Patronos - AICLA

01 – Mariana Gonçalves da Luz
02 – José Ribamar Fiquene
03 – Apolinário da Silva Fonseca
04 – Raimundo Nonato Coelho Neto
05 – Joaquim Gomes de Sousa
06 – Raimundo Públio Bandeira Melo
07 – Maria das Dores Cardoso
08 – Graciete de Jesus Cassas e Silva

09 – Astor Cruz Serra

10 – João Batista Pereira dos Santos
11 – José Cândido Morais e Silva
12 – Carlos Bezerra
13 – Manfredo Viana

14 – Luís Gonzaga Bandeira de Melo

15 – Juvenal Nascimento de Araújo
16 – Raimundo Nonato Rod. de Araújo
17 – Cônego José Albino Campos Filho
18 – João da Silva Rodrigues
19 – Antônio Olívio Rodrigues
20 – João Francisco Lisboa
21 – Feliciano Carlos da Costa Lopes
22 – Osman dos Santos Coelho
23 – Maria José Lopes Martins

24 – Lili Bandeira

25 – Joaquim Henrique de Araújo
26 – Manuel Viriato C. B. do Lago
27 – Antonio Henriques Leal
28 – Enói Simão Nogueira da Cruz
29 – Salomão Fiquene
30 – Leonel Amorim de Sousa
31 – Romão Souza Rosa
32 – João da Cruz Silveira
33 – Orlando Lago Mota
34 – Raimundo Nonato Coelho Nahuz
35 – Raimundo Nonato Ferraz
36 – Newton Carvalho Neves
37 – Raimundo Nonato Buzar
38 – Bernardo Thiago de Matos

39 – Bertulino Campos

40 – Cosme Bento das Chagas

José de Ribamar Fiquene nasceu em Itapecuru Mirim, em 27 de dezembro de 1930; filho do comerciante libanês Wady Fiquene e de Delahê Corrêa Fiquene. Iniciou seus estudos com a professora Mariana Luz, que orientou seus primeiros passos no interesse da leitura, da poesia e do conhecimento. Era conhecido pelos irmãos e colegas de infância como Ribinha. Desde jovem demonstrou interesse pela poesia e pela música.

Na adolescência   passou a exercitar melhor a musica, nas cordas de um violão. Formou um grupo de amigos conterrâneos, seresteiros que alegraram muitas  noites.  Também começou a transferir para o papel em prosa e versos, fatos corriqueiros do cotidiano  de Itapecuru Mirim e seus amigos.

 Na adolescência  Ribinha deu continuidade aos estudos, seguindo para  o internato do Colégio  dos  Irmãos Maristas em São Luís (MA),  que era um colégio religioso, no qual  ajudava os padres na celebração dos atos litúrgicos, nas missas dominicais, dando asas ao sentimento romântico e poético.  Quando ingressou na Faculdade de Direito  se tornou presidente do Diretório  Estudantil  sem se desligar do  companheiro inseparável: seu violão.

Em São Luís, na década de 1950, fez parceria  com o  cantor Castro Martins nas serenatas matinais levadas ao ar pela Rádio Ribamar saudando,  São Luís com a letra da música Praia de Araçagy,  numa referência a Vinicius de Morais, na exaltação à Praia de Copacabana  Princesinha do Mar.

Foi escritor, poeta, filósofo, prosador, músico, compositor, advogado,  magistrado e político.

Iniciou na magistratura sendo promotor público na cidade de São José de Ribamar e depois foi transferido para Itapecuru Mirim.

Dr. José de Ribamar Fiquene fez carreira por esforço próprio, sem nunca fazer dela trampolim para galgar postos elevados.   Em 1962 foi aprovado num concurso  de juiz  de Direito,  sendo designado para a cidade de Turiaçu.  Depois  foi para Dom Pedro  e em seguida para Imperatriz.

 Em Imperatriz  o  Dr. Fiquene  foi eleito a prefeito  em  1982.  Em sua gestão fundou a Escola Técnica Amaral Raposo.   Como  presidente da Fundação de Ensino Superior de Imperatriz fundou a Faculdade de Educação de Imperatriz, hoje, Universidade Estadual.

Também foi presidente da Fundação Eurico Gaspar Dutra, reitor da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, e superintendente da Legião Brasileira de Assistência no Maranhão (LBA).

  Exerceu o cargo de governador  do Estado do Maranhão  de 2 de abril de 1994 a 1º de janeiro de 1995, quando na qualidade de vice-governador  de Edson Lobão,  quando  o mesmo se afastou para concorrer ao Senado.  Na época inaugurou o CAIC em Itapecuru Mirim.  Como suplente de senador, chegou a assumir a vaga no  Senado Federal por três ocasiões. Como político, foi íntegro e leal.

 É autor de inúmeras composições musicais e, entre elas: O Menino Peralta, Meu Amor,  Hino do Cinquenta Bis,   Canção do Meio-Dia,  Saudade,  Coração em Pedacinhos, Fonte da Liberdade,   Rosas e   Hino da Família de Imperatriz. Também compôs a letra e a música do hino da cidade de Imperatriz.

Dr. José Ribamar Fiquene é ainda autor de várias obras literárias, como:

Alvorecer (1992);

− Lampejos (2003);

– Revivendo Sentimentos.

Deixou como legado, bons serviços prestados à população, principalmente na área da educação.

Foi casado com dona Zenira Massoli Fiquene,  companheira de muitos anos.  Faleceu em 2 de janeiro de 2011, aos 80 anos.

Foi membro efetivo da Academia Imperatrizense  de Letras e patrono da cadeira nº 2 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes.

 

Apolinário Fonseca

 

Apolinário da Silva Fonseca nasceu em Itapecuru Mirim em 23 de julho de 1899. Filho de Clementino Antônio de Fonseca e Alexandrina Ferreira Fonseca.

Foi aluno do maestro Sebastião Pinto na Escola de Música (1908/1922), especializando-se em instrumentos de sopro. Com o espírito patriótico exacerbado filiou-se por ocasião da I Guerra Mundial, no Congresso da Mocidade Maranhense, filiado ao Congresso Nacional, enviando uma moção assinada por 74 jovens itapecuruenses, à comissão Maranhense através do advogado e jornalista Antônio Bona, que confirmava a disposição de combater na guerra, em defesa dos sagrados direitos da sociedade e da civilização brasileira, dispostos a qualquer sacrifício pelo bem da Pátria. Constavam na lista nomes como: João Rodrigues, Francisco Sitaro, Hercílio Lago, Eudâmidas Sitaro, Basílio Simão e Miguel Ahid Jorge. (Pacotilha, 17.11.1917).

Em outubro de 1918, com apenas 19 anos, foi nomeado pelo Governo do Estado do Maranhão, suplente de juiz de Direito (Pacotilha, 23.10.1918).

Teve uma atuação relevante em Itapecuru Mirim, participando ativamente dos eventos sociais, como músico da Banda Despertadora, criada pelo mestre Sebastião Pinto; depois que este se mudou para Codó a Banda ficou sendo regida por Feliciano Lopes. (Vr. Sebastião Pinto). Também foi exímio ourives, ofício que aprendeu com o seu genitor.

Em 1927 ingressou no 24º Batalhão de Caçadores, pelas mãos do desembargador Raimundo Públio Bandeira de Melo, para integrar a banda de música da corporação.

Foi morar em São Luís (MA), na Rua do Mocambo. A sua residência estava sempre de portas abertas aos conterrâneos que se deslocavam para a capital a negócios ou tratamento médico.

Como sargento-músico no Exército Brasileiro, teve conduta exemplar, permaneceu no serviço ativo durante 22 anos, tendo servido no Rio de Janeiro, Fortaleza e São Luís. Participou da expedição de São Paulo em 1932, por ocasião da Revolução Constitucionalista e foi condecorado pelo Ministério da Guerra em 6 de março de 1947 e também  agraciado com  a  Medalha de Guerra por ter cooperado no esforço de guerra do Brasil durante a 2ª Guerra  Mundial.

Casado com Dona Raimunda Nonata Nascimento Fonseca, com quem teve uma filha Maria Nascimento Espírito Santo Fonseca.

 Em 7 de dezembro de 2011, por ocasião da fundação da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA, foi indicado para patronear a cadeira nº 3. O ilustre itapecuruense faleceu em 8 de dezembro de 1977.

Coelho Neto

O jornalista Raimundo Nonato Coelho Neto  itapecuruense, filho de Osman dos Santos Coelho e Maria Mota Coelho nasceu  em 16 de dezembro de 1953.   Coelho Neto ou “Coelhão”, como lhe chamavam, foi um dos grandes nomes da imprensa maranhense.

O pai de Coelho Neto, Osman  (Osanan), marcou presença em Itapecuru Mirim como próspero comerciante, dando continuidade aos negócios do ramo farmacêutico, da família: os farmacêuticos:  Mundico Coelho,  avô  e    Rufino Coelho, bisavô.  Eram proprietários da conceituada Farmácia São José, na Rua do Sol, que ainda hoje, permanece de portas abertas.

Os primeiros estudos de Coelho Neto foram realizados na cidade em que nasceu. Para dar continuidade aos mesmos, mudou-se para São Luís em companhia dos irmãos.

Na Capital, após o ensino médio se submeteu ao exame de habilitação para ingressar no ensino superior.

O Jornalista Coelho Neto

No início da década de 70, formou-se em jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão, profissão que iria abraçar ao longo da vida, no exercício da qual se destacou pelo brilhantismo e pela impetuosidade.

Iniciou sua carreira profissional no jornal O Imparcial, no começo dos anos 70, como repórter. Em seguida transferiu-se para a TV Ribamar, onde atuou no telejornalismo. Depois, foi contratado pela Rádio e TV Mirante, sempre na função de redator, após o que foi convidado para assumir o cargo de secretário de redação do jornal O Estado do Maranhão, onde pontificou como jornalista dotado de texto leve e preciso.

Mudou-se  para  TV Difusora o início  dos anos 90, sendo indicado para dirigir o setor de telejornalismo. Graças ao seu talento e criatividade, tornou-se produtor e apresentador do programa Bom Dia Maranhão e Aqui Agora. Foi uma época em que o telejornalismo da Difusora apresentou os maiores índices de audiência  em todo o Estado. Também dirigiu  e apresentou o programa semanal, “Bom Dia Negócios”, com o jornalista Raimundo Martins.

No final dos anos 80, resolveu fazer concurso para professor da Universidade Federal do Maranhão, para o curso de Comunicação Social,  conquistou bom  conceito pela maneira como se relacionava com o corpo discente, ao qual transferia conhecimentos e experiência acumulada na sua  jornada de trabalho nos diversos jornais e emissoras de rádio e televisão de São Luís.

Como profissional da imprensa, notabilizou-se na coordenação do Congresso de Jornalistas e Radialistas do Maranhão,  realizado anualmente e que gerava a troca de experiências entre os profissionais da comunicação. A programação sempre contava com a participação de profissionais de destaque na comunicação brasileira. Esse evento, que já faz parte do calendário da comunicação maranhense, é um dos  grandes legados de Coelho Neto, que lançou  no  Congresso  a revista Nossa Imprensa, a qual enfoca  a comunicação regional,   que se firmou, nos últimos anos, como destaque nacional.

Merece também registro o esforço do saudoso jornalista  em instalar em São Luís uma seção da Associação Brasileira de Imprensa, com o objetivo de congregar os profissionais maranhenses em torno dos ideais de uma imprensa livre, independente e altiva.

Coelho Neto, sem relegar as suas atividades jornalísticas, procurou projetar-se na política maranhense. Quando universitário, foi incansável lutador da causa do estudante maranhense, sendo um dos líderes do movimento de  1979, pela adoção da meia-passagem, na gestão do governador João Castelo.

Nas eleições de 1982, tomou a decisão de candidatar-se à Assembleia Legislativa do Estado, concorrendo pelo PDS. Ficou   como suplente de deputado estadual, sem ter a oportunidade de assumir o mandato.

Coelho Neto foi responsável pelo surgimento de uma geração que marcou  época na televisão maranhense.  Foi pelas suas mãos que centenas de estudantes de jornalismo deram seus primeiros,  passos como os profissionais, Soares Júnior, Werton Araújo, Regina Sousa, Ricardo Baty,  Ciro Nolasco  e tantos  outros que receberam  oportunidades e foram  estimulados pelo  mestre.  Faleceu em São Luís, no dia 9 de janeiro de 2010.

A Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA, o elegeu como patrono da cadeira nº 4 em  7 de dezembro de 2011.

Fonte: Jucey Santos

CADEIRA Nº05

 JOAQUIM GOMES DE SOUSA

Filho de Antônia de Brito Gomes de Souza e Inácio José de Souza, Joaquim Gomes de Souza, apelidado em menino de “Souzinha”, nasceu em 15 de fevereiro de 1829 na Fazenda Conceição, localizada às margens do rio Itapecuru (MA), onde a família residia e enriquecia com o cultivo do algodão. Convém assinalar que nessa época a província do Maranhão passava por período de notável progresso e prosperidade econômica, o que permitia, a muitos senhores, o luxo de mandar seus filhos à Europa, a Pernambuco ou ao Rio de Janeiro, de onde voltavam doutores e bacharéis nas leis, filosofia, medicina e matemática.

“Souzinha” realizou seus primeiros estudos em São Luís. Foi então encaminhado, em 1841, para Olinda, com o irmão José Gomes de Souza, estudante de Direito, a fim de seguir-lhe o caminho acadêmico. Preparava-se para o exame de humanidades quando faleceu o irmão.

Novos rumos se apresentavam a Gomes de Souza que, por determinação de seus pais, ingressou, aos 14 anos, como cadete no primeiro batalhão de artilharia na Escola Real Militar do Rio de Janeiro. Porém, a falta de vocação para a carreira das armas levou–o, em 1845, a pedir permissão daqueles para trancar matrícula. Não fosse a interferência de Tiago José Salgado, parente da família, para mantê-lo no Rio de Janeiro, Gomes de Souza teria retornado ao Maranhão, muito provavelmente para auxiliar o pai nas tarefas da fazenda.

A busca incessante de conhecimentos o impeliu a freqüentar a Faculdade de Medicina, onde o desejo de se aprofundar nos estudos das ciências físico-químicas e naturais o estimulara a estudar as Matemáticas com afinco e dedicação.

No ano de 1846 voltou a se matricular na Escola Militar e, em 1847, pediu autorização à direção da escola para realizar o exame de todas as cadeiras que faltavam para concluir o curso da Escola Militar. Alguns professores e colegas não acreditavam que ele obteria aprovação. Alheio a tais opiniões, Souza debruçou-se sobre a elaboração de sua tese, Dissertação sobre o Modo de Indagar novos Astros sem Auxílio das Observações Diretas. Nela, ele se propôs indagar a possibilidade de existência de algum astro a partir, unicamente, da perturbação por ele causada no comportamento de outro astro já conhecido. Esse método – que, vale lembrar, é bastante utilizado hoje pela Astronomia – dispensava o auxílio de aparelhos óticos.

Assim, aos dezenove anos de idade e já se mostrando íntimo de equações trigonométricas, séries, derivadas e integrais, defendeu sua tese a 14 de Outubro de 1848. Colara o almejado grau de doutor em Ciências Matemáticas tornando–se o primeiro aluno da Escola Militar a obtê-lo.

Após a conclusão e defesa de sua tese e com o objetivo de recuperar a saúde fragilizada, viajou para a fazenda onde tinha nascido. Todavia ali, não afundou-se, abatido, na cama, ao contrário, dedicou-se ao estudo dos idiomas alemão e italiano, lendo filósofos alemães e obras literárias em italiano.

Passaram-se seis meses até que retornar ao Rio de Janeiro e reassumir, em julho de 1849, suas funções de professor na Escola Militar.

O ano de 1850 foi marcado pela publicação de dois trabalhos na então renomada Revista Guanabara: Resolução das Equações Numéricas e Exposição Sucinta de um Método de Integrar Equações Diferenciais Parciais por Integrais Definidas e tal paixão pelas ciências matemáticas motivou Gomes de Souza a viajar em 1854 do Rio de Janeiro para a Europa, onde teve a oportunidade de visitar os principais centros de pesquisa da França, Alemanha e Inglaterra.

Na Alemanha encontrou Antônio Gonçalves Dias (1823-1864), poeta maranhense da escola literária romântica, com quem trocou idéias sobre a antologia poética que estava organizando e que seria publicada anos mais tarde.

Encontrava-se naquele país ao receber o comunicado de ter sido eleito pelo Rio de Janeiro. Antes, porém de sua volta ao Brasil para ocupar a cadeira de deputado, resolveu viajar para Londres com o objetivo de contrair matrimônio com Miss Rosa Edith, filha do pastor anglicano Reverendo Humber. Não teve sucesso no novo ofício e a profunda decepção encontrada na política contribuiu para o abalo de seu estado físico.

Ainda assim, em 1858, voltando à Europa para concluir trabalho de que fora incumbido como membro do legislativo, aproveitou sua estada em Paris para submeter-se aos exames na Faculdade de Medicina, onde defendeu tese e graduou-se doutor.

Não bastasse mais um título assistiu, no ano seguinte, à publicação, em Leipzig, Alemanha, de sua Anthologie Universelle, Choix des Meilleurs Poesies Liriques de Diverses Nations dans les Langues Originales, Leipzig, F.A. Brocklins. Esta, refletindo o espírito ansioso de Gomes de Souza pela cultura, continha 944 páginas e apresentava uma aprimorada seleção dos mais celebrados trechos das poesias líricas e pequenos fragmentos de poemas épicos de vários povos, nas suas línguas próprias.

Mas a vida aproximava-se do fim. Abalado emocionalmente após a perda de sua esposa e filho e com a saúde física comprometida, Gomes de Souza faleceu no dia primeiro de junho de 1864.

Pode-se afirmar, sem riscos, que a obra de Gomes de Souza, além do seu valor intrínseco, tem ainda uma significação toda especial, pois representa o verdadeiro início da pesquisa matemática no país. Nele teve também o Brasil o seu primeiro matemático, na verdadeira acepção de quem é capaz de formular novos problemas e indicar o meio de resolvê-los. Extraordinário esforço de autodidatismo, produzido nas circunstâncias mais adversas, a sua vida lega-nos, por isso mesmo, um duplo interesse: não somente Souzinha foi o primeiro nome de vulto da matemática no Brasil – talvez o maior até hoje. Seu espírito reveste-se de uma complexidade e uma universalidade sem par, percorrendo numa verdadeira ânsia de saber os mais variados ramos da cultura.

