Meireles, estando presentes ao evento a nata da intelectualidade maranhense e ilustres políticos como:  Rubem Almeida, Mata Roma, Sebastião Archer (governador do Estado),  Costa Rodrigues (prefeito Municipal) Desembargador itapecuruense,  Públio Bandeira de Melo, presidente do Tribunal de Justiça, professor Telésforo Morais, o cientista itapecuruense, Salomão Fiquene, Nascimento Morais Filho, poetas, Ferreira Gullar, Lago Burnett, Raul Freitas e grande comitiva de itapecuruenses, seus conterrâneos e admiradores. Na ocasião foi convidada para ser hóspede oficial do então governador do Estado Sebastião Archer. Infelizmente faleceu sem ter realizado o sonho de ter seus versos publicados em livro.  

A Poetisa

    − Sofrimento, solidão e tristeza − são os temas muito explorados pela autora. Uma tristeza vaga, indefinida / Esta vida falaz e amargurada. / Angústia, o mal a que ninguém se exime. Em entrevista a poetisa confirma: Prefiro a Escola Antiga, porque me parece agradar mais ao coração. Está mais condizente com a minha alma sofredora.

   − Amor impossível – As doces ilusões, que tanto amei /… Morrer!… E vou morrer sem ter vivido / Tu não podes viver sem meu amparo. Eu não posso viver sem teu carinho.

  − Beleza, natureza retratada através das paisagens, jardins, crepúsculo, flores, por do sol, tarde,  pássaros, folhas, sorrisos…

   − Dor e Morte – temas bastante explorados em seus escritos, com mensagens cheias de reflexões sobre vida, morte, cadáveres e dor, como exemplo: Suprema Dor / Morte de Almira /  Morta, Entre o Berço e o Túmulo / Gracinha Junto ao Féretro da Mãe, Este caixão teu derradeiro leito/ Eu sinto qual cadáver regelado.

   − Escravidão – um texto escrito em comemoração ao Jubileu de Prata da libertação dos escravos em 1927, com o título “Salve, 13 de Maio”.. irradiam novos horizontes na sacrossanta asa da liberdade.

  − Homenagens – Escreveu homenagens, como: A Gomes de Sousa, Gonçalves Dias,  Coelho Neto, Padre Possidônio, João Rodrigues, Américo César,  Getúlio Vargas,  Francisco Félix de Sousa, Hermes Rangel e muitos outros. Infelizmente grande parte do seu acervo literário foi perdido, por falta de acondicionamento ou corroído por cupins.

A Teatróloga

Mariana Luz tinha um grupo teatral que se apresentava em sua residência. Em 30 de julho de 1933, fundou a sua casa de espetáculos, o Teatro Santo Antônio, na Rua Cayana atual Avenida Brasil de Itapecuru Mirim. Encenava peças que traduziam costumes, humor e formação moral de gente campesina, satirizava a condição da mulher na sociedade,  mau desempenho dos políticos e outras.

Suas peças fizeram muito sucesso na época, sendo requisitadas  como:  A Casa do Tio Pedro, Quem Tudo quer Tudo Perde, A Herança de Benvinda,  Casada Desabusada,  Por Causa do Ouro, Eu também sou Eleitora e Miss Semana entre outras. Ela participava de todas as etapas da encenação: produzia, dirigia, atuava, cantava,  dançava e produzia o figurino.

Mariana Luz passou por muitas privações financeiras na velhice. Somente em 1941, na administração do prefeito  Felício Cassas, já com mais de 70 anos de idade, a educadora Mariana Luz conseguiu seu primeiro emprego de  professora municipal, lotada  na Escola Getúlio Vargas.  

Ela participou de muitas associações literárias. Foi correspondente da Revista Lyrio de Recife (PE), colaboradora dos jornais, A Pacotilha, O Combate, O Jornal e Diário do Maranhão, sócia da Sociedade Literária Nova Athenas e Associação de Imprensa do Maranhão,  sócia colaboradora da Revista Maranhense, sócia honorária da Oficina dos Novos e sócia correspondente do Congresso Maranhense da Letras. Publicou seus textos em diversos jornais e revistas do País.

Só teve seu primeiro livro, Murmúrios, publicado em 1960, dois meses depois da sua morte.

 Em 1990, o seu ex aluno, o imortal Benedito Buzar, quando secretário Estadual de Cultura,  reeditou Murmúrios nas oficinas da SIOGE (Serviços Gráficos do Estado). .

Em 2014 foi lançado o livro, Mariana Luz: vida,  obra e coisas de Itapecuru Mirim de autoria de Jucey Santana, fruto de uma pesquisa de quase 5 anos,  para resgatar o que foi possível de sua obra e sua vida, para que  não ficasse no completo esquecimento.  O livro resgata a vida e a obra da poetisa que é apresentada a   em 5 livros:

I Livro –   suas crônicas, crônicas dos amigos sobre ela e discursos;

− II Livro – Folhas Soltas, poemas de diversas épocas e estilos;

− III Livro – Murmúrios, poemas de características simbolistas;

− IV Livro – Orações para diversas ocasiões;

− V  Livro –  Cantos Litúrgicos.

Jucey Santana, ao perceber que as a compreensão assimilada pelas crianças sobre Mariana Luz era tão somente de uma professora idosa e muito exigente, resolveu lançar em 2018  a obra infantil, A Cigarra Mariana Luz, (um dos apelidos da poeta), por entender a necessidade de  mostrar outra faceta da poeta,  aos pequenos leitores, na sua infância e adolescência como sua paixão pelas artes, pela educação e sua avidez por conhecimentos associada  e sua luta por um mundo melhor, com muito talento  em um ambiente muito preconceituoso onde a mulher não era valorizada.  

Em 2021 a pesquisadora Gabriela Santana, publicou,  Mariana Luz, Murmúrios e outros poemas.

            Depois de muitos anos completamente esquecida, a poeta itapecuruense  está tendo o reconhecimento merecido. É patrona da cadeira nº 01 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes, da cadeira nº 08 da Academia Vargem-grandense de Letras e Artes, da cadeira nº 28 da Academia Luminense de Letras e vários pesquisadores e estudantes buscam os seus escritos para conhecer melhor a poeta dos versos tristes

  1. A primeira crônica foi escrita em 1890 aos 18 anos. Publicada no Jornal A Pacotilh,
  2. A obra de Mariana Luz, ficou muito tempo na obscuridade, esquecida por falta de condições financeiras da autora, para sua publicação. Recorreu , a governadores do Maranhão, (Godofredo Viana e Antônio Dino), e até a Adhemar de Barros, então governador São Paulo, em 1951, sem êxito.
  3. No final da década de 40, organizou artesanalmente um livro com o título de “Murmúrios” e se candidatou à Academia Maranhense de Letras sendo eleita no dia 24 de julho de 1948, como a segunda mulher a ter assento naquela secular instituição literária, como fundadora da cadeira 32.
  1. Em 10 de maio de 1949 tomou posse em meio a grande festa e repercussão nacional, tendo sido recepcionada pelo imortal historiador, Mário Meireles, estando presentes ao evento a nata da intelectualidade maranhense e ilustres políticos como: Rubem Almeida, Mata Roma, Sebastião Archer (governador do Estado), Costa Rodrigues (prefeito Municipal) Desembargador itapecuruense,  Públio Bandeira de Melo, presidente do Tribunal de Justiça, professor Telesforo Moares, o cientista itapecuruense, Salomão Fiquene, Nascimento Morais Filho, poetas, Ferreira Gullar, Lago Burnett, Raul Freitas e grande comitiva de itapecuruenses, seus conterrâneos e admiradores. Na ocasião foi convidada para ser hóspede oficial do então governador do Estado Sebastião Archer. Infelizmente faleceu sem ter realizado o sonho de ter seus versos publicados em livro.  
  1.  
  2. Os temas explorados em sua obra com feição simbolista: Sofrimento, solidão e tristeza; Amor impossível; Beleza, natureza; Dor e Morte; Homenagens  a amigos e autoridade.; Flores, Pássaros; crianças, sorrisos… 
  1. Mariana Luz passou por muitas privações financeiras na velhice. Somente em 1941, já com mais de 70 anos de idade, a educadora Mariana Luz conseguiu seu primeiro emprego de professora municipal.

Em 2014 foi lançado o livro, Mariana Luz: vida,  obra e coisas de Itapecuru Mirim de autoria de Jucey Santana, fruto de uma pesquisa de quase 5 anos,  com 456 paginas  para resgatar o que foi possível de sua obra e sua vida, que é apresentada a   em 5 livros:

A Primeira parte do livro  trata-se da vida da poeta e a segunda parte refere-se a obra que é dividida em 5 partes:

I Livro –   suas crônicas, peças teatrais, crônicas dos amigos sobre ela e discursos;

− II Livro – Folhas Soltas, poemas de diversas épocas e estilos;

− III Livro – Murmúrios, poemas de características simbolistas;

− IV Livro – Orações para diversas ocasiões;

− V  Livro –  Cantos Litúrgicos.

  1. Participando de eventos nas escolas de educação infantil, entendi que o meu livro que a compreensão assimilada pelas crianças sobre Mariana Luz era tão somente de uma professora velha e rígida, já que alguns dos episódios marcantes de sua vida deu-se em idade avançada como o primeiro emprego aos 70 anos e o ingresso na Academia Maranhense de Letrs aos 78 anos  resolvi publicar em 2019 o livro ( Cartilha( A Cigarra Mariana  Luz, mostrando outra faceta da professora, que começou fazer versos aos 10 anos,  sua avidez pelo conhecimento e a paixão pelas artes ainda na adolescência.

Depois de muitos anos completamente esquecida, atualmente a importante poetisa está tendo o reconhecimento merecido. Muitos pesquisadores luzianos estão surgindo, e foi publicado já este ano de 2021 o obra Mariana Luz, Murmúrios e outros Poemas, uma crítica literária, da pesquisadora Gabriela de Santana Oliveira.

Pseudônimo: Hector Moret e Vinicius

 Apelidos de Mariana Luz:

Sianica,

Cigarra, (Porque cantava, dançava e tocava vários instrumentos),

Poetisa dos Versos Tristes,

Poetisa das Flores.

NOSSA PATRONA

Material - Mariana Luz

Confira aqui uma série de matérias sobre a nossa Patrona.