 

Raimundo Públio Bandeira de Melo nasceu em Itapecuru-Mirim dia 21 de janeiro de 1888. Filho de Catão Clímaco Bandeira de Melo e Teresa de Jesus Moreira, formou-se em Direito e foi nomeado Promotor Público na Comarca de Viana. Atuou também como Delegado de Polícia em São Luís, depois como Juíz Municipal em São Luís e posteriormente na Comarca de Flores, atual Timon.
Elegeu-se pelo PSD como Suplente do Senador Francisco de Assis Chateubriend Bandeira de Melo onde assumiu o mandato em 1957 quando da nomeação de Chateubriend à embaixada brasileira em Londres.
No senado, Públio integrou as comissões de Redação e de Educação bem como a comissão mista incumbida de relatar o veto presidencial ao projeto de lei que autorizava o poder executivo a emitir letras e obrigações do tesouro nacional.
Públio foi ainda Professor e aposentou-se como Desembargador.
Como referência local mais recente, Públio era primo de Luiz Gonzaga Bandeira de Melo.
Casado com Maria de Lurdes Silva Bandeira de Melo com quem teve 6 filhos, morreu no Rio de Janeiro dia 22 de fevereiro de 1966.


Fonte: Família Bandeira de Melo
(João Boaventura Bandeira de Melo e Mariana Bandeira de Melo Silva).

Maria das Dores Cardoso da Cruz

 

Maria das Dores Cardoso da Cruz, nasceu em 08 de abril de 1937 e faleceu em 31 de janeiro de 1994.

Filha de Raimundo Cardoso e Antônia Meireles Cardoso. Em 1974 casou-se com Benedito Nogueira da Cruz, conhecido como Benedito Laborão. Tiveram duas filhas: Mirella Cardoso Nogueira da Cruz e Giselle Cardoso Nogueira da Cruz. Data de nascimento – Mirella- 26/10/1974 e Giselle 30/10/1975

Foi professora, trabalhou no Grupo Escolar Gomes de Sousa, trabalho no Ginásio Bandeirante de Itapecuru Mirim e no antigo CEMA. Residia na rua do Sol, Centro. Itapecuru Mirim -MA

Graciete Cassas

Graciete de Jesus Cassas e Silva nasceu no dia 02 de Junho de 1931 em Itapecuru-Mirim. Filha de Felício Cassas e Maria de Lourdes Coelho Cassas. Mãe de três filhos biológicos e inúmeros adquiridos. Foi escrivã de justiça do Cartório do  2º Ofício durante muitos anos.

 Graciete  era considerada uma mãe da caridade. Como parteira leiga  socorria mulheres carentes no parto em qualquer lugar. No campo social ajustava também a harmonia em alguns lares itapecuruenses ajudando muitos necessitados e favorecendo a cultura local. Graciete Cassas e seu esposo, Leônidas Silva, estiveram engajados na instalação do Lions Club Distrito 26 de Itapecuru Mirim em 1981. Também foi uma das fundadoras do Clube Social de Itapecuru Mirim em 1961. Foi patronesse e uma das maiores incentivadoras da Festa do Arroz  nos anos 70 e 80 em sua cidade.

Qualquer pedinte que batesse em sua casa, ela atendia, qualquer hora. Sua casa estava sempre aberta. Foi cognominada “Mãe dos pobres”.

Tinha uma característica marcante em sua vida, o bom humor. Recebia todos com um sorriso ou uma brincadeira. Nunca teve um inimigo, mesmo os adversários políticos eram acolhidos e bem vindos em sua casa.

Se lançou na política candidatando-se à prefeitura duas vezes, sem obter êxito, porém conquistou um reforço muito grande em sua popularidade.  Faleceu no dia 08 de janeiro de 1999

Foi escolhida como patrona da cadeira nº 8 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA. 

Fonte: Jucey Santos

Astor Cruz Serra, itapecuruense,  filho do  comandante de barco a vapor,   Raimundo Elesbão Raposo e  Mariana Cruz Serra,  nasceu em 16 de julho de 1920 e faleceu em 17 de junho de 2002. Foi professor, bancário e poeta.

Quando criança  Astor morava em uma casinha de palha, em frente à Cadeia Pública de Itapecuru-Mirim, com a mãe e irmãos.  Começou estudar no Instituto Rio Branco do professor Newton de Carvalho Neves, assistindo às aulas das janelas por não possuir uniforme adequado e principalmente por não ter o consentimento do pai, que desenvolvera uma pública animosidade contra o dedicado mestre. O professor descobrindo  o grande interesse do garoto pelos estudos, que segundo ele, havia   sido agraciado por Deus com o dom da inteligência, recorreu aos amigos de Caxias, Codó, São Luís e Parnaíba, sem que o menino e seus familiares soubessem,   solicitando encaminhamento da criança aos estudos. Finalmente em  1932, o diretor do Ateneu Teixeira Mendes, Solano Rodrigues,  o acolheu  sem ônus, como interno da instituição.

Ao embarque, na Estação de Trem, para a Capital, o padre Newton se despediu do menino dizendo-lhes: Astor,  ouve bem o que vou te dizer: Verdade sempre, mentira nunca! Ouviste?  Vai com Deus!

 

Professor Astor Serra

Como interno do Ateneu Teixeira Mendes, dos  afazeres que lhe eram incumbidos, ele estudava com afinco. O seu benfeitor sempre o visitava com motivação, para os estudos.

Foi um estudante com  bom desempenho escolar.  Ainda na adolescência, já ensinava matemática na ausência de algum professor. Também se distinguiu nos meios esportivos, coordenando competições escolares e acompanhando delegações em campeonatos futebolísticos interestaduais, pela responsabilidade que era possuidor. Teve destaque também como campeão de xadrez nos torneios anuais da Sociedade Recreativa Maranhense. Como enxadrista, fez parte da diretoria  da Federação Maranhense de Xadrez, que tinha como Presidente o industrial Alberto Aboud (político e desportista). Do seu perfil de competidor, mereceu o  comentário de um cronista esportivo: “Muito tranquilo, calmo e fiel observador da ética esportiva”. (O Combate. 11.4.1946).

Foi exímio professor de  matemática, português e  inglês. Chegou a ter entre seus alunos o matemático itapecuruense Benedito Raposo, um dos fundadores da Faculdade de Engenharia Civil da UEMA,  seu sobrinho.

Disputou, em 1939, uma maratona de Matemática/Português, da região Norte e Nordeste, tendo sido um dos finalistas.

Lecionou nos seguintes colégios: Ateneu Teixeira Mendes, Colégio Estadual, Ginásio Rosa Castro, Colégio das Irmãs Dorotéias; e em Itapecuru-Mirim, no Ginásio Bandeirante e no Colégio Leonel Amorim.

 

No Banco do Brasil

Em 12 de setembro de 1942 casou-se com Maria de Sá Vale Serra, filha do  professor José Ribeiro de Sá Vale, autor dos livros de História e Geografia do Maranhão,  usados nas escolas nos anos 40, 50 e 60 e patrono de uma cadeira do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM.

A sua esposa era de origem nobre. Bisneta do Visconde do Desterro, pelo lado materno e sobrinha do Barão de Grajaú.  Tiveram sete filhos: Fernando José, Laura Maria, Astor, Heloisa Helena, Roseana, Maysa,  e Maria Laura.

Em 1945, passou em primeiro lugar no concurso do Banco do Brasil. Logo que assumiu o cargo, foi encarregado da tradução inglesa da correspondência do banco. Mesmo bancário, nunca deixou de lecionar.  Em 21 de dezembro de 1955, Astor Serra assumiu a gerência da agência de Codó, ficando até 1958,  quando foi  requisitado de volta a São Luís.

Era antiga a reivindicação da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Itapecuru-Mirim, para a instalação da  agência do Banco do Brasil, no município. O diretor regional na época, Agenor Fernandes atendeu além das reivindicações da Associação o apelo do Padre José Albino Campos para que seus gerentes fossem itapecuruenses. Atendido o pleiteado, em 18 de maio de 1964, foi instalada  a agência e designados, Astor Cruz Serra no cargo de gerente e Walace Mota subgerente, ambos itapecuruenses.

Presentes ao evento festivo, o gerente regional do Banco do Brasil, Ribamar Galiza, do Banco do Estado do Maranhão Aldemir Silva, o presidente da Associação Comercial do Maranhão Rui Abreu e muitas outras autoridades.

 

Trajetória Literária

Astor Serra era apaixonado por literatura, traduzia inúmeras obras inglesas. Também lia e escrevia alemão.  Fez algumas traduções do alemão para português   entre elas consta a tradução do famoso  poema “Rei dos Álamos” de Johann Wolfgang von Goethe.

Foi um dos fundadores, em setembro de 1938, da Academia Estudantil Maranhense,  com  Raymundo Rodrigues Bogéa (futuro deputado, Manduca Bogea),  e Pedro Braga Filho, (membro  da Academia Maranhense de Letras), tendo como Presidente de Honra o jornalista Nascimento Moraes.  A cadeira de Astor  tinha por patrono o poeta Raimundo Corrêa. Como poeta ele assinava “Astor Raposo”, usando o sobrenome do pai.  Abaixo  poemas da sua lavra:

Morcego

Via-te sempre no meu quarto voando,

Como a fugir das fúrias hibernais,

Jamais saber buscara, sim jamais,

Se era o destino teu nobre ou nefando.

 

Contra ti revoltavam os meus pais,

Eu era criança. E assim tudo ignorando,

Como podia compreender, e quando,

A causa mater,  de repulsas tais?

 

Hoje, porém, morcego desgraçado!

Após de muito haver em ti pensado

É que esta ideia sobre ti me veio:

 

Em teu voejar inquieto e impaciente,

Encarnas o papel de muita gente

Que vive de sugar o sangue alheio.   –

 

Papai Noel

Papai Noel, eu sonho que você,

Gosta de dar presentes de crianças,

Pois bem: eu quero que você de me dê,

Um brinquedo de sonhos e esperanças.

 

Você não sabe o que é ser triste  … eu penso,

E talvez não me engane… nunca viu,

A deusa amada lhe agita um lenço…

O seu sonho de amor nunca fugiu.

 

Mesmo de barbas níveas, dentro embora,

De um infinito outono – o coração,

Que você tem nunca chorou, nem chora,

E jamais lamentou a solidão.

 

Eu não: mesmo que em  linda primavera,

Tenho a alma toda intensa, mesmo assim

Sou mártir de uma dor que me lacera,

De uma saudade que não tem mais fim.

 

Você sabe que sinto: Você vê!

Papai Noel, assim como as crianças,

Quero um presente quero que dê,

Um brinquedo de sonho e esperança

 

 

Antes da Partida

Vais partir minha amiga, misteriosa,

Para longe de mim, pobre poeta,

Que vaga pela vida tormentosa,

Tendo a alma de quimeras mil  repleta.

Vais deixa-me sozinho, a alma saudosa,

Imerso  numa  dor grande e repleta,

Sem teu olhar, sem tua voz maviosa,

No abandono… no exilio…pobre poeta!

 

Ambos os olhos tenho rasos d´agua,

Já me corta o punhal da grande mágoa,

Da despedida inevitavel, crua.

 

E o que mais me crucia e me espezinha,

É que já tens a propria vida minha,

E eu meu siguer uma lembrança tua   

 

Referencias:  Fernando José Sá Vale Serra (filho) e jornais da época.

BIOGRAFIA DE JOÃO BATISTA

João Batista Pereira dos Santos (para os amigos e familiares Godim, Titista ou apenas João Batista) nasceu no dia 24 de junho de 1963, em Pau Lumina, município de Itapecuru-Mirim – MA e faleceu em 02 de outubro de 1999. Era filho de Raimundo Gaudêncio dos Santos e Joana Pereiras dos Santos.

Fez o curso de 1º grau nas escolas Maria Gorete (antigo primeiro grau menor de 1ª a 4ª séries) e CEMA (antigo primeiro grau maior de 5ª a 8ª séries) em Itapecuru-Mirim, e o 2º grau no antigo Colégio Agrícola (Escola Agrotécnica Federal de São Luís – MA e atualmente IFMA São Luís Campus Maracanã), onde se destacou como aluno exemplar e orador oficial do grêmio estudantil nos momentos de solenidade escolar.  

Foi membro fundador do Grupo Teatral Noroeste, criado por Inaldo Lisboa em 1982. Com esse grupo, trabalhou como ator nas seguintes peças:

Povo de Araça   (de Inaldo Lisboa – 1982)

A preservação da Natureza (Texto de autor desconhecido – 1982)

Ainda em 1982, juntamente com Inaldo Lisboa, ajudou a transformar o Grupo Noroeste em Teatro Experimental Itapecuruense – TEIt, organização teatral que tinha como objetivo contribuir para o desenvolvimento cultural das manifestações artísticas da cidade.

No TEIt, João Batista trabalhou como ator, assistente de direção artística, dramaturgo, além de ter assumido vários cargos de direção executiva.                         

O seu trabalho foi notável nos seguintes espetáculos:

Teatrinho Xaxado (como ator e um dos autores da criação coletiva -1983)

Paixão de Cristo (como ator e adaptador – de  1984 a 1993, interpretando as personagens Judas e Pilatos, depois somente como Pilatos. Espetáculo de maior número de público e apresentações do grupo)

Caminho de Pedra Miúda (como ator e colaborador – 1988 e 1990, fazendo uma competente interpretação do professor João Silveira)

Além do exercício de ator, João Batista gostava de escrever. São de sua autoria os seguintes poemas:

Lavadeira  (feito em homenagem a sua mãe, por quem ele tinha grande admiração)

Rio Itapecuru  (obra dedicada ao rio em que ele banhara tantas vezes na sua infância).

O trabalho em teatro e a aplicação aos seus estudos lhe renderam a profissão de professor. Por várias vezes lecionou em Escolas de Itapecuru, dentre elas: Mariana Luz, Leonel Amorim e Newton Neves.

Paralelamente ao seu trabalho em teatro, ele foi um católico praticante desde a adolescência, quando fez a primeira comunhão e começou a frequentar a igreja sistematicamente. Gostava de fazer a leitura das missas celebradas pelo Padre Benedito (pároco de Itapecuru durante muitos anos), por quem tinha muito apreço.

Sua voz grave, suave, inconfundível e carregada de empolgação, abrilhantava o coro da igreja nos domingos e nos dias festivos da paroquia.

Também participou ativamente de vários movimentos da paróquia como integrante do Grupo de jovens JUSF (Jovens Unidos Semeando Fraternidade) e outras realizações da pastoral. Essa experiência fez com que ele influenciasse seu irmão Renato a seguir seus passos como orador.

Em 1992, casou-se com Jobenice de Souza Prado dos Santos. O casal teve dois filhos, João Alves Prado Neto e Sarah Prado dos Santos.

Outra grande paixão de João Batista era o futebol. Foi torcedor de carteirinha do clube de regatas Flamengo e durante muito tempo foi jogador, depois passou a se dedicar a função de árbitro em vários jogos amadores e campeonatos municipais e intermunicipais. Foi numa partida de futebol que aconteceu o acidente que lhe tirou a vida.

Trabalhava como escrivão no cartório do 3º ofício, acumulando também a função de escrivão eleitoral do cartório da 16ª zona eleitoral.

João Batista sempre foi um filho, um irmão e um amigo muito querido. Na cidade de Itapecuru seu nome é sinônimo de intelectual e pessoa querida do povo. A sua presença inspirava bom humor, fraternidade e, sobretudo, eloquência. 

Certamente é assim que ele será lembrado. E assim se passaram trinta e seis anos.    

Inaldo Lisboa, 06.10.99

 

LAVADEIRA

Poema de João Bastista Pereira dos Santos

 

Tu que lavas, velha guerreira

Alegre, cantando, púrpura fina

Subindo e descendo ias tu na ladeira

Samaritana, cândida, és linda

 

Cores! Que cor era teu quintal

Artista, exposição, que beleza

Enfeitas inesquecível varal

E como deusa era tua leveza

 

Tuas mãos meigas, suaves e perfeitas

De magia invejável, era sim

Qual a fonte, me diz, que rejeita

O magistral perfume das roupas, jasmim

 

Vivas, prêmio nobel, que lição

Heroína imortal, filha da emoção

Quem aquele que não se curva ao teu trono?

 

Tua arte é uma fonte, que brancura

Que moldará teu descanso, flores puras

E não te legou, ó lavadeira, te amo.

 

RIO ITAPECURU

Poema de João Batista Pereira dos Santos

 

Rio caminho boiada

Alegria de banhistas eufóricos

Descanso, eterna morada

De heróis que não quiseram morte

 

Caudaloso e brisa suave

Pescando ou descendo a rampa

Tens histórias e cantos de aves

És belo como criança

 

Correntezas que levam saudades

De eternos cantos poéticos

Igual fêmea, que ansiedade

Em núpcias à baia de São José

 

Tens riquezas em tua profundeza

Que coronéis deixou com tristeza

Pensando que não seria eternidade, tu

 

Das brincadeiras que em ti fazia

Da delicadeza que de ti jazia

Eu te adoro Rio Itapecuru

 

EXALTAÇÃO A ITAPECURU

Exalto-te, cidade de meu coração

Panteon de grandes vultos imortais

De estandarte e vitória na mão

Tu serás lembrada em cantos magistrais.

 

Enalteço-te e enamoro-te sempre que posso

Tuas ruas, praças e egrégios pitorescos pontos

Em pacatez, lépido, rumo ao progresso eu gosto

Desse lendário e invejável encanto.

 

Sedento em tua morada, orgulhoso sou sim

Crescemos, envaidecemos…somos sempre assim

Ontem. Hoje. Amanhã…Serás sempre tu.

 

Das idas e voltas que eu fizer

Da vida à morte, se Deus quiser

Ainda me sobrarão forças para gritar: Viva minha Itapecuru!  

 

Obras sobre o Patrono

O jornalista José Cândido de Morais e Silva, nasceu aos 21 de setembro de 1807 no Sítio Juçara  de Itapecuru Mirim. Filho do farmacêutico português Joaquim Esteves da Silva e de dona Maria Querubina de Morais Rego

 José Cândido  foi um mártir do jornalismo.  Em sua curta trajetória fundou o primeiro órgão liberal do Maranhão. Foi defensor da constituição, da cidadania e da educação.   Denunciou, criticou,  e sofreu perseguições pelos seus artigos,  em consequência perdeu a vida  cedo.

Aos nove anos ficou órfão com cinco irmãs.   As irmãs foram morar com o avô, em São Luís e José Candido recebeu a proteção do Comendador Antônio José Meireles, rico comerciante português que  o encaminhou  para estudar na  França, na cidade de Havre, em 1818, onde ficou até 1821. A  intenção do português era de faze-lo um grande negociante, porém ele demonstrou  tendência para as letras; então  seu protetor o encaminhou à  Coimbra  para forma-lo  médico.

Nos dois primeiros anos se saiu bem, porém os estudantes brasileiros, em Portugal estavam agitados com as notícias dos movimentos libertários do país com a  independência brasileira, e as dificuldades na província maranhense ainda sob o jugo português. O jovem acadêmico, abandonou os estudos em julho de 1823 e retornou à sua terra.

Ao chegar ao Maranhão, em 1823, José Cândido encontra o Brasil iniciando o processo da sonhada liberdade. O seu protetor mudara-se para o Rio de Janeiro, deixando à frente dos seus negócios o português José Gonçalves Teixeira, a quem tinha recomendado o seu pupilo. Infelizmente o administrador não recepcionou José Candido à altura do seu merecimento submetendo-o ao servilismo. Ele voltou à Itapecuru Mirim  onde ficou   dois anos   administrando os bens deixados pelo pai.

Em maio de 1826 com o falecimento do avô, José Cândido  voltou a São Luís para cuidar das irmãs.

 

Luta pela educação

Na época enfrentou sérias dificuldades financeiras e resolveu abrir uma escola em sua casa para dar aulas de primeiras letras, geografia e francês. Também ensinava nas casas  e no quartel para os cadetes. Com o amigo Manoel Pereira da Cunha transformou a escola  em pequeno internato.

No Maranhão, os professores eram mal pagos e pouco valorizados.  Inconformado passou a manifestar-se  sobre o assunto redigindo uma série de artigos críticos sobre  a educação pública,  apontando  como o único meio de alcançar a prosperidade e  a liberdade.  Questionava que saber ler e escrever não bastava   porque a educação precisava  ser cuidada com um “bem sagrado”. O pai que não promovia a educação de seu filho roubava-lhes o “melhor dos bens”, negava-lhe a “verdadeira felicidade”, merecendo a “execração pública”,  por não desejar o progresso  do seu país.  (O Farol Maranhense, 23.5.1828) “Acaso desconhecem os pais da nossa Província a utilidade da instrução?” (O Farol Maranhense, 16.3.1830).

Também foi defensor  da educação feminina, que dizia ser “inimiga do servilismo”.  Ele denunciava os pais que se negavam a encaminhar suas filhas  à escolas  por serem “zeladores de suas famílias”.  Ou “Deus me livre de mandar ensinar a ler a minhas filhas”. (O Farol Maranhense,30.5. 1828). Na avaliação do jornalista, as jovens  maranhenses, embora  causadoras de uma “boa impressão”,  decepcionavam  em uma conversa; “Sim, a conversação das maranhenses é desgostosa, porque elas não podem tratar daquilo de que nunca ouviram falar. “Como podem entender qualquer conversação séria e instrutiva, se jamais passaram da leitura da Cartilha do Padre Inácio”. Segundo ele,  “A mulher sendo atraente, mas alheia a um conhecimento educacional, é motivo de grande descontentamento ao seu marido e lhe diminuía a felicidade […]. O homem que recebeu uma boa educação ama a conversação (…), e a ignorância de sua mulher,  dificulta o  prazer! (O Farol Maranhense, 30.5. 1828).

A história favorece o itapecuruense José Cândido como fundador da segunda escola da Capital, em 1826.

Na época ele  fundou uma tipografia. Foi um orador, que entusiasmava as multidões, principalmente da juventude.

 

Trajetória jornalística

Apaixonado pelas questões  libertárias, ao lado  das funções  de professor,  José Cândido em dezembro de 1827,   fundou  o jornal Farol Maranhense.   O  órgão  divulgava    e  repudiava  “os excessos contra a Constituição,  a segurança individual e a propriedade dos cidadãos”, passando  a sofrer perseguições  do Governo  que tentava  impedir  a sua  circulação, movendo uma série de processos contra o  jornalista.   Segundo o escritor e crítico literário Paulo de Kock: “Folha de grande influencia pelo  seu patriotismo e ideias adiantadas que professava, discutia as questões no tom de             tribuno ardente, era um oráculo no seio das massas populares. (Pacotilha, 18.1.1884).

José Candido denunciou os opressores,  criticou   os desmandos na administração pública nos  artigos  do Farol, como consequência, sofreu  perseguições.                        .

Usava a seguinte epígrafe  que  baseava a sua doutrina:

 

            De circunlocução eu nada sei,

            O caso conto; como o caso foi,

            Na minha frase da constante lei,

            O ladrão é ladrão, o boi é boi!

 

O Farol, denunciava o presidente da Província,  contra a “indolência e maldade dos  ministros, que ultrapassavam  as atribuições de seus cargos”. (O Farol Maranhense, 27.5. 1828). Avesso a críticas, o presidente  o  processou   por infringir o Artigo 6º da Lei de Imprensa.  O Governo do presidente  Costa Pinto,  cometeu o  que foi, no entendimento de Odorico Mendes,  “um dos maiores atentados, contra os direitos cívicos”.

 Preso e seviciado, recebeu a solidariedade dos amigos  que comungavam com as suas ideias, entre os quais o escritor Odorico Mendes, que veio do Rio de Janeiro, para apoiá-lo. O jornalista foi solto em janeiro de 1829, após  cinco meses de prisão, pelo novo   presidente do Maranhão, o Marquês de Sapucaí. Livre, José Candido voltou a fazer circular o Farol com as mesmas características   independente.

Em abril de 1831, com a abdicação de D. Pedro I, em São Luís, veio à tona um movimento revolucionário, motivados pela  instabilidade econômica da Província, cujos produtos de exportação perdiam valor no mercado externo.   Foi desencadeada a Setembrada,  movimento   encabeçado por José Cândido de Morais e Silva e Frederico Magno Abranches.

Foi elaborado  um documento com o apoio dos militares e do povo, exigindo a destituição dos funcionários  lusitanos, de acordo com a Constituição do Império,    a suspensão dos desembargadores, a demissão  de padres contrários à causa do Brasil. O presidente da Província, Araújo Viana, manda prender os líderes. José Cândido fugiu da prisão  e escondeu-se nas matas do Itapecuru. Depois, voltou a São Luís, homiziando-se na casa de Sotero dos Reis. O amigo João Lisboa,  tomou a iniciativa de substituí-lo no  Farol Maranhense, para que  não deixasse de circular. Doente e sem recursos financeiros  o jornalista   faleceu  em 18 de novembro de 1832, aos 25 anos.

Ele deixou viúva Mariana Emília da Cunha, com quem casara a 15 de outubro de 1831.  Ela era irmã da esposa de João Lisboa, seu conterrâneo e amigo.

O jornalista José Cândido de Morais e Silva é patrono da cadeira 13 da Academia Maranhense de Letras e da cadeira 11 da Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes ambas ocupada por outro jornalista itapecuruense,  Bendito Buzar.

Carlos Bezerra sempre presidente da sessão eleitoral número 1 de Itapecuru-Mirim. Ele nasceu em 04 de novembro de 1897. Desde os 17 anos atuava como músico profissional da Banda de Sebastião Pinto. Alfaiate de renome, também era maestro e professor voluntário de instrumentos de sopro. Criador da banda Lira Ideal, e compositor de diversas sinfonias, ele era o responsável pela animação de festas, retretas, apresentações em coretos no Largo da Igreja Matriz, além de passeatas, solenidades políticas, alvoradas e eventos cívicos e religiosos, em especial o Festejo de Nossa Senhora das Dores. Fazia trabalhos assistencialistas nos povoados, e como Secretário da Câmara Municipal de Vereadores, baixou determinações, como o uso formal de trajes nas sessões legislativas, vigente até hoje.

Livros sobre Carlos Bezerra: 

MANFREDO VIANA
Patrono da cadeira nº 13 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA). Itapecuru-Mirim, MA. Brasil.

Filho de imigrante branco, Português com uma ex-escrava chamada Raimunda Póvoas Viana.

Nasceu em 25 de setembro de 1891. Apesar de ter nascido em São Luís/MA, Manfredo Viana passou sua primeira infância na Vila de Guimarães, localizada numa área que, em 1758, pertencia à fazenda Guarapiranga, doada à Coroa de Portugal por José Bruno de Barros, transformada em município pela Lei Nº 885, de 23 de fevereiro de 1920. Voltou para São Luís ainda menino (conta um seus netos).

Estudou em escolas públicas na capital. Seus pais o internaram em um Seminário para seguir formação religiosa, o qual lhe rendeu conhecimentos além da língua portuguesa, também aprendeu o inglês, francês, espanhol e latim, tornando-se um exímio poliglota. Dominava o Aramaico, uma língua semítica da Síria, que chegou a ser universal, mas que atualmente só é falada em algumas zonas dessa região. Aproveitou para aperfeiçoar sua oratória, mas sem vocação para ser padre, deixou o Seminário em 1910

Poeta, passou a frequentar com muita habilidade as agremiações literárias de São Luís que nesse período estava em alta

Em 1913, prestou concurso para carteiro de segunda classe, ao mesmo tempo em que lecionava como professor temporário em escolas particulares. Em 1914, Manfredo Viana entrou para Escola Literária Gonçalves Dias, tornando-se orador oficial dessa Instituição (Pacotilha, 18/10/1914)

É nesse cenário que acontece a união conjugal entre Manfredo Viana e Adalgisa Nogueira da Cruz, professora de família abastarda descendentes de escravos libertos. Ela itapecuruense oriunda do povoado Oiteiro dos Nogueiras, família tradicional dos Bento Nogueiras. Este fato aconteceu em janeiro de 1915.

Ainda no início do ano de 1915, o casal foi enviado pelo Governo do Estado como professores para a Escola Mista de Barreirinhas, na cidade de Barreirinhas, Ma. Terminado o contrato, mudou-se para o Município de Coroatá com um novo contrato.

Em 1918, por meio de Portaria, emitida pelo Governador da época, Antônio Brício de Araújo, Manfredo Viana é novamente transferido, desta vez, para Itapecuru Mirim para dirigir uma escola para homens. (O Jornal, 27/2/1918)

Manfredo Viana contribui com a importante Revista Maranhense como colaborador correspondente por meio da agência da revista Literária de Itapecuru Mirim, a qual ele é o dirigente. Revista que chegou a ocupar o terceiro lugar em distribuição, perdendo apenas para as agências do Anil e da cidade de Grajaú. (Pacotilha, 11/5/1920)

Por determinação do Governo, retorna a Barreirinhas em 1921, dessa vez por um período bem menor. Volta a Itapecuru Mirim dessa vez, à disposição do governo municipal trabalhando juntamente com a professora Zulmira Fonseca. Em 1926, Manfredo volta à cidade de Guimarães, dessa vez com professor, transferido pelo governo do estado para a localidade chamada Cedral. Lá fica por seis anos.

Pelo Diário Oficial de 3 de agosto de 1933, Manfredo Viana retorna a Itapecuru Mirim nesse ano. Nesse período contribui com o Jornal Correio do Nordeste, de propriedade do itapecuruense Zuzu Nahuz, como colaborador.

Em Itapecuru Mirim foi nomeado como Funcionário Público Municipal, com a Formação profissional de Professor de Matemática, Português, Geografia, lecionando por 31 anos, passando pelos povoados de Outeiro dos Nogueiras, Cantanhede (cidade desde de 24/09/1952) e Areias (hoje povoado do município de Santa Rita).

Teve importante contribuição quando do SURGIMENTO DO ENSINO em Itapecuru-Mirim.

O ensino surgiu no município, entre o final século XIX ao início do século XX, por meio de escolas particulares, pelos professores Severo Castelo Branco, Thiago Ribeiro, Mariana Luz, Manfredo Viana, Almerinda Araújo, Zumira Fonseca, Professor Newton Neves, João Rodrigues.

Manfredo Viana fundou a Escola Santo Expedito, dirigida por sua esposa Adalgisa Nogueira Viana, que segundo Buzar, em seu livro “No Tempo de Abdala era assim”, relatou: “é a melhor escola de alfabetização em matéria de ensino da época, seguida pelo Instituto Rio Branco (escola de ensino primário), sob a direção do renomado Professor Newton Nogueira Neves”.

Por ser Cronista de jornal, por volta de 1960, entre 07 de maio de 10 de junho deu uma entrevista para o Correio do Nordeste (SIOGE, Ma), e colaborou com políticos do município escrevendo Discursos e orientando-os em suas oratórias.

Manfredo Viana foi aposentado em 1950, pela Lei nº 72 de 11/10/1950.

Manfredo Viana indiscutivelmente foi um importante professor: enérgico, respeitado e admirado por sua genialidade e intelectualidade, pois criava inúmeras álgebras e outros sistemas matemáticos que nunca chegou ao conhecimento público. Era muito respeitado também pela forma de como ensinava e disciplinava seus alunos, tendo reconhecimento notório no cenário educacional do Estado do Maranhão e do município de Itapecuru Mirim.

Da união entre Manfredo Viana e Adalgisa Nogueira da Cruz nasceram sete filhos: Conceição de Maria (Concita), Robispierre, Expedito, Maria José (Zezé), Ribamar, Aurino e Donatila, e residiram na AV Brasil, hoje propriedade, residência e loja de Dona Zezé e atualmente funciona um ponto chamado Mister Sheik.

Manfredo Viana Faleceu em 29 de março de 1969 – (AOS 78 ANOS DE IDADE) em Itapecuru Mirim.

Manfredo Viana, o homem.

Era um homem muito ligado a família, e emotivo que costumava exagerar nos seus cuidados e às vezes sufocava as pessoas que amava. Tanto no seio familiar como nas amizades, quando, se magoado, procurava se recolher para dentro de si mesmo. Mas era um homem bastante sensato e tinha bom senso. Apesar das conveniências não gostava de solidão, e nem de ser preso a um único ideal. Respeitava sua família e seus amigos. Tinha muita energia e por isso estava sempre ocupado com alguma coisa. Vivenciou o Protestantismo, Espiritismo, foi Marçon, Católico e devoto de Santo Expedito (Santo Expedito, segundo a tradição, era armênico, não se conhecendo o local de seu nascimento, mas parece provável que tenha sido em Metilene, localidade onde sofreu o martírio. 19 de abril é o dia do Santo Expedito).

Chegou a fazer vários vestibulares da época, chegou a iniciar o curso de Farmácia, mas não se formou em nenhum.

Manfredo Viana. Um homem disciplinado, prático, leal, confiável, gostava do seu trabalho de ser professor. Era muito eficiente.

“Confiança e lealdade são o que se pode esperar da pessoa cuja personalidade não admite superficialidade e covardia. Muito produtivo e eficiente, faz de sua bandeira a prudência e a disciplina. Com os pés no chão, não se deixava levar por nada que se mostrasse leviano ou propostas sedutoras demais. Pontual e responsável com seus compromissos, demonstrava sempre uma grande estabilidade, fator que o fazia respeitável por aqueles que o conheciam”. 

Não deixava nada por acabar, por isso muitas vezes era considerado uma pessoa conservadora. Mas, sua sobriedade não o permitia ser extravagante, preferindo sempre um estilo mais clássico até no se vestir. 

Emblemático. Driblou preconceitos. Possuía uma lucidez incomum, especialmente no que se referia julgar o mundo e as pessoas. Homem de poucas palavras, sempre procurava falas certas e no momento oportuno. O problema é que às vezes se desligava das coisas materiais, parecia não viver com os pés no chão, e desligava sua atenção com uma rapidez incrível.  Às vezes isso dava a impressão de não estar nem aí para o que acontecia à sua volta, o que não era verdade.

Liberdade era uma coisa muito importante para Manfredo Viana e, por esta razão preferia resolver sozinho seus problemas, sem pedir ajuda ou conselhos a quem quer que fosse. Não gostava nem de dar, nem de receber ordens. 

Misticismo.

Origem do nome Manfredo:

TEUTÔNICO  – Pertencente ao povo Germânico procedente da região do Elba (que junto com os cimbros, invadiu a Gália por volta de120 a.C. no mesmo período foi derrotado pelo exercito romano nas proximidades doAquae Sextiae), Alemão. (Enciclopédia Barsa Universal)

O significado do nome Manfredo: “AQUELE QUE DESEJA A PAZ”.

Origem do nome Viana: LATIM

Significado de Viana: VARIANTE ORTOGRÁFICA DE DIANA.

Uma curiosidade:

Com essa língua “o aramaico”, costumava escrever cartas para sua esposa que era também professora e dava aulas no Leite, município de Itapecuru-Mirim.

Contam seus familiares que uma vez Manfredo pediu que Abdala Buzar, ainda rapazote, que entregasse uma de suas cartas para sua esposa Adalgisa, que trabalhava no Leite, município de Itapecuru. Como ele conhecia a curiosidade do mesmo, escreveu em aramaico. Abdala então antes de entregar a tal carta, tentou ler o conteúdo. Mas para sua surpresa, não entendeu nada. Ao encontrar Manfredo, retrucou: Que língua é essa com tu escreve em tuas cartas? 

Manfredo sorriu e lhe respondeu: Sabia que tu ias procurar ler. Por isso usei essa estratégia. Assim não sabes do que trato com minha amada.

E, os dois caíram na gargalhada.

Escrita por Assenção Pessoa. Membro da Academia Itapecuruense de Ciência, Letras e Artes – AICLA, ocupante da cadeira de nº 13.  

REFERÊNCIA:

SANTANA, Jucey Santana. Itapecuruenses Notáveis, 2016.
http://lagusa-ita-ma.blogspot.com

Depoimentos de filhos, netos e sobrinhos de Manfredo Viana

Discurso de Posse de Itaan de Jesus Pastor Santos como membro da AICLA e elogio ao seu patrono, Luís Gonzaga Bandeira de Melo

Exmo. Sr. Francisco Inaldo Lima Lisboa, M.D. Presidente da Academia Itapecurense de Ciências, Letras e Artes, autoridades aqui presentes, meus familiares, amigos e demais convidados presentes a essa solenidade. De início quero dividir esse meu discurso com os nobres colegas que, como eu, tomam posse, nesse momento, como os mais novos acadêmicos dessa academia. Nessa saudação inicial agradeço imensamente as palavras a mim dirigidas pela acadêmica Maria Assenção Lopes Pessoa, minha prima e amiga, com quem convivi e aprendi a respeitar desde a nossa primeira infância.

Neste momento em que sou investido na condição de acadêmico o meu júbilo é grandioso tanto pela própria condição de estar no meu município de origem, quanto por poder representar, de forma direta, o ilustre Luís Gonzaga Bandeira de Melo, patrono da cadeira número 14, a qual passo a conduzir a partir de agora.

Chego aqui pela minha condição de itapecuruense, nascido na comunidade quilombola de Oiteiro dos Nogueiras, e morador durante tão poucos anos na casa 262, da rua Santo Antonio, antes de seguir para São Luís, onde D. Loimar, minha mãe, decidiu assumir o sonho do seu marido, Edson, de dar um título de “doutor” a cada um dos seus quatro filhos. Mantive-me, pois, equidistante da terra onde nasci durante boa parte da minha vida, participando, apenas parcialmente, da vida dos amigos e dos parentes tanto nas vindas periódicas à nossa cidade quando da infância e da adolescência, ou em momentos pontuais, já na condição de professor da Universidade Estadual do Maranhão, nas viagens de pesquisas e nas atividades de extensão.

Durante todo esse tempo em que a AICLA passou a existir não me vi acadêmico, pois a minha verve literária foi sendo substituída, paulatinamente, pelo viés científico e, mesmo entendendo que a academia itapecuruense era também de ciências não me sentia pronto para abarcar as outras áreas do conhecimento incluídas no seu âmbito terminológico, ainda que a ciência possa perfeitamente estar contida dentro de uma acepção mais ampla conduzida pela filosofia que abarca tanto as letras quanto as artes.

Candidatei-me à cadeira catorze, cujo patrono é Luiz Gonzaga Bandeira de Melo. As minhas irmãs, todas nascidas antes de mim, tiveram mais tempo convivendo na nossa cidade e, conhecendo Luiz Bandeira, inclusive pela sua convivência com meu pai, ficaram muito felizes e emocionadas pela representação que eu passaria a exercer sendo eleito. Mesmo assim, não me sentia tranquilo quanto ao resultado, mesmo sabendo, ao final do período de inscrição, que não havia outro candidato inscrito a essa cadeira. Na condição de cientista cuja obra perpassa, fundamentalmente, pela questão agrária e agrícola do Estado, como fica claro na dissertação do mestrado e na tese do doutorado, não tinha certeza como seria avaliado pelos nobres acadêmicos, mesmo considerando que academias de ciências, letras e artes são, naturalmente, multifacetárias.

A minha eleição foi absolutamente generosa. Em um período onde os gritos dos divergentes nas redes sociais são tão estridentes que minimizam a ciência, as letras e as artes, e a qualidade do que é produzido se esvai liquefeita no excesso de informações, ter a condição de estar entre pessoas tão qualificadas, que representam áreas diversas e remetem às possibilidades congregatórias de dialogar sobre os temas mais representativos ao município de Itapecuru Mirim e ao Maranhão é absolutamente maravilhoso. Me imaginei, a partir de então, capaz de escrever algo bem melhor do que aquele poema ecológico nominado de “As folhas”, em que eu dizia:

As folhas que caem sobre o chão

se vão…

se perdem… ou não?

mergulham fundo… e criam

se transformam… e criam

vida nova.

Cobertura morta, incorporação, adubo.

O tempo aguarda

e novas folhas vem…

plantas que chegam e ficam

sob olhares espantados que produzem,

alimentos que saciam,

fome que esquece.

É a vida.

Esse poema, feito ao acaso, não sei bem quando, talvez apenas demonstre que o caminho a ser percorrido por mim na entrada da academia encontre ecos nos próprios caminhos que trilhei antes da minha entrada na universidade quando rumava pelas esquálidas ruas do bairro da Liberdade, em São Luís, e de lá pelos espaços artísticos e culturais de São Luís. Aos treze anos, quando ainda cursava a sétima série no CEMA, da Camboa, ingressei no movimento espírita onde participei da juventude espírita no Centro Espírita “Olhar de Maria” na área da Brasília, seguindo depois para a Mocidade Espírita Ismael, que funcionava na Federação Espírita do Maranhão. Por lá virei um militante alcançando a condição de coordenador de juventude do Centro Espírita Ismael e, depois, da própria Federação.

Sendo espírita, e defendendo as principais teses da doutrina kardequiana, como a reencarnação a evolução do espírito e a existência da vida em outros mundos, me descobri religiosamente conciliador, ao conviver com tranquilidade com todas as religiões cristãs ou não cristãs, orientais e de matriz africana. Nesse sentido aporto minhas convicções às de Luís Bandeira, que, como eu, esteve por muito tempo “conversando” com Allan Kardec através das leituras das obras basilares da doutrina espírita. Eu era muito criança quando meu pai deixou o plano físico e partiu para o mundo espiritual em 1965, mas Salviana, minha irmã primeira, lembra do meu pai e da minha mãe participarem de reuniões mediúnicas juntamente com Luís Bandeira na primeira metade da década de 1960. À época as reuniões aconteciam nas casas dos médiuns ou dos simpatizantes, sendo que a dinâmica dessas atividades, além da prática mediúnica, incluía leituras de obras espíritas e orações em prol de pessoas necessitadas.

Gostaria de ter conhecido Luís Bandeira para que pudéssemos conversar sobre a importância da fantástica obra de Allan Kardec, mas também trocar confidências sobre a mediunidade de Francisco Candido Xavier, e muitas das obras de referência da doutrina espírita escritas por Emmanuel e André Luiz e psicografadas pelo próprio Chico Xavier. Lamento muito não ter tido a oportunidade de estar em 1976 em Itapecuru quando Luis Bandeira, juntamente com outros moradores conhecidos da cidade como Sixto Amorim, Graciete Cassas e João Silveira, fundou o Centro Espírita Amor e Caridade. Na oportunidade, lançou seu único livro em vida. Rosalia, romance com claro conteúdo espírita, foi escrito em homenagem à sua tia de mesmo nome que era professora e poetisa. A condição de espírita proporcionou a Luis Bandeira a possibilidade de pensar o mundo com esse olhar e, com certeza, grande parte do que escreveu e que ainda não foi publicado, transita pelo campo da doutrina kardecista como se pode perceber na primeira estrofe do poema “Onde estarei”:

Quando eu partir deste velho mundo

Depois de ter vivido estes tantos anos

Depois de ter sofrido tantos desenganos

E despertar do sonho tal vagabundo

A percorrer o infinito, quase sem destino

Onde estarei? Onde estarei, vinde dizei

Se junto a todos vós que tanto amei

Se em algum abismo de éter cristalino

Nesse sentido, seus familiares organizaram o romance “Doutrina, Corolário da Fé” caracteristicamente espírita. E estão preparando, também, “Deus, o Homem e o Diabo”, além de um livro de poesias e outro de contos.

Mesmo sendo um pensador, com uma lógica espírita que lhe permitia estabelecer uma relação com o mundo intelectualmente filosófico, tinha também um pragmatismo científico que lhe levou, de forma autodidática ao estudo do direito, transformando-se em advogado provisionado, condição que demonstrava sua grande capacidade de discursar com conteúdo e defender teses com brilhantismo. Essa provisão dada pela Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Maranhão, aconteceu em 4 de julho de 1970 e lhe permitiu desenvolver um trabalho de ótima qualidade em Itapecuru Mirim.

Mesmo não sendo da área do direito gostaria de poder ter conversado com Luís Bandeira para compreender como esse pragmatismo científico colou com a filosofia espírita e se esse pragmatismo era o que lhe movia em direção ao ecumenismo religioso a ponto de se envolver nas atividades da igreja católica tanto em Itapecuru Mirim quanto em Cantanhede onde criou a festa da Cruz. Nessa perspectiva conto com apoio dos familiares, inclusive aqueles que fazem parte da AICLA, para não só entender o pensamento do patrono da cadeira que tomo posse a partir de hoje, como manter a viva a sua memória lhe fazer jus ao importante papel que teve ao longo da sua vida.

Meus caminhos artísticos e literários foram muito mais como expectador e estudioso do que como artista ou literato. Apaixonado por música e leitor voraz me descobri um cientista quando entrei na faculdade, mesmo que a literatura e as artes tenham sido sempre companheiras. Devo acrescentar o esporte como outra referência para a minha vida. Acompanho de perto não só o futebol, mas a grande maioria dos esportes. O trabalho de pesquisa e extensão feitos na universidade me mantiveram dentro das comunidades e percebo, com muita clareza, como a cultura e o esporte podem ser transformadores e tem todas as possibilidades de descobrir talentos nos lugares mais recônditos, faltando para tanto o apoio e boa vontade política. Esse viés, com certeza, Luís Bandeira seria capaz de por em prática, pois a sua vida era de extrema dedicação a educação e às artes. Foi professor em uma época em que essa profissão tinha uma respeitabilidade que ia muito além da sala de aula. Também foi diretor da escola Mariana Luz. E foi secretário de educação do nosso município em dois períodos apresentando não apenas o cumprimento do dever de um cargo, mas criando, propondo e transformando de modo a ser elogiado dentro do governo, pela câmara de vereadores e pela sociedade itapecuruense em geral. Produtivo e inspirado Luís Bandeira escreveu a letra do hino oficial de Itapecuru Mirim e, em outro momento, mostrando uma qualidade ímpar, criou a bandeira do município, ambas na década de 1970. E foi além, criando o uniforme estudantil do município. Para além de todos esses atributos ainda se envolveu com futebol amador assumindo a organização do Aimoré, time que disputava o campeonato amador do município.

Seria até um paradoxo, se depois de apresentar Luís Bandeira como um homem irrequieto, uma pessoa de “sete instrumentos”, que circulou em tantas áreas do conhecimento, eu não dissesse que ele esteve na política partidária. Sim! Eleito para vice-prefeito, assumiu a condição de prefeito por conta de um impedimento do titular João Rodrigues. Mas, da mesma forma que a inquietude lhe levaria ao posto maior do executivo itapecuruense, a seriedade e a sua estratégica visão de mundo lhe dificultava aceitar ser conduzido pelo modelo de política que sempre definiu governos, câmaras, assembleias, senado e até o judiciário brasileiro. Assim, abdicou rapidamente do emaranhado em que o executivo se distribui e desistiu de continuar na política. O filósofo Mário Sérgio Cortella considera que “temos paz de espírito quando aquilo que queremos é o que podemos e é o que queremos”.

Me sinto agora, na mesma paz de espírito que Luiz Bandeira sentiu quando abdicou do cargo de prefeito, sendo que na minha estatura atual, essa paz de espírito vem somada a uma alegria jovial de poder participar da instituição de maior referência cultural do município de Itapecuru Mirim. Dessa forma quero agradecer a todos os confrades pelos votos que me elevaram a imortalidade acadêmica com a qual pretendo contribuir para cada um dos seus aspectos científico, das letras e das artes.

Agradeço imensamente a presença dos familiares de Luis Gonzaga Bandeira de Melo, em especial aos confrades João Boaventura Bandeira de Melo e Romeu Bandeira de Melo pelo apoio na construção desse texto. E agradeço, com carinho às minhas irmãs Salviana, Amparo, Marluze e Luzinea, itapecuruenses a quem vou buscar representar dentro da academia. Com elas, sempre ao meu lado, meu cunhado Nelson. À minha esposa Viramy, e minha filha Vívian que se fazem presentes em cada momento da minha vida. Ao meu filho Yuram que ficou em São Luís por conta dos trabalhos da faculdade, e ao me filho Kirlyan, que bem distante, no Rio Grande do Sul, cuida dos novos membros da família, minha nora Rosangela e meu neto Ravi. Em especial à minha mãe, Loimar Pastor Santos, que aos 95 anos, com toda a dificuldade de mobilidade que a impediu de estar comigo nesse momento, faço todos os agradecimentos a quem me proporcionou alcançar cada um dos degraus da minha vida. Concluo com uma frase de Albert Camus, escritor, jornalista, romancista, dramaturgo e filósofo argelino: “A verdadeira generosidade para com o futuro consiste em dar tudo ao presente”.

Juvenal Nascimento de Araújo

Juvenal Nascimento de Araújo, nascido em Itapecuru Mirim em dez de novembro de mil e novecentos e cinco, filho de Josefa do Nascimento Araújo e Gonçalo de Nascimento de Araújo. Casado com Florise Fontes Coelho, tiveram sete filhos. Formado em Odontologia pela FOFMA, seguiu a carreira militar no Exército Brasileiro.
Após 25 anos de serviço militar, foi para a reserva no posto de primeiro tenente. Poeta, escritor e trovador de excelente cultura, foi membro da Academia Brasileira de Trovadores. Estudante e professor da filosofia Rosacruz, destacado por sua inteligência e conhecimento, sendo ativista e orientador.

Obras: Castalha Iluminada (1967), Luar do Maranhão (1968), Flores e Musas.
Do livro Flores e Musas, foi realizado um apanhado, em 1971, pelos filhos – para distribuição entre eles.

 

Raimundo Nonato Rodrigues de Araújo, Nascido em 1936, na cidade de Itapecuru-Mirim, numa época que a música era levado a sério e que ainda sua Família respirava a profissão artística em todos os momentos. Aos 12 anos já tocava TUBA, e vindo depois a ser o tecladista da igreja, sem falar no Acordeão, violão e diversos instrumentos de sopro.

          Em torno dos seus 20 anos animava as festas do Marista, onde também estudava e se tornou mentor da banda OS COLEGIAIS. Até chegar a maturidade musical com a banda NONATO E SEU CONJUNTO, nome no qual ficou conhecido nosso maestre. Destacou-se em todo o Brasil com suas músicas e seu talento criativo que tornava o ritmo regional em estrela nacional.

          Ainda nos anos 60 ele ingressa na Escola Técnica, que depois passou a se chamar CEFET, onde veio se aposentar. No início da década de 90, do século passado, o mesmo ainda chegou a ser meu professor de teoria musical, onde, após, muito incentivo por parte do mestre, aprendi a bater o BONA.

          Ressaltando que na mesmo Época, ele ainda tinha o seu estúdio, primeiro do Maranhão, O SONATO. Chegou a dirigir a Escola de Música de São José de Ribamar por muitos e recebendo justa homenagem, não somente nessa cidade, mas sei que em todo Brasil. Porém deixo a sua biografia ser mais bem detalhada pelo Acadêmico “ZÉ PAULO”, MEMBRO DA CADEIRA 16, DA AICLA, CUJO PATRONO É NOSSO HERÓI AQUI EXALTADO.

 

“DISCURSO DO ACADÊMICO JOSÉ PAULO LOPES SOUSA EM DEFESA DO PATRONO RAIMUNDO NONATO RODRIGUES DE ARAÚJO

          Hoje o estrelado firmamento da cultura itapecuruense se descortina novamente, trazendo os luzeiros de uma história marcada por um amor incondicional a arte, especificamente a grande arte da música, se concordarmos com a afirmação de Mozart de que “Para fazer urna obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor.” Ao visitarmos a biografia de Raimundo Nonato. Rodrigues de Araújo, o eterno maestro Nonato, somos conduzidos a uma existência totalmente perpassada por um profundo amor à música e deste sentimento elevado. Nosso homenageado semeou lições, regou talentos e como um vinhateiro que goza da uva o vinho mais saboroso da alegria, desfrutou em seus últimos anos de vida do reconhecimento público de um grande legado cultural.

 

DO NASCIMENTO AO JAZZ UNIÃO

          E foi sob a confluência de forças telúricas que habitam as plagas de Mariana Luz e Gornes de Sousa que em 14 de Fevereiro de 1936 nasceu Raimundo Nonato Rodrigues de Araújo, filho de Patrício Eugênio de Araújo e Dona Marcolina do Sacramento Rodrigues de Araújo, possuindo no espírito as vibrações artísticas de uma família de cultores da música, não poderia ser diferente que o infante Nonato demostrasse desde a mais tenra idade uma inclinação natural para a arte musical, assim sendo sua iniciação transcorreu quando este tinha onze anos de vida, seu pai Patrício Araújo foi seu primeiro professor, professor este que desconhecedor dos caminhos improváveis do destino ignorava que a criança de então seria o possuidor de uma seara fecunda de acordes e melodias.

          O grande filósofo grego Aristóteles afirmava que “A música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição”, dessa dimensão sacralizante da música Nonato retirou suas primeiras experiências públicas tendo como primeiro instrumento a ‘harmônica” foi na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores onde ele iniciou sua trajetória acompanhando o coro nas missas aos domingos. Segundo anotações pessoais que haveriam de constituir um livro não viesse a morte ceifar inesperadamente sua vida, o Maestro Nonato fala sobre seus primeiros anos como músico:

          “Com a idade de 11 anos a música despertou em meu sentimento através de urna escola de música de meu próprio pai, com três meses de aula eu já era considerado o melhor aluno de uma turma de 30 alunos e estava ajudando a ensinar seus próprios alunos. Após um ano fui convidado pelo pároco da cidade para acompanhar o coro que cantava na missa das 5 horas da manhã pois na missa das 8 horas da manhã havia um organista oficial e depois de alguns meses assumi a compromisso de participar das duas missas todos os domingos.”

          Com essas palavras imortalizadas em seus manuscritos o maestro nos revela a gênese de suas exibições públicas, sendo a música sacra um manancial de aprendizado artístico inegavelmente, estes anos de formação inicial constituíram um itinerário relevante no amadurecimento da arte de Nonato, a relação entre a música e o sagrado no ocidente remonta aos cultos órficos da Grécia antiga, e foi preservada pelo cantochão e o canto gregoriano medieval, segundo o erudito Otto Maria Carpeaux em sua obra o Livro de ouro da história da música “escondem-se nas rendidas do cantochão fragmentos dos hinos cantados nos templos gregos e dos salmos que acompanhavam o culto no Templo de Jerusalém”.

          Em consonância com esta sábia ponderação de Carpeaux podemos afirmar que a música Litúrgica católica, mais precisamente o cantochão e o canto gregoriano preservou o mistério do canto do Rei Davi, canto este que segundo a traição dos místicos cristãos é a que mais se aproxima da música celeste, decerto que na ambiência acolhedora da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, Deus sacramentou o dom de um adolescente que descobria o oceano de melodias que brotavam de sua alma, não causa estranhamento que o grande mestre do barroco protestante Johann Sebastian Bach tenha afirmado “Onde ha devotação a música, Deus está sempre por perto com sua presença generosa.”

          Todavia não era a música sacra que nosso insigne patrono estava destinado e não tardou para que este enveredasse pelos caminhos da música popular onde haveria de alcançar sua imortalidade artística, os manuscritos de Nonato nos informam sobre essa transição natural.

 

          “Após alguns anos entrei na era da música popular, isto após dedicar-me exclusivamente a música sacra. Aprendi a tocar vários instrumentos de sopro e depois fui convidado a fazer parte do “Jazz União” orquestra que animava as festas da cidade e os festejos da Igreja Matriz.”

          A participação do Maestro Nonato no grupo “JAZZ UNIÃO” representou inegavelmente um avanço em sua arte já que o grupo possuía urna ampla agenda de apresentações na cidade e nos municípios circunvizinhos, isso permitiu a Nonato obter uma experiência de trabalho que seria fundamental no futuro quando seria requisitado para apresentar-se com seu conjunto em vários lugares do Brasil, o “JAZZ UNIÃO” representou um dos maiores marcos na história cultural de Itapecuru-Mirim, tanto pela qualidade de sua musicalidade, quanto pela capacidade de agregar em seus quadros alguns dos maiores e mais capacitados músicos que a terra de Mariana Luz já possuiu, da celebre formação do grupo fizeram parte luminares como Joaquim Araújo (Clarineta); Lázaro Ribeiro (Sax-Alto); Zé Saruê (Banjo); Mundico Cardoso (Sax-Alto) dentre outros, depreende-se deste fato que o contato precoce de Nonato com uma brilhante geração de músicos exerceu papel decisivo e fundamental em sua evolução artística.

DO CONVITE DO Prof’ NEWTON NEVES A “OS COLEGIAIS”

          A conquista de novos horizontes quase sempre representa a decisão de abandonar o torrão natal, deixar a aconchego familiar, as amizades e as relações telúricas que nos unem ao lugar que nos virar nascer e lançarmo-nos aos mares da vida com a Única certeza de que queremos chegar ao porto seguro da vitória, tendo essa convicção por bússola enfrentarmos tempestade e nevoeiros, porém, quando a determinação e mais forte que as adversidades chegamos a ilha dos sonhos que acalentamos e perseguimos. Essa realidade não indiferente a Nonato que aos vinte anos deixa sua terra e parte para São Luís do Maranhão com as incertezas do jovem e as inseguranças do novo, mas com a desejo de vencer que anima o espírito dos que perseveraram, assim nos diz nosso ilustre homenageado em seus manuscritos.

“Aos vinte anos de idade fui convidado pelo professor Newton Neves para dar continuidade aos meus estudos no Colégio Marista, onde também fui organista nas missas da capela daquele colégio. La fundamos 0 primeiro grupo musical sobre a. batuta do Padre Jocí. Em 1959 fui convidado para participar do grupo ‘Os Colegiais’ que durou por um período de apenas um ano”

 

NONATO E SEU CONJUNTO

          Após essa experiência meteórica com o grupo “Os Colegiais” Nonato tornou-se mais consciente de seu talento e da necessidade de profissionalizar-se fazendo da música seu meio de vida, assim sendo depois de um curto lapso de tempo de cerca de três anos, nosso maestro reaparece na criação do grupo que lhe dana a imortalidade na história da música do Maranhão, a criação do grupo “Nonato e Seu Conjunto” configura um divisor de águas na música maranhense pela qualidade técnica, pelo repertório variado que de forma pioneira abordara temáticas folclóricas, relacionadas a religiosidade de matriz africana, enfim muito antes que o termo maranhensidade fosse forjado, a Maestro Nonato já vivenciava em sua forma Única de fazer música as potencialidade de nossa cultura popular. Ninguém melhor que o próprio idealizador e líder do consagrado grupo para se expressar sobre o assunto:

“Em 15 de Novembro do ano de 1963 foi fundado a grupo musical ‘Nonato e seu conjunto’ nome este sugerido pelo contrabaixista Usmaro. Daí passamos a animar as festas dos clubes de São Luís como o ‘Lítero’; ‘Casino Maranhense’; ‘Jaguarema’; ‘Montese’ e demais clubes de bairro de São Luís e depois passamos a animar as festas do interior do estado”

          Vê-se a partir deste depoimento que o grupo ganhou urna rápida projeção na ilha de São Luís e depois se notabilizou em todo o estado do Maranhão por ocasião do desaparecimento de nosso patrono dentre a grande repercussão na imprensa estadual e fora do Maranhão, muitos músicos e agentes culturais se pronunciaram sobre a importância do Maestro Nonato, entretanto um dos depoimentos que melhor sintetizaram o pioneirismo do mestre e de seu célebre conjunto foi o diretor musical da banda Mákina Du Tempo na edição do jornal O Estado do Maranhão de 7 de Setembro de 2010 que ao lamentar a morte de Nonato, assim se expressou “O dia de hoje e de muito pesar. A música fazia parte da vida dele. Eu distingo a música do Maranhão em dois períodos: um antes de ‘Nonato e seu conjunto’ e outro depois”.

          Essa dimensão de divisor de águas constitui um reflexo direto da forma inquieta de fazer música, forma que o levou a experimentar sem cair no experimentalismo vazio, sua musicalidade era única e original, podemos dela dizer ser personalíssimas, corno personalíssimas são as obras artísticas de todos as gênios, e nessa forma peculiar de exercer sua ada reside a dificuldade de classificar sua música que transita entre a black music, lambada, soul, música regional e outros estilos que se associam em um hibridismo rítmico que envolve e encanta aqueles que se deixam navegar pelas ondas de canções agradáveis que nos convidam a cantar, dançar e refletir.

          Como não poderia deixar de acontecer o imenso sucesso do grupo “Nonato e seu conjunto” conduziu o mesmo aos estúdios para a gravação de seu primeiro LP em julho de 1974, assim se manifesta Nonato em seus manuscritos:

 

“Em julho do ano de 1974 conseguimos gravar nosso 1º LP, através do meu amigo Cláudio Fontana, com o apoio do prefeito da época Haroldo Tavares, José Elias Azevedo, Lopes Bogéa e demais amigos que acreditaram no grupo e compraram discos por antecipação para que pudéssemos chegar até São Paulo. Depois demos continuidade nos trabalhos da gravação. Fizemos 2 discos pela ‘Copacabana’ e 3 pela ‘RCA’, onde fizemos muito sucesso, principalmente no Piauí, onde o conjunto era mais solicitado”

          Os escritos deixados pelo saudoso Maestro a que tivemos acesso por iniciativa de seu filho Emídio Eugênio Motta Andrade se encerram com o trecho acima citado, entretanto as peculiaridades do sucesso vivenciado pelo grupo são conhecidas de todos que se dedicam ao estudo da história da música popular maranhense no século XX.

          O sucesso obtido pelo grupo “Nonato e seu Conjunto” só foi superado muitos anos depois pelo grupo Tribo de Jah, “Nonato e seu Conjunto” obteve a vendagem de 220 mil cópias de seus 5 LPs, o grupo extinguiu-se definitivamente no ano de 1984, por razões que o próprio maestro evitava comentar, sempre que questionado dos motivos que levaram a extinção do grupo ele preferia não se pronunciar.

          Dedicado aos estudos e inquieto no desbravamento de novas horizontes no universo da música Nonato aproveitou a período de sucesso do grupo para aprofundar seus conhecimentos, concluindo na banda de fuzileiros navais do Rio de Janeiro o curso de regência musical, onde trabalhou com o maestro João Carlos pai da cantara Alcione Nazaré.

 

PRODUTOR MUSICAL E INCENTIVADOR DE TALENTOS

          Quando o grupo “Nonato e seu conjunto” desapareceu em 1984, a Maestro Nonato inicia um novo período em sua trajetória profissional tão relevante quanta o anterior, a estruturação do primeiro estúdio de gravação do Maranhão responsável pela revelação de grandes nomes da música maranhense.

          Nonato foi um grande incentivador de talentos dentre os muitos que receberam seu incentivo e com ele gravaram então as seguintes: Tdeu de Obatalá, Rosa Reis, Tribo de Jah, Geovane Papine, Raynon Junior, Banda Tropical, César Nascimento, Alberta Sampaio, Boi Barrica, Gabriel Melônio, dentre muitos outras. A consolidação do estúdio “SONATO DISCOS” constituiu um reflexo direto do prestígio de que: a Maestro Nonato gozava no universo musical maranhense, considerado um mestre no mais nobre e dignificante sentido que este vocábulo traduz, teve em vida a respeito que poucas artistas conseguem obter pelos méritos da qualidade de seu trabalha.

 

A ARTE EDUCAÇÃO E AS HOMENAGENS 

          Um dos aspectos mais relevantes do legado cultural do Maestro Nonato foi seu papel coma arte-educador em uma época na qual este conceito inexistia ou não era difundido como vemos atualmente, como professor de música e maestro no Centro Federal de Educação e Tecnologia (CEFET-MA) atualmente Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFMA-MA).

          Dezenas de músicos profissionais que compõem a cenário atual da cultura maranhense foram discípulos de nosso homenageado, receberam dele suas primeiras lições, seus primeiros rudimentos e sábios ensinamentos da arte musical.

          No transcurso de seus Últimos anos de vida a Maestro Nonato recebeu diversas homenagens dignificantes em reconhecimento aos relevantíssimos serviços prestadas a cultura do estado do Maranhão, as matérias jornalísticas que compõem em o acervo de referências ao seu trabalho e ampla na imprensa estadual ou fora do estado, dentre as muitas manifestações de reconheci mérito podemos ressaltar o Prêmio Universidade FM de 2009; condecoração com a medalha do mérito Timbira; título de cidadão de São Luís, em Maio de 2008 torna-se o primeiro diretor da recém criada Escola Municipal de Música do município de São José de Ribamar que em Novembro de 2010 portanto cerca de dois meses após sua morte tem seu nome modificado para Escola Municipal de Música Maestro Nonato.

O DESAPARECIMENTO DE LIMA ESTRELA

          A tarde de 6 de setembro de 2010 constituiu uma data de entretecimento profundo para os cenários culturais maranhenses, particularmente a Itapecuru-Mirim representou o entenebreci mento do brilho fulgurante de uma estrela de raro esplendor cuja luz orgulha a todos aqueles que se devotam ao cultivo da arte.

          Não resistindo a um edema agudo de pulmão que o levou a urna insuficiência respiratória durante exame de rotina realizado no Hospital Prócárdio em São Luís, morre o Maestro Nonato aos 74 anos, não respondendo aos procedimentos de reanimação por possuir sérios problemas cardíacos.

          Segundo matéria publicada no jornal O Estado do Maranhão, um dia após seu falecimento Maestro Raimundo Nonato Rodrigues de Araújo “era casado com Tereza Mendes e deixou seis filhos Fabiano, do segundo casamento e Emídio Eugenio; Marcelo Henrique; Ana Tereza; Ana Paula e Fernando Henrique do primeiro casamento”.

          Resta-nos fazermos uma reflexão sobre o porvir de um homem que dedicara toda urna, existência ao aperfeiçoamento de um dom recebido diretamente das mãos de Deus. Resta-nos deixarmo-nos embalar nas asas das coisas sublimes para pensarmos onde está estrela foi brilhar e é no início de sua trajetória existencial de cultor da música que vamos encontrar indicações que nos indicam o caminho, afinal não foi louvando aquele que é digno de toda honra, Glória e louvor que nosso maestro iniciou seus passos na arte de Orpheu?

          Portanto não é difícil declararmos sem medo de errar que o Maestro Nonato está regendo um coral de anjos que incessantemente enaltecem o criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, imaginemos com os olhos da sensibilidade poética nosso maestro em seu piano improvisando canções de júbilo em um coral regido por Bach.

          É lá que nosso ilustre homenageado está fazendo o que sempre fez: Música. E não é difícil vê-lo ao lado de Mozart, Tom Jobim, Beethoven e o Pixinguinha de quem tanto gostava, ele que foi um gênio permanecerá pela eternidade ao lado dos gênios e a imortalidade de que goza além túmulo haverá de gozar em seu torrão natal, torrão que tanto amou e por tantas vezes provou seu amor como foi quando da criação da Escola de Música Joaquim Araújo, que inexistiria sem seu esforço denodado, e a imortalidade a que faço referência e o patronato da cadeira número 16, com esse ato tardio porém digno Itapecuru-Mirim presta a reverência que deveria ter prestado em vida ao seu ilustre filho.

          Neste rincão agraciado pelas musas onde o rio da música como um rio fecundo a correr para o oceano sempre trouxe em sua orbita urna constelação de talentos, a biografia de Raimundo Nonato Rodrigues de Araújo simboliza um referencial para os jovens e as crianças, o referencial de alguém que devotou seu existir a arte e perseguiu seus sonhos com afinco, bravura e ousadia. Maestro Nonato, orgulho de sua terra! Gloria de seu povo! Exemplo a ser seguido e urna vida a ser sempre lembrada.

 

Muito obrigado.”

 

               Infelizmente, nosso maestro não está mais entre nós, o mesmo expirou em 6 de setembro de 2010, aos 74 anos, por conta de um Edema Pulmonar. Deixou 7 filhos e 8 netos, naquela data. Seu corpo foi enterrado no Cemitério do Vinhais em São Luís, em 7 de setembro do mesmo ano.

          Abaixo deixo algumas recordações de seu legado.

 

Júnior Lopes

Venho enaltecer esse destacado sacerdote católico que cultivou em sua jornada nesta dimensão terrena o humanismo em todo o seu sentido e extensão, pois, reconheceu o valor do homem em sua totalidade. Com sabedoria, soube conciliar os ensinamentos do reino de Deus com a promoção de ações com vistas a uma vida boa neste reino de crianças, de mulheres e de homens. Percebeu a importância de harmonizar a fé e a razão em busca da verdade plena sobre si mesmo e os seus irmãos em Cristo. Praticou com perseverança o modo de vida que consiste em estar neste mundo com os outros. A sua perspicaz visão de comunidade e de futuro possibilitou que exercesse liderança efetiva nos destinos do município de Itapecuru-Mirim por duas décadas (1950-1960). Para tanto, operou, com talento nato, os mecanismos institucionais daquela época a fim de impulsionar a atuação da sua Igreja e dotar a cidade de melhores condições para o desenvolvimento econômico e social. Nesse sentido, seus feitos podem ser identificados em muitas frentes, tais como na pastoral religiosa, na educação, na assistência social, na infraestrutura, na economia local e na organização dos trabalhadores.

O trabalho como pároco da Igreja de Nossa Senhora das Dores era intenso e contemplou múltiplas realizações. Dentre tantas, as seguintes merecem ser lembradas. A incorporação das quatro festas religiosas anuais (São Benedito, Santa Cruz, Nossa Senhora das Dores e Divino Espírito Santo) ao calendário litúrgico da paroquia, agora sob liderança dele, e com o apoio de famílias ilustres da cidade. A concretização de duas grandes “Santas Missões” (1955 e 1962). A instalação da casa das freiras originárias da congregação “irmãs Josefinas”. A adaptação dos rituais de celebração das missas e demais sacramentos às novas orientações eclesiásticas do Concílio Vaticano II. A elaboração do novo hino de Nossa Senhora das Dores. A formação de grupos de oração e catequese, tais como, o apostolado da oração, a confraria de São Vicente de Paulo, a irmandade de Nossa Senhora das Dores, as zeladoras do Coração de Jesus, as zeladoras de São José e as associadas filhas de Maria. E, por fim, as “desobrigas”, que se constituíam em visitas pastorais periódicas às comunidades rurais da área de abrangência do município de Itapecuru-Mirim, de onde brotaram histórias de sacrifícios e bravuras no interesse da evangelização cristã do povo mais humilde.

No âmbito da educação, grande fascínio do vigário, três iniciativas valem ser pontuadas. O movimento de alfabetização que ocorria na própria sede da Casa Paroquial formando dezenas de crianças e adultos. A estruturação da Escola Paroquial São Vicente de Paula destinada basicamente aos alunos do hoje ensino fundamental (formal). A viabilização da vinda do projeto “Ginásio Bandeirantes” para Itapecuru-Mirim, que contou com forte articulação sua junto ao Governo do Estado no final da década de 1960.

A parceria da Paroquia de Itapecuru com a Cáritas Brasileira (organismo da CNBB), capitaneada pelo pároco, ensejou a inclusão do município no programa norte-americano “Aliança para o Progresso”, cuja missão era a doação de alimentos à população carente de toda a América Latina. Certamente, este pode ter sido o primeiro grande projeto de assistência social capaz de beneficiar centenas de crianças necessitadas dessa localidade.

A preocupação do Cônego Albino Campos foi muito além das questões espirituais e sociais e alcançou a economia local. E nesse campo, agia com visão política e almejava o progresso material de toda a comunidade. Teve papel decisivo para tornar realidade algumas demandas da população à época: a instalação da agência do Banco do Brasil com a primeira gerência a cargo de funcionários filhos da terra; a fundação da cooperativa industrial e agrícola de Itapecuru a fim de fazer funcionar uma usina de álcool extraído da mandioca; a construção da estrada vicinal ligando a sede do município ao povoado Tingidor de sorte a facilitar o escoamento da produção agrícola e pecuária da zona rural; a obtenção de um novo gerador, perante as autoridades do Estado, visando aumentar a oferta de energia elétrica para a cidade; a doação de terreno pertencente à Igreja para a implantação da agencia dos correios e, por fim; a formação de lideranças rurais para o bom desempenho das suas tarefas e a dinamização do setor primário da economia.

Quando se diz que o religioso agiu com visão política, convém explicar essa afirmação mediante a interpretação do conjunto das suas ações à luz do pensamento filosófico de Hannah Arendt ((1906-1975) quando estabelece a natureza e a finalidade da atividade política, que não está circunscrita apenas à esfera estatal.  O significado da política, na perspectiva de Arendt, sugere a preocupação fundamental com a existência, a sobrevivência e o bem-estar do ser humano em sociedade. Eis o que a autora afirma a respeito.

A política é absolutamente necessária à vida humana, não apenas da sociedade, como do indivíduo também […] Como o homem não é autossuficiente, mas é dependente de outros para sua existência, são necessários provimentos que afetam a vida de todos e sem os quais a vida comum seria impossível […] Deve-se entender a política como exclusivamente ocupada do que é absolutamente necessário para que os homens vivam em comunidade […] A preocupação da política contemporânea é com a existência nua e crua de todos nós […] Considera-se que a tarefa, a finalidade última, da política é salvaguardar a vida em seu sentido mais amplo; assegurar para a maioria a vida, o sustento e um mínimo de felicidade […] A política é uma necessidade, que deve, portanto, justificar-se em termos dos seus fins […] A questão do sentido atual da política, porém, diz respeito à adequação ou inadequação dos meios públicos de força utilizados para tais fins […] O objetivo do governo, em cujo campo de atividade se aloca a política daqui em diante, é proteger a livre produtividade da sociedade e a segurança do indivíduo em sua vida privada. (ARENDT, 2006)[1].

Esse perfil, de líder religioso e comunitário, reflete, a meu sentir, a índole de benfeitor do Cônego José Albino Campos Filho, nascido em São Vicente de Ferrer, baixada ocidental maranhense, em 04 de fevereiro de 1922, filho de José Albino Campos e Maria Sodré Campos. Realiza o ensino fundamental em sua terra natal e segue para São Luís (MA) onde conclui Humanidades (1941), Filosofia (1943) e Teologia (1944), todos no Seminário Santo Antônio. Ordena-se sacerdote em 8 de dezembro de 1947, na Catedral Metropolitana de São Luís, tendo celebrado sua primeira missa na Igreja de Santo Antônio, em dezembro de 1947, e, como era de praxe, celebra, também, a primeira missa em sua cidade berço, no dia 1º de janeiro de 1948, na Igreja-matriz de São Vicente de Ferrer, sob os olhares de amigos e familiares. Após algumas experiências pastorais em outras localidades e instituições, é designado pároco da Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Itapecuru-Mirim, e assim permanece de 12 de dezembro de 1950 até seu falecimento, em 24 de janeiro de 1970, aos 47 anos, que ocorre em São Luís, por motivo de doença. O corpo do Cônego José Albino Campos Filho jaz na mesma Igreja-matriz onde, em vida, exerceu obstinado a sua função de presbítero por quase vinte anos.

Decorridos mais de cinquenta anos do falecimento, a imagem de líder religioso e comunitário desse sacerdote católico continua viva na memória da cidade e muitas das sementes plantadas (e conquistas obtidas) por ele ainda geram frutos e perduram por aí expressando a sua importância e inegável contribuição para o progresso de Itapecuru-Mirim.

Pela abrangência de seu trabalho, a figura admirável do Cônego José Albino Campos Filho merece ser reforçada neste evento, assim como elogiada a escolha dele como patrono da Cadeira nº 17 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Arte (AICLA), que tenho a honra de ocupar a partir de agora.

Obrigado a todas as confreiras e a todos os confrades pela oportunidade deste momento e, especialmente, pela minha eleição para ocupar a Cadeira nº 17 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA).

[1] ARENDT, Hannah. O que é política? Editoria de Ursula Ludz. Prefácio de Kurt Sontheimer. Tradução de Reinaldo Guarany. 6. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

 

O ILUSTRE EDUCADOR JOÃO DA SILVA RODRIGUES

Foi advogado, jornalista, político e professor, nascido em Cantanhede, na época distrito de Itapecuru Mirim em 24 de junho de 1901. Fez o científico no Liceu Maranhense e ingressou na Faculdade de Farmácia onde cursou até o segundo ano. Interrompeu os estudos por ter sido convocado pelo Exército Brasileiro, chegando a Segundo Sargento, tendo sido condecorado por bravura pela participação na Revolução Paulista de 1932.

JOÃO RODRIGUES, O JORNALISTA

Ainda na mocidade, entre os anos de 1919 e 1921, já atuava nos meios jornalísticos e literários como correspondente de revistas e jornais em Itapecuru e Cantanhede. Em dezembro de 1935 fundou o jornal “A Gazeta”. Foi perseguido pela censura na ditadura de Getúlio Vargas, por ser um órgão noticioso e independente, foi obrigado a fechar em 1939.

Em dezembro de 1946 começa a circular o novo jornal de João Rodrigues, o “Trabalhista”, que circulou até o ano de 1952, quando ele assumiu a Prefeitura de Itapecuru Mirim, em seu primeiro mandato. Como jornalista sério, até os seus oposicionista o admiravam.

JOÃO RODRIGUES, O POLÍTICO

Foi político atuante contra a ditadura e desmandos do Estado Novo, de Getúlio Vargas. Foi eleito vereador em 1947, tendo enfrentado árdua luta contra a oposição. Em 1950 renunciou ao mandato de vereador para recandidatar-se à Prefeitura, tendo Luís Bandeira de Melo como seu vice, contra a chapa de Felício cassas e Paulo Guilherme Rodrigues. Saiu vitorioso em 3 de outubro de 1950, mas não tomou posse, porque o candidato derrotado conseguiu impetrar um mandato de segurança, alegando fraude nas eleições, depois de uma luta de um ano e nove meses, com eleições suplementares, foi confirmado o favoritismo depois de penosa batalha judicial, tomou posse em 16 de outubro de 1952.

Administrou Itapecuru Mirim em duas gestões: de 1952 a 1956 e de 1966 a 1970 com relevantes serviços prestados ao município.

Como prefeito, construiu as Praças da Santa Cruz e Gonçalves Dias. Construiu ou reformou muitos Colégios na Zona rural e urbana, como a Escola modelo Mariana luz, (1968) e o Clube das Mães (1968). Idealizou um Plano Diretor de Urbanização e Embelezamento da cidade; construiu estradas e grande número de pontes e ruas.

Foi chefe de gabinete na Gestão de Abdala Buzar, em 1961, tendo como bandeira, a defesa da educação e da cultura de Itapecuru Mirim.

JOÃO RODRIGUES, O EDUCADOR

A educação era a sua paixão, na condição de prefeito municipal, em dois mandatos, priorizou, entre outras coisas, a educação.

Em 1935 assumiu a direção do Instituto Rio Branco, fundado pelo professor Newton Neves. O Instituto funcionou até o ano de 1948, já combalido por dificuldade de ordem financeira, em face de perdido a ajuda do Estado.

Ao ser empossado, o professor João Rodrigues, levou consigo o seu precioso acervo literário. Trinta e quatro dias depois da sua posse em 20 de novembro de 1952, sancionou a Lei Municipal nº 52, que criou a Biblioteca Municipal Henriques Leal, que funcionava em uma sala da prefeitura e tendo a sua esposa Lenice Serra Rodrigues assumindo a função de guardiã do espaço.

João Rodrigues convocou os antigos músicos, Joaquim Araújo, Feliciano Lopes e o padre Albino, para organizar o Hino da cidade, que estava completamente esquecido. O pedido foi atendido.

Para melhor administrar e assistir as escolas, o prefeito criou a Secretaria Municipal de Educação, nomeando como a primeira Secretária Municipal de Educação de Itapecuru Mirim a professora (sua ex-aluna) Teresinha Bandeira de Melo.

Em 1968, iniciou a campanha das Escolas João de Barro, antes mesmo do Governo do Estado, com construções pioneiras em Moreira e Companhia.

Em 1969, inaugurou a escola municipal Mariana Luz, agrupando quatro escolas em moderno edifício.

Segundo Dona santinha, diretora do Gomes de Sousa, na época, quando faltava professor na escola, ele ia dar aula no lugar do faltoso, mesmo sendo prefeito. Achava prioridade a Educação.

JOÃO RODRIGUES E A FAMÍLIA

Casou-se em 10 de março de 1931, em Cantanhede, com Alice Brenha Rodrigues com quem teve os seguintes filhos: Maria de Galileia, Wagner, Antonio Olívio, Marlene, Ieda, Florise, Florinda, Raimunda Nonata, Carlos Magno e Elza Maria.

Ficando viúvo, casou-se com Dona Maria Lenice, tendo tido dois filhos: Carlos Alberto e Maria Elza.

Seus filhos em sua maioria seguiram seus passos, na educação. Para citar dois, o professor Antônio Olívio Rodrigues, que nome a uma importante avenida nesta cidade, que era poliglota, falava várias línguas e era um renomado professor. Porém morreu muito novo, a professora Maria Galileia a primeira normalista de Itapecuru Mirim, ajudou na construção da Escola Paroquial e na instalação do Colégio Pitágoras de São Luís.

João Rodrigues era modesto e simples por índole. Completamente avesso a ostentações. Lembra-lo é ter sempre em mente padrões de honestidade e honradez.

Faleceu em 4 de Dezembro de 1973.

Antônio Olívio Rodrigues

Dediquei-me nos últimos dias a pesquisar e escrever sobre um notável intelectual itapecuruense. Refiro-me a Antônio Olívio Brenha Rodrigues, patrono da Cadeira nº 19 desta frutuosa Academia de Ciências, Letras e Artes.

Para a minha sorte, encontrei um caminho bem trilhado por Jucey Santana, que já havia feito uma aprofundada pesquisa biográfica a respeito desse precoce e talentoso itapecuruense. Tendo publicado essa referida pesquisa em seu blog, em 12 de novembro de 2015 e posteriormente no seu significativo livro “Itapecuruenses Notáveis”, em 2016.  

Antônio Olívio Brenha Rodrigues, assim como este que aqui vos fala, nasceu em Cantanhede, na época distrito de Itapecuru Mirim, no dia 2 de julho de 1935.   Filho de Alice Brenha Rodrigues e do professor, advogado, político e jornalista João da Silva Rodrigues.

            Igualmente como seu pai, Antônio Olívio dedicou-se ao magistério desde muito jovem. Tendo lecionado em diversas escolas de Itapecuru Mirim. Sendo bastante relevante na produção e socialização de conhecimentos, especialmente literatura, na qual a poesia era a sua expressão predileta.

Tido por seus contemporâneos como uma singularidade intelectual, também demonstrou competência no campo político/administrativo contribuindo com seu pai na gestão municipal da cidade de Itapecuru Mirim.

 Conforme os registros e relatos que obtivemos, Antônio Olívio era poliglota. Estudou e aprendeu 7 idiomas, dentre os quais o francês, o inglês, o espanhol, o alemão e o russo. Aprendia por meio de cursos via rádio e também por correspondência. A forma principal utilizada para aprimorar o seu domínio em línguas estrangeiras era ouvindo rádios desses países. Uma das suas rádios prediletas era a BBC de Londres. O seu sonho era tornar-se diplomata.

Dotado de grande inteligência, foi aprovado no vestibular em São Luís. Porém, alguns obstáculos, principalmente de ordem financeira o impediram de cursar a faculdade.  Isso não o impediu de demonstrar o seu conhecimento, dedicando-se a difundir as letras como professor e como jornalista no jornal Trabalhista, fundado por seu pai em 1946, onde trabalhava como redator.

Foi sócio fundador, diretor e orador oficial do Náutico Esporte Clube de Itapecuru Mirim, fundado em 1953. Também nesse mesmo período, trabalhou como correspondente dos Diários Associados em Itapecuru Mirim.

Exerceu o cargo de Diretor Regional do Departamento de Estradas e Rodagens (DER) em Itapecuru Mirim (Residente), de 1958 a 1960. Posteriormente foi transferido para a cidade de Codó, desempenhando a direção desse referido Departamento até 1962 e exercendo conjuntamente o oficio de professor de inglês no Ginásio Codoense.

Figura muito querida e admirada por todos os que lhe conheciam, Antônio Olívio era alegre e festeiro, adorava serestas. Era muito simples, gostava de andar de bicicleta. Era comum vê-lo na recém-inaugurada Praça Gomes de Souza. Um dos seus prazeres preferidos era pescar com os amigos.

Em 1963 foi aprovado em concurso para o Banco do Brasil. Durante as comemorações com familiares e amigos em Itapecuru Mirim, infelizmente agravou-se uma enfermidade pré-existente que o levou a falecer precocemente, em 30 de agosto de 1963, no Hospital Português em São Luís, com apenas 28 anos, vítima de Hepatite. Foi uma perda irreparável para o Maranhão e até mesmo o Brasil, pois muito ainda tinha a crescer e contribuir em diversas áreas do conhecimento.

Ouso dizer que, se Antônio Olívio Rodrigues tivesse vivido no século XIX, hoje ele seria exaltado como os seus pares daquela época, e seu nome constaria no Pantheon da Atenas Brasileira. 

Em Itapecuru Mirim foi homenageado por seu pai, quando este exerceu o seu segundo mandato de prefeito (1966-1970), dando nome a uma escola (extinta) e a uma rua, conforme me foi relatado por Carlos Alberto Serra Rodrigues (Bebeto), irmão de Antônio Olívio. Coincidentemente ambas se justapunham no mesmo ponto. A rua começa onde existiu a escola.

A Rua Professor Antonio Olívio Rodrigues ocupa o último trecho urbano da BR 222, em Itapecuru Mirim, na saída da cidade em direção à Vargem Grande. Passando pelos bairros Piçarra, Rodoviária e DER.

A respeito da Escola Professor Antonio Olívio Rodrigues, peço licença para agregar informações extraídas de reminiscências e memórias terceiras. Esta escola nos tempos da minha infância era carinhosamente chamada de Coleginho Azul e ficava no Bairro Piçarra, onde atualmente existe um supermercado. Era um prédio pequeno em formato de caixote, todo em azul intenso e com platibanda alta escondendo o telhado.   

Era impossível alguém passar pela Escola Professor Antônio Olívio Rodrigues sem olhar para ela devido a três motivos principais: a cor, a forma e a localização, que era afastada algumas dezenas de metros do acostamento da BR, sem muro e totalmente isolada das casas vizinhas.

Em determinado ano da década de 1980, o então prefeito de Itapecuru Mirim mandou distribuir brinquedos no período natalino para as crianças pobres dos bairros daquela parte da cidade. Ansioso por aposentar o meu carrinho feito com lata de sardinha, me dirigi ansioso para a Escola Professor Antônio Olívio Rodrigues em busca de um carrinho de plástico, quem sabe na cor azul, igual à do Coleginho. Mas a quantidade de crianças era tão grande que me vi sufocado no interior daquela acanhada escola. Sabe lá Deus se não foi o próprio espirito de Antônio Olívio que me retirou daquele sufoco. Saí sem carrinho, mas vivo.

Meu irmão Antonio José teve a oportunidade de estudar no Coleginho Azul, era ensino noturno. Como ele não era muito apegado a estudos, costumava gazear aulas. Certa vez, minha mãe e minha irmã Rosa, ao passarem por lá, encontraram meu irmão sentado no acostamento da BR gazeando aula.

Após o fechamento da escola, o prédio chegou a ser utilizado pela polícia. Depois foi totalmente abandonado e demolido. Mas o intelectual que lhe emprestava o nome viverá para sempre na memória de alguns, na rua que recebe o seu nome, nos escritos de Jucey Santana, e na AICLA, que merecidamente escolheu Antônio Olívio Rodrigues como patrono da Cadeira 19, a qual humildemente assumo e pretendo honrar.

 

Muito obrigado!

20 de outubro de 2021

 Ducentésimo terceiro ano da fundação da Vila de Itapecuru Mirim.

João Carlos Pimentel Cantanhede

João Lisboa

João Francisco Lisboa  filho de João Francisco de Melo Lisboa e D. Gerardes Rita Gonçalves Nina, nasceu no dia 22 de março de 1812 em Pirapemas,  então pertencente á freguesia de Nossa Senhora das Dores de Itapecuru-Mirim.  Foi jornalista, crítico, historiador, orador e político brasileiro.

Depois do falecimento do pai, aos quatorze anos foi morar em São Luís onde trabalhou no comércio durante dois anos.  Depois passou a  dedicar-se  aos estudos  sob a orientação de  mestres, como o professor  Francisco Sotero dos Reis.

Em 1832 fundou o jornal   Brasileiro, cuja publicação interrompeu com a morte do amigo e cunhado José Cândido. Fez reviver O Farol, assumindo a sua direção durante dois anos para continuar a pregação doutrinária do seu fundador.

De 1834 a 1836, dirigiu o Echo do Norte.  Segundo Sebastião Jorge, em seu livro Os Primeiros Passos da Imprensa no Maranhão,  “das páginas do Echo do Norte  brotaram artigos famosos, que viriam consagrar João Lisboa como um dos maiores panfletários da imprensa maranhense de todos os tempos”  (JORGE, 1987)

Retirado de circulação  o Echo do Norte, João Lisboa foi trabalhar na  administração pública, durante três anos, tendo sido eleito deputado provincial por duas  legislaturas. O primeiro assento na Assembleia Provincial do Maranhão, foi por força  do Ato Adicional de agosto de 1834.

Na tribuna parlamentar e na imprensa, Lisboa defendeu princípios da liberdade e interesses do povo. Retirou-se temporariamente da política, dedicando-se à literatura.

Retomou o jornalismo, assumindo a direção da Crônica Maranhense, jornal que defendia o Partido Liberal.  Na época, João Lisboa já havia adquirido  destaque como jornalista, publicitário,  político e escritor. A Crônica circulou até dezembro de 1840.

Em 1842, retorna às lides jornalísticas, integrando-se ao corpo redacional do jornal  Publicador Maranhense.

Com a saúde abalada, em 1851, afastou-se do jornalismo, e mesmo sem o diploma de advogado, entrega-se à militância forense, com exercício na comarca de São Luís, onde militou com brilhantismo no Direito Criminal.

Em 25 de junho de 1852, fundou  o Jornal  Timon Maranhense. O periódico circulou até 1858.

Em 1855  mudou-se para o Rio de Janeiro ocasião e colaborou em dois periódicos: Jornal do Comércio e Correio Mercantil.

Foi incumbido pelo Governo Imperial de organizar, em Portugal, documentos e dados sobre  História do Brasil, onde também  pesquisou a vida do Padre Antônio Vieira, para uma biografia, que ficou inacabada.

Regressou ao Maranhão permanecendo por um período de seis meses em 1859.  Já com o estado de saúde precário voltou a Lisboa  falecendo   em 26 de abril de 1863, aos  51 anos.

Foram seus contemporâneos: Odorico Mendes, Sotero dos Reis, Joaquim Serra, Franco de Sá, Luís Carlos Cardoso Cajueiro, Sousa Andrade, Antônio Henriques Leal,  Cândido Mendes de Almeida,  César Augusto Marques e José Candido de Morais e Silva.

Casou- se em  20 de novembro de 1834, com   Violante Luísa da Cunha,  irmã de  Mariana Emília da Cunha, esposa do jornalista José Candido de Morais e Silva.  O casal não teve filhos. 

Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, foi membro correspondente da Real Academia de Ciências de Lisboa, patrono de  cadeiras nas seguintes Academias de Letras:  Academia Brasileira de Letras,  Academia Maranhense de Letras e  Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes.

Obras de João  Lisboa

Jornal de Timon. 2 vols. (1852-54);

−  Obras de João Francisco Lisboa,  por Antônio Henriques Leal. 4 vols. (1864-1865).

− Vida do Padre Antônio Vieira (inacabada). 5 edição. 1891;  

− Crônica maranhense, 1969; Crônica política do Império (Jornal de Timon), 1984.

Fonte: Jucey Santos

BIOGRAFIA

FELICIANO CARLOS DA COSTA LOPES

PATRONO DA CADEIRA 21 – AICLA

 

            Ao final do Século XIX, em uma comunidade quilombola de Campo de Pombinhas, nasce FELICIANO CARLOS DA COSTA LOPES. Em meio a um mundo de transformações e de sonhos de uma nova era. A libertação dos escravos já havia ocorrido, mas sem integração e diálogo para com os Negros e às pessoas carentes de um modo geral, os mesmos ficaram isolados e rejeitados pela elite do Coronelismo.

            Não havia negros no alto escalão da sociedade. Tinha que existir os primeiros a se destacarem em meio de nossa cidade que ainda vivia como se ainda deveria haver escravizados.

            O mesmo é descendente dos escravizados do fazendeiro português ANTÔNIO LOPES DA CUNHA, que deixou todas as terras da FAZENDA CANTANHEDE para os seus escravizados, que receberam alforria plena com a morte de Antônio Lopes, pois o mesmo não tinha filhos biológicos, e seus pais já haviam morrido, e como o mesmo havia vindo de Portugal ainda criança, não possuía mais nenhum vínculo com sua terra de origem. E pelo maneira como descreve em seu testamento, o Sesmeeiro Português tinha um bom relacionamento com seus servos. Em nossa história essa fazenda deu origem a cidade de Cantanhede.

            O primeiro documento oficial de FELICIANO data de 08 de Novembro de 1912 – Página 6 – Secão 1, é o DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, que dá nomeação a patentes do Exército Brasileiro, o que nos leva a crer que o mesmo já tinha mais de 18 anos nessa época, nos dando a entender que o mesmo nasceu entre 1888 e 1894, e mostra nosso herói recebendo a nomeação de ALFERES do 310º BATALHÃO DE INFANTARIA. Certamente correspondia ao Batalhão de nossa cidade. Grandes nomes de nossa história aparecem nesse documento, do qual transcrevo a seguir.

 

            DOU 08/11/1912, Pág 6, Seção 1

310º BATALHÃO DE INFANTARIA

Estado-maior – Tenente-Coronel Comandante, JOSÉ NOGUEIRA DA CRUZ;

Major Fiscal, JOAQUIM FERREIRA LIMA;

Capitão ajudante, BENEDICTO MARTINS MOREIRA;

Tenente secretário, ANTÔNIO FELIX BORGES;

Tenente quartel-mestre, GOETH THEOPHILO DE MACEDO;

Capitão cirurgião, JANUÁRIO CORDEIRO MENDES;

1º Companhia – Capitão, FRANCISCO XAVIER CARNEIRO FILHO;

Tenente, RAYMUNDO TINOCO NETTO;

Alferes, EPIPHANIO CARNEIRO DA CUNHA e JOÃO GONÇALVES PERES;

2º Companhia – Capitão, FRANCISCO FERREIRA APOLLIANO;

Tenente, JOSÉ LOPES DE MACEDO;

Alferes, FELICIANO CARLOS DA COSTA LOPES e SABINO SAUL DA SILVA;

3º Companhia – Capitão, MIGUEL FRANCISCO CARNEIRO;

Tenente, GUSTAVO MANCIO DE OLIVEIRA ARAUJO;

Alferes, JOSÉ CARNEIRO DA CUNHA e CASSIANO DE MORAES REGO;

4º Compainha – Capitão, JOAQUIM TEIXEIRA DE SAMPAIO;

Tenente, MARTINIANO OLAVO DE ARAUJO;

Alferes, RAYMUNDO CARNEIRO DA CUNHA e FELIPPE SANTIAGO DE OLIVEIRA.

            Seguindo a mesma linha, o DOU de 13 de Setembro de 1916, Seção 1, página 6, mostra mais uma vez a Feliciano recebendo uma nova nomeação, dessa vez de Tenente, o qual transcrevo abaixo.

DOU 13/09/1916, Pág 6, Seção 1

ESTADO DO MARANIIÃO

Comarca de Itapicuru-mirim            21° brigada de cavalaria

Estado-maior—Capitães assistentes, Anesio Aranha e José Augusto Lemos ;

Capitães ajudantes de ordens, Hercilio Patrício do Lago e Hermínio Raymundo Mendes;

Major cirurgião, José Antonio Pereira e Souza.

41° regimento de cavallaria:

Estado-maior – Tenente-coronel commandante, Raymundo Maia de Carvalho Junior;

Tenente quartel-mestre, Ignacio Ferreira Appoliano.

1° esquadrão – Tenentes, José Manoel Vieira e Raymundo Eugenio da Silva ;

Alferes, Higino Manoel Rodrigues e Francisco Garcia Nogueira.

2° esquadrãoTenentes, Gustavo Manço de Oliveira Araujo e Feliciano Carlos da Costa Lopes;

Alferes, Joaquim IIenriques de Araujo e João Garcia Nogueira.

3° esquadrão – Capitão, Francisco IIenriques Marinho;

Tenente, Pedro Raymundo Mendes Filho;

Alferes, Hilton Pinto.

4° esquadrão – Capitão, Arnaldo Costa;

Tenentes, Nestor Ferreira e José Lazaro Barroso;

Alferes, Alexandre da Silva Guimarães.

42° regimento de cavallaria

Estado-maior – Tenente-coronel comandante, Raymundo Anuo de Souza;

Capitão ajudante, Luiz Goega Barros;

Tenente secretario, Vinicio Lazaro Vianna.

Tenente quartel-mestre, Adelino Alves da Silva

Capitão cirurgião, Luiz Felippe de Azeredo;

Alferes veterinário, Joaquim dos Santos Nogueira.

1° esquadrão — Capitão, Genésio Clemente Nogueira ;

Tenente, Zacharias Alves da Silva e Eduardo Ferreira Firmo;

e Alferes, Antonio Manoel de Oliveira Filho Felomeno Crespiano Pereira do Couto.

2° esquadrão — Tenentes, José Mendes de Souza e Cassiano de Moraes Rego;

Alferes, Manoel Alves Linhares e Abdon Lopes de Almeida.

3° esquadrão— Capitão, Manoel da Cunha Freitas;

Tenentes, Marcellino Diogenes Nogueira e Felippe Sant’Ago de filiveira ;

Alfares, Alexandiino José Corrêa e Raymundo Faustino Cia Luz.

4º esquadrão — Capitão, Francisco Manoel Ferreira ;

Tenentes, João Bispo Mendes e Symphronio Rodrigues de Souza ;

Alferes, Raymundo dos Anjos Nascimento e Eleuterio Conrado da Cruz.

 

            Em 1914, temos a famosa foto histórica de uma das primeiras bandas marciais de Itapecuru-Mirim, chamada A DESPERTADORA, cujo maestro era SEBASTIÃO PINTO, onde vemos a imagem de FELICIANO CARLOS DA COSTA LOPES tocando uma TUBA. Após alguns anos dessa imagem, temos o mesmo como MAESTRO dessa famosa banda que irradiava com todo seu esplendor em meados do Século XX, animando e emocionando toda a nossa cidade. Abaixo mostramos a foto de SEBASTIÃO PINTO e da gloriosa banda DESPERTADORA ITAPECURUENSE

            FELICIANO CARLOS DA COSTA LOPES, era um nome muito popular nos jornais de época. Podemos fazer algumas menções, que podem ser facilmente encontrados em nossa HEMEROTECA NACIONAL. A saber:

  1. O JORNAL (MA) ANO 1916 – EDIÇÃO 370 – segunda-feira 14/fevereiro/1916

“ AS SECRETARIAS

JUSTIÇA E SEGURANÇA

Foram Nomeados os cidadãos MARTINIANO OLAVO DE ARAÚJO, FELICIANO CARLOS DA COSTA LOPES e FRANCISCO HENRIQUE MARINHO para, respectivamente, exercerem os cargos de 1º, 2º e 3º suplentes do delegado de polícia do Município de Itapecuru-Mirim…”

 

  1. PACOTILHA (MA) ANO 1919 – EDIÇÃO 279 – quarta-feira 26/novembro/1919

Mas refere de um ato de 29 de outubro de 1919

“ Itapecuru-Mirim

A bordo do vapor RIO BRANCO regressaram da Capital do Estado a esta localidade, onde residem,  os Exmos. Snrs Dr. Raul Lins e Silva e Cel. Joaquim Nogueira da Cruz, este prestimoso chefe da política dominante e aquele admirado e íntegro magistrado desta comarca, uma das glórias e honra da magistratura maranhense.

Do caos até as casas de suas residências foram S.S. Exos.  Acompanhados pela banda DESPERTADORA ITAPECURUENSE…

Fez se representar o IPIRANGA FOOTBALL CLUB que tem como seu presidente de honra o Dr. Raul Lins e como efectivo o Cel Joaquim Nogueira da Cruz.

E, assim, mais uma vez, do alto da imprensa apresentamos aos nossos ilustres amigos a nossas homenagens.

Itapecuru-Mirim, 31 de Outubro de 1919.

Bento Nogueira da Cruz, Anisio Duarte e Silva, Padre Joaquim Dourado, Padre João Possidônio, …

Julião Paulo Rodrigues, Feliciano Carlos da Costa Lopes, Manoel Simão do Rosário Lopes…”

 

  1. DIARIO DE SÃO LUIZ (MA) ANO 1924 – EDIÇÃO 79
  2. O COMBATE (MA) ANO 1930 – EDIÇÃO 1643
  3. O IMPARCIAL (MA) ANO 1932 – EDIÇÃO 3057
  4. A NOITE (RJ) ANO 1945 – EDIÇÃO 11962

            Em meados do século XX, chegar a ser Tenente do Exército Brasileiro, e receber por várias vezes a nomeação de Suplente de Delegado, e ainda por cima torna-se MAESTRO DE RENOME, então você não vai se assustar se te afirmar que ele ainda se tornou VEREADOR de nossa cidade. Encontrei na Câmara Municipal livros de Atas das décadas de 40 e 50 do século XX, revelando mais uma face de nosso PATRONO. Os registros confirmam o Livro de nosso Confrade BUZAR, que já havia revelado que Feliciano foi autor de leis importantes como A CRIAÇÃO DE FILAS NO MERCADO PÚBLICO e 15 DE SETEMBRO, DIA DA PADROEIRA DA CIDADE, NOSSA E finalmente encontramos outros registros nos cartórios de imóveis de nossa cidade. Em alguns momentos acrescentei os descendentes, ao qual grifei de verde. É a prova de que o Maestro Feliciano era descende direto dos escravos de ANTÔNIO LOPES DA CUNHA.

            Os mais velhos dizem que FELICIANO andava em um cavalo branco, e que o mesmo andava sempre alinhado, e muitas vezes vestido todo de branco, daí vinha um alto respeito à sua pessoa, que acabou recebendo o apelido de O BARÃO.

Conforme livro nº 3C – do Cartório do 1º Ofício de Itapecuru-Mirim:

TRANSCRIÇÃO DAS TRANSMISSÕES – Páginas 23 e 24

 

  • Número de Ordem: 118
  • Data: 17/11/1936
  • Circumscripção: Itapecuru-Mirim
  • Denominação ou rua e n.: Posse de Terra
  • Característicos e confrontações: Uma posse de terra própria na fazenda Cantanhede, ribeira de Itapecuru
  • Nome, domicílio e profissão adquirente: ABAIXO PÓS ESCRITO
  • Nome, domicílio profissão transmittente: Antônio Lopes da Cunha, falecido, antigo morador da fazenda Cantanhede, deste município e termos.
  • TÍTULO: Testamento público aprovado e registrado no livro de testamento e codicilo no cartório do 2º ofício deste termo.
  • Forma do título, data e serventuário: Translado de testamento em que o legatário ANTÔNIO LOPES DA CUNHA lavrou a referida posse aos seus escravos, compreendendo os seus descendentes
  • Valor do contrato: de acordo com o talão da coletoria estadual nesta cidade apresentaram juntamente com o traslado de testamento, está a mesma posse de terra lançada, sendo o seu valor 200$ duzentos encil de reis.
  • Condições do contrato: posse de uso frutos
  • AVERBAÇÕES: –

 

PÓS ESCRITO:

01: SELVA LOPES

02: CELINA LOPES

03: IRÍAS LOPES

04: ALEXANDRINA LOPES

05: LUDUGERIA LOPES

06: MARTA LOPES

07: JULIANA LOPES

08: IZABEL LOPES

09: FRANCISCA LOPES

10: BALBINA LOPES

11: JULIANA LOPES

12: IGNÊS LOPES

13: MARCOLLINA FERREIRA LOPES E SEU ESPOSO JOSÉ JOÃO FERREIRA

         IRMÃ DE FELICIANO LOPES CASADA COM O LÍDER DA FELIPA

         MÃE DE LUÍS DA FELIPA.

14: JOÃO EVANGELISTA LOPES

15: INGRACIA FRUTUOSO LOPES

16: JOANA LOPES E ESPOSO JOSE FERREIRA

17: MAURÍCIO JANUÁRIO LOPES

18: GERTRUDES LOPES

19: RAY(DO) SILVESTRE LOPES

20: SALUSTIANO DE MELLO LOPES E MULHER LUCIA MACIANA DE MELLO

21: IZIDORA LOPES

22: DOMICIANA FERREIRA LOPES E ESPOSO FAUSTINO FERREIRA LEITE

23: PULQUÉRIO B. MACHADO LOPES

24: CRISPIM LOPES DOS ANJOS

25: MARIA QUINTINA LOPES

26: GEMINIANO MARQUES E MULHER IZABEL CABRAL MARQUES

27: FELICIANO CARLOS DA COSTA LOPES

28: DOMINGOS ANGELO LOPES E SUA MULHER IRENIA CECILIA LOPES

29: VICTOR ABRAÃO LOPES E MULHER ELISIA DA SILVA LOPES

30: BENEDITO MANUEL LOPES E MULHER ROMANA CALPERTINA DO REY LOPES

31: GRACILIANO MANUEL LOPES E ESPOSA CECÍLIA LOPES

32: ALEXANDRINO LOPES E ESPOSA CATHARINA LOPES

        2.32.1 – MARCOLINA CREUSA PEREIRA (CARLOS SANTOS/ZÉ BALBINO)

                     3.32.1 – NAÍDE LOPES (Velhinha da Vila Palmeira)

                                   4.32.1 – ELIANA SAMPAIO LOPES

                                   4.32.2 – EDINAR LOPES (NEGA LOPES)

                                                   5.32.1 – LAYSLA LOPES SAMPAIO

                                   4.32.3 – ELINE LOPES SAMPAIO

                                   4.32.4 – ELIENE LOPES SAMPAIO

                                   4.32.5 – CARLOS EDVAN LOPES SAMPAIO

                                   4.32.6 – JOSÉ FILHO SAMPAIO LOPES

                                   4.32.7 – EDSON SAMPAIO

                     3.32.2 – MARIA LUZIA LOPES (LURDE)

                                   4.32.1 – NEDIR LOPES (Miranda do Norte)

                                   4.32.2 – ÉDINA LOPES (Bairro Liberdade)

                                   4.32.3 – EDVAN LOPES (Falecido)

33: IZIDORO LOPES DE ALMEIDA

34: ALTANNASIA ALMEIDA LOPES

35: JOÃO DA CRUZ COSTA

36: IZIGNIEL NAZARETH LOPES

37: RICARDO LOPES DA CUNHA

38: GERMANO LOPES

39: ANTÔNIO CALINO E ESPOSA MARIA LOPES

40: MAXIMIANO LOPES

41: JORGE COSTA LOPES

42: MARIA SALOMÉ LOPES

43: IZIDORO MARTINS LOPES

44: SATURNINO LOPES (SATU LORO GRANDE)

         2.44.1 EULEOTÉRIA LOPES

                    3.44.1 PAULA LOPES

                               4.44.1 MARIA JOSÉ LOPES (MARIA JOSÉ PRETA)

                               4.44.2 MARGARIDA LOPES

                               4.44.3 SIMPLÍCIO LOPES

                                          5.44.1 RAIMUNDO NONATO LOPES (PROF. NATO LOPES)

                                                     6.44.1 TEREZA CRISTINA SILVA LOPES

                                                     6.44.2 RAIMUNDO NONATO LOPES JÚNIOR (JUNIOR LOPEZ)

 

45: BALBINO NAZARETH LOPES

46: EUZEBIO LOPES

47: BOAVENTURA LOPES

48: THOMOTIO LOPES

49: VIRGILIO LOPES

50: AGUIDA NAZARETH LOPES

51: EDVALDO COSTA LOPES

52: ZACARIAS

53: HUGO LOPES

54: ROBERTO LOPES

55: VICTOR LOPES

56: HONORIO LOPES

57: CLODOALDO CANTANHEDE

1.58: CASTORINA DE MELLO LOPES

59: BERNARDINA LOPES

60: RAY(DO) GERMANO LOPES

61: IGNÁCIO LOPES

62: RAY(DO) MARTINS LOPES

63: MARTINHA M. LOPES

64: JOÃO BAPTISTA DE MELLO LOPES E ESPOSA SEBASTIANA ROSA LOPES

65: BOAVENTURA MIRANDA LOPES

66: SIDINHA LOPES

67: THOMAZ DE MELLO LOPES

68: CAMILLO LOPES

69: HOZANÃ PEREIRA LOPES E ESPOSA ANTONIA LOPES

70: PAULO        

71: MARIA LOPES

            O segundo registro, é na verdade o fechamento de uma indenização a esses herdeiros e descendentes das terras de Cantanhede, quando a mesma se oficializa como cidade.

        Houve a finalização do processo de inventário datado de 30 de dezembro de 1958, dando o favor de indenização para o negros Lopes, descendentes dos escravos de Antônio Lopes da Cunha. Essa nova lista aparece mudanças de nomes, em relação ao registro de 1936, dado pelo cartório de primeiro ofício de Itapecuru-Mirim, pois muitos já haviam morrido, dando lugar a sua descendência.

            CERTIDÃO DE INVENTÁRIO CARTÓRIO DO SEGUNDO OFÍCIO DE ITAPECURU-MIRIM

data: 15/01/1959

            Graciete de Jesus Coêlho Cassas, na época, escrivã vitalícia do Cartório de Segundo Ofício do termo sede da comarca de Itapecuru-Mirim, certifica os herdeiros que já se foram e descreve seus respectivos herdeiros e, ao final os nomes daqueles que ainda estavam vivos. A saber:

 

  • IZABEL LOPES

1º. Amacia Lopes

2º. Raimundo Silvestre Lopes

3º. Clementina Lopes

4º. Beneventura Lopes

5º. Aguida Lopes

 

  • EUZÉBIO LOPES

6º. Ernestina Lopes

7º. Joana Lopes

8º. Maria Lopes

9º. Vitor Lopes

10º. Benedito Manoel Lopes

 

  • IZIDORO DE ALMEIDA LOPES

11º. Atanazio de Almeida Lopes

               12º. Blandina Lopes Santos

  • RAIMUNDO GERMANO LOPES

13º. Maria do Nascimento Lopes

 

  • BALBINA LOPES

14º. Crispim dos Angelos Lopes

15º. Francisca dos Angelos Lopes

16º. Sabina dos Angelos Lopes

 

  • DOMINGOS ANGELOS LOPES

17º. Pedro Novaes Lopes

18º. Apolinário Bispo Lopes

19º. Rita Helena Lopes

20º. José de Ribamar Lopes

21º. Libanio Zacarias Lopes

22º. Manoel Zacarias Lopes

 

  • CASTORINA DE MELO LOPES

23º. Guadina de Melo Lopes

24º. Izidio Melo Lopes

25º. Severino de Melo Lopes

26º. Bernardina de Melo Lopes

27º. Braulina de Melo Lopes

28º. Marina de Melo Lopes

 

  • MARIA QUINTINA LOPES

29º. Germano Marques Lopes

30º. Zeferina Marques Lopes

31º. Alvina Marques Lopes

 

  • JULIANA LOPES

32º. Vita Lopes

33º Eleoteria Lopes

 

  • OZANÃ PEREIRA

34º. Lucio Pereira Lopes

35º. Silverio Pereira Lopes

36º. Almerinda Pereira Lopes

37º. Lazaro Pereira Lopes

38º. Melquiades Pereira Lopes

39º. Francisco Pereira Lopes

 

  • RAIMUNDO MARTINS LOPES

40º. Severino Lopes

41º. Lucio Lopes

42º. Antonio Lopes

43º. Cristina Lopes

44º. Domingos Lopes

 

  • IGNACIO LOPES

45º. Justino Lopes

46º. José Lopes

47º. Maria Lopes

 

  • MAURÍCIO JANUARIO LOPES

48º. Romana Lopes

 

  • FRANCISCO NAZARÉ LOPES

49º. Eduardo Lopes

 

 

  • HORÁCIO LOPES DA CUNHA

50º. Olímpio Lopes

51º. Paula Lopes

52º. Emília Lopes

 

  • BALBINO NAZARÉ LOPES

53º. Nazaré Lopes

54º. Geracina Nazaré Lopes

55º. Eduvirgens Nazaré Lopes

56º. Francisca Nazaré Lopes

57º. Marcelino Nazaré Lopes

58º. Raimundo Nazaré Lopes

59º. Euzébia Nazaré Lopes

 

  • MARIA SALOMÉ LOPES

60º. Joventina Salomé Lopes

61º. Francisca Salomé Lopes

62º. Satiro Salomé Lopes

63º. Fortunato Salomé Lopes

64º. Inez Salomé Lopes

65º. Martinho Salomé Lopes

66º. Maria Patocina Salomé Lopes

 

  • ENGRACIA FRUTUOSO LOPES

67º. Gabriel Lopes

68º. Antúcia Lopes

 

  • IRIAS LOPES

69º. Roberto Lopes

 

  • ZEFERINA LOPES

70º. Engrácia Calista Lopes

71º. Apolinário Marques Lopes

 

  • MARIA LOPES

72º. Inêz Lopes

 

  • MAXIMIANO LOPES

73º. Melquiades Lopes

74º. Firmina Lopes

75º. Graciliana Lopes

76º. Damião Lopes

77º. Raimundo Reis Lopes

78º. Alvino Lopes

 

  • PULQUERIO BISPO MACHADO LOPES

79º. Simião Machado Lopes

80º. Raimunda Machado Lopes

81º. Izidio Machado Lopes

82º. Ponciano Machado Lopes

83º. Joana Machado Lopes

 

  • JULIANA LOPES

84º. Martinha Lopes

 

  • RAIMUNDA LOPES

85º. Martinha Lopes

 

  • LUDIGERA LOPES

86º. Joana Lopes

  • BERNARDINA LOPES

87º. Boaventura Lopes

88º. Alcidia Lopes

 

  • CATARINA LOPES

89º. Alexandre Lopes (Viúvo)

90º. Sabina Lopes

91º. Alzira Lopes

92º. Marcelina Lopes

93º. Rosina Lopes

 

  • MARTINHA MARQUES LOPES

94º. Simão Tadeu Raposo (Simão Raposo Lopes)

 

  • MARIA PAULA LOPES

95º. José Veríssimo Lopes (Viúvo)

96º. Maria José Lopes

97º. Simplício Lopes

98º. Margarida Lopes

 

  • SELVA LOPES

99º. Ricardo Lopes

100º. Gertrudes Lopes

 

  • ALEXANDRINA LOPES

101º. Ernestina Lopes

102º. Joana Lopes

103º. Maria Lopes

104º. Vitor Lopes

105º. Benedito Lopes

106º. Domingo Lopes

 

               Acima os nomes dos já haviam partido na época. E abaixo transcrevo a lista dos que, na época, receberam a indenização, em vida:

 

               107º. FELICIANO CARLOS DA COSTA LOPES

               108º. TEMOTEO LOPES

               109º. VIRGÍLIO LOPES

               110º. AGUIDA NAZARÉ LOPES

               111º. JOÃO BATISTA DE MELO

               112º. BOAVENTURA MIRANDA LOPES

               113º. TOMAZ DE MELO LOPES

               114º. IZIDORA LOPES

              115º. SALUSTIANO DE MELO LOPES

               116º. JOÃO EVANGELISTA LOPES

               117º. MARCOLINA FERREIRA LOPES

               Há ainda outros registros que para esse primeiro momento não achamos necessário.

            Espero que esse pequeno compêndio histórico venha ajudar muitos a entenderam o grande exemplo que esse homem deixou.  FELICIANO CARLOS DA COSTA LOPES, meu patrno da cadeira 21.

            JÚNIOR LOPES

CADEIRA 21 DA AICLA

Osman Coelho

O Farmacêutico Osman dos Santos Coelho, filho de Raimundo Nonato Coelho e Maria Demétria Santos Coelho, nasceu em  09 de fevereiro de 1928 em Itapecuru Mirim.

Ozanan como era conhecido, foi seminarista. No seminário aprendeu vários saberes das áreas de linguagem e ciência. Formou-se em Oficial de Farmácia e exerceu a profissão de farmacêutico na cidade de Itapecuru Mirim, prestando relevantes serviços à saúde da população mais carente assim como de professor de francês, latim e português, auxiliou os educadores Leonel Amorim, Natinho Ferraz, Padre Albino e outros na Fundação da Escola de Regentes Educacionais Leonel Amorim onde lecionou de forma  voluntaria.

Católico praticante foi grande colaborador da Paróquia Nossa Senhora das Dores, especialmente do amigo, Cônego José Albino Campos que soube conciliar a fé com o empreendedorismo em nosso município.  Faleceu em 05 de fevereiro 1988 na referida cidade.

É patrono da cadeira nº  22 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes  – AICLA.

Fonte: Jucey Santos

BIOGRAFIA: MARIA JOSÉ LOPES – MARIA JOSÉ PRETA – MARIA JOSÉ DE DEUS

PATRONA

CADEIRA 23

 

        Maria José Lopes, aparece na lista da segunda vitória como o de número 96º.

        Tive a felicidade de encontrar o manuscrito de sua autobiografia, guardada com carinho pela sua filha de criação, Dona Nonata. No qual transcrevo a seguir:

        “MINHA VIDA

MARIA JOSÉ LOPES MARTINS

        Filha legítima de JOSÉ VERÍSSIMO MARTINS e PAULA MARIA LOPES.

        Casaram-se em 06 de Janeiro de 1917.

        Eu nasci em 08 de Novembro de 1917, no mesmo ano e no mesmo local que eles se casaram, em Campo de Pombinhas.

        Fui batizada a 13 de Dezembro de 1918 na mesma Capela de Campo de Pombinhas, que na época pertencia a paróquia de Itapecuru-Mirim/MA.

        Lá passei minha infância naqueles campos sadios, brincando e correndo, montado cavalos, vendo bois, carneiros, bodes e pescando nos igarapés. 

         Estudava com minha mãe que era doméstica, ela foi com uma família para São Luís (capital do Maranhão) e só retornou para sua mãe quando estava com 15 anos. Como era pobre, ela voltou novamente a trabalhar e era para sua irmã, por isso sabia um pouco de tudo e isto ela me passou.

        Aprendi a ler muito bem com todas as pontuações e todas as orações.

        Quando eu tinha 10 anos, vim para casa de meu “tio” FELICIANO, que era parente nosso.

        Estive aqui em Itapecuru-Mirim, onde fiz o primeiro e segundo ano primário e depois voltei para Campo de Pombinhas. Durante esse tempo que passei aqui em itapecuru-Mirim, entre 1928 e 1930, fiz apresentações teatrais em pastorais e em comédias, pois era boa para decorar os textos, que eram necessários para as apresentações.

        Como lia muito bem e cantava as Ladainhas e os Benditos, era chamada para rezar em velórios.

        Minha mãe festejava São Sebastião todos os anos em Campo de Pombinhas, e eu tomei logo a frente para fazer estas atividades. E também fui ensinando as crianças da comunidade a ler. E, também, comecei a costurar. E tudo porque, já era eu quem ia com ou sem a minha mãe.

        Na minha terra eu já participava de todos os movimentos, festas dançantes, casamentos e batizados. Minha mãe ajudava aquelas pessoas que não tinham nada. Então fomos criados neste clima de ajudar aos que precisavam.

        Meu pai era lavrador, também vaqueiro e trabalhava no campo.

        Nós éramos 3 (três) filhos, duas mulheres e 1 (um) homem. Todos nós trabalhamos na roça e fazíamos as obrigações de casa.

        Era preciso que meus outros dois irmãos (Margarida e Simplício) também estudassem, foi o motivo que nos levou a mudarmos de vez para Itapecuru.

        Com os outros dois a despesa era grande. Comigo era pesada, avalia com mais dois.

        As minhas professoras deixaram que eu voltasse a estudar e, assim, terminei o Primário. Nessa época eu já tinha 14 para 15 anos. (1933)

        O dia que chegamos aqui foi 13 de março de 1933. Continuei costurando, ensinando e estudando. Bordava na mão, marcava colchete, fazia varanda labirinto de paredes, e rendas. Com isso eu me vestia, me calçava.

        Eu costurava para famílias de dentro da cidade e do interior. Fazia camisas para os que vendiam roupas prontas.

        Costurava para a família de Chafir Buzar e para várias casas, inclusive para a esposa de Abidala Buzar, para Maria de João Elias, Raimundo Oliveira, Maria José Abreu Silva etc..

        No interior, posso listar, povoados Saco, Jaibara, Ipiranga, Cajueiro, Morro do Burro, São João, Vaca Branca, Cantanhede e outros lugares que nem me lembro mais.

        Ao mesmo tempo que eu trabalhava, ensinava e costurava para as moças. Era casa cheia!

        Eu tinha minha escola particular, o nome era Escola São José.

        Como somos católicas, desde que fiz minha primeira comunhão, eu participava da Santa Missa diariamente e me comungava todos os dias, até hoje. Fui catequista toda minha vida dentro da igreja e fora, nos quatro cantos de nossa cidade.

        Fiz até curso catequético em São Luís do Maranhão, em Codó e até aqui mesmo passávamos semanas de estudos catequéticos.

        Até hoje tenho contato de pessoas que passaram pelas minhas mãos, no Rio, São Paulo e Brasília, tanto na costura, como no ensino, como na catequese.

        Pertenço aos apostolados Sagrado Coração de Jesus, de São José, Filha de Maria, Nossa Senhora das Dores e Legião de Maria, da qual fui uma das fundadoras. Eu, Maria José Lopes Martins, Maria Emídea e seu esposo Maninho.

        A Legião de Maria já tem 50 anos, tendo como fundador, Cônego José Albino Campos. E, em todas estas irmandades, sempre procurei cumprir meus deveres. Sempre trabalhando e costurando para me manter e nunca deixei de ir aonde o Diretor Espiritual me mandava.

        Fazia parte das romarias com os Vicentinos, e fui com eles para Anajatuba, Vargem Grande, Arari, Rosário, Chapadinha e Cantanhede.

        Mesmo com todo o trabalho que eu tinha, ainda me sobrava tempo para passear em Caxias do Maranhão, São Luís, Cantanhede e nos Interiores daqui, em minha terra.

        Em 1968, um vereador arranjou para eu ensinar pela Prefeitura Municipal. Neste tempo, a Prefeitura oferecia às pessoas a oportunidade de lecionar através dela. Mandavam procurar um estabelecimento e dessem o nome de Escola. Como eu já ensinava em minha casa, eu não precisei ir para outro local.

        Na época eu tinha 25 alunos, então eu disse a eles que não precisavam mais pagar, pois ia ficar por conta do Município. O nome da  Escola era Professor Luís Bandeira. 

        Porém eu decidi fazer assim, a tarde continuei com a Escola São José e pela manhã com a Professor Luís Bandeira.

        Quando Nonato Cassas foi prefeito, juntou a Escola Luís Bandeira com a da professora Marlene Nogueira. Eu não sabia quantos alunos tinha a de Marlene, mas a minha tinha 120 alunos. Já trabalhavam comigo duas professoras. Estas duas Escolas é hoje a Unidade Escolar João da Silva Rodrigues.

        E eu continuei com a minha Escola São José em minha casa, na rua Presidente Getúlio Vargas, número 425, onde moro até hoje, desde que chegamos aqui, desde que meus pais vieram pra cá e aqui vivo…

        Trabalhei 14 anos pelo Município. Deixei quando me aposentei. Nestes 14 anos, nunca tirei Licença e nunca recebi o que era de direito.

        Vamos falar da cidade como eu a conheci em 1928. Era pequena, tinha 8 ruas ao comprido e 8 ruas de travessa. Tinha as praças do Mercado,  da Cadeia, praça do Cemitério, da Santa Cruz, e da Igreja. A luz era de Lampião, havia 6 homens que acendiam às 6 horas da tarde e apagavam às 11 horas da noite. Primeiro era a Querosene, depois passou para Carboreto e em seguida Petromaque e, finalmente, chegou a luz elétrica.

        Os professores da época eram do estado e particular, a saber: professor Mata Roma, professor Newton Neves e professor João da Silva Rodrigues. Mariana Luz, professora Zulmira Fonseca, Dona Maria de Lourdes Coelho não eram do mesmo grupo.

        Depois foram vindas outras professoras: Dona Antonieta, dona Olga, dona Dadá, dona Sinhá Tavares e assim por diante.

        Eu estou aqui a 70 anos, vivendo na mesma rua, nunca mudei de rua. A mesma teve o nome de Beco da Perseverança, rua Caianinha e, por fim, rua Presidente Getúlio Vargas, 425, Itapecuru-Mirim/MA.

        Na minha vida, fui madrinha de muitas crianças, madrinha de batismo de crisma e de consagração, testemunha de casamento, paraninfa de formando etc.. Estes afilhados e afilhadas são as minhas alegrias. Visitam-me da maneira que podem, mas sempre com muita alegria que recebo-os.”

        Nesse mesmo caderno, há um diário que colocava não só o seu dia-a-dia, mas mensagens suas de fé e de grandes escritores brasileiros, além de escritos de gratidão de amigos e afilhados pela sua existência. Faço um capítulo à parte desses manuscritos.

        Ao final da autobiografia, há uma pequena resenha feita por sua principal filha de criação, dona Nonata, também conhecida como Nonata do Lécio:

        “Maria José Lopes, veio a falecer no dia 30 de abril de 2007, em sua residência às 6:00 horas da manhã.”

        Em sua CERTIDÃO DE BATISMO, livro n. 17, folha 49, paróquia de Nossa Senhora das Dores, cidade de Itapecuru-Mirim, diocese de São Luís, estado do Maranhão, está escrito:

        “Certifico que no dia 13 do mês de Dezembro do ano de 1918, na Matriz (Capela) de Pombinhas o Revmo. … batizou solenemente a MARIA JOSÉ, nascida a 08 do mês de Novembro de 1917, filha legítima de JOSÉ VERÍSSIMO LOPES MARTINS e PAULA MARIA LOPES MARTINS, foram padrinhos ÂNGELO GOMES e BENÍSSIMA GOMES, Itapecuru, 02 de Novembro de 1977.”

        A mesma está assinada pelo vigário Padre BENEDITO CHAVES LIMA e autenticada com o carimbo da Paróquia de Itapecuru-Mirim.

ÊXODO 2: MARIA JOSÉ LOPES MARTINS

 

        O Diário de Maria José Lopes, além de ter seus escritos e seu pensamento diário, há também um grande registro histórico de outras grandes personalidades de Itapecuru-Mirim e do Maranhão, presos no tempo e na memória de nosso povo, deixo um pouco do mesmo para degustação de nossos leitores:

O DIÁRIO DE MARIA JOSÉ LOPES

 

  1. A DOR

À querida irmã Maria José L Martins, Uma Lágrima Sentida,

da sua irmã e amiga –

A lágrima é a linguagem mais eloquente dos olhos.

Uma lágrima – gota puríssima retratando a dor

Que nos vai n’alma! A lágrima é a expressão mais fiel do Sofrimento!

A dor! – A dor é o poema sagrado que nobilita a alma,

Quando recebemo-la com paciência e fé!

A lágrima é o eco da saudade, é a companheira do amor!

Devemos enaltecer a Dor, pois esta nos abre a porta do paraíso,

Onde Jesus misericordioso nos dará a eterna Felicidade –

MGB_Em 12 de Agosto de 1945

  1. PENSAMENTO

Ao … de MJLM

São 6 horas da tarde. Horas de meditação e identidade!

O Sol envia os seus últimos raios à terra,

que se entristece na ausência do Sol.

Eu sinto dentro de mim, nesta hora suprema,

a nostalgia da Saudade!

Da saudade a uns lindos olhos

que sabem me fitar tão ternamente.

Os seus olhos têm um misterioso poder de atração,

que me faz sismar…

Esse olhar que veio iluminar minha alma

deixou-me cheia de sonhos!

Não sei porque gosto de fitar esses olhos castanhos.

Há neles crepitar de chamas ruflas

E claridades de luar.

Há fogo quando me fitam de perto

E sonho se de longe me fitam.

Olhos Luminosos como lhes quero!

Olhos fulgurantes como lhes estimo.

MGB

…”

  Os demais escritos deixarei em um outro momento.

  Maria José Lopes deixou um legado extraordinário através de seus discípulos.

Júnior Lopes

Lili Bandeira

A professora  Maria da Glória Bandeira de Melo, mais conhecida como Lili Bandeira,  nasceu a 23 de dezembro de 1907, em Itapecuru Mirim, na fazenda Laranjeiras. Filha do Coronel Boaventura Catão Bandeira de Melo Júnior,  fazendeiro,  coletor  federal  e líder político e da Senhora  Benedita Francisca  Barbosa Bandeira de Melo. 

Lili foi criada por sua tia e madrinha, Maria Regina Bandeira de Melo (Nhá Catão), na antiga Rua do Egito,  na residência que ficou conhecida como “Casa dos Catão”. Atualmente Rua Coronel Catão. .

A família  Bandeira de Melo exerceu grande influencia política  na sociedade itapecuruense na segunda metade século dezenove e início do século vinte.  Também se destacaram  como   grande referencial de inteligência e cultura, servindo de exemplo  aos jovens estudantes da época.

Alguns dos seus tios e parentes: Catão Clímaco,  comerciante e político;  Rosália Regina, professora e poetisa;  João Felipe, General do Exercito Brasileiro,  Comandante de 24° BC de São Luis; José Lúcio,  prefeito de Itapecuru Mirim e Coletor Estadual;  Raimundo Público, Desembargador e Presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão;  Manoel Caetano, advogado escritor e membro da Academia Maranhense de Letras;  Raul,  Engenheiro Militar; Horácio  e Teófilo, Médicos muitos outros ilustres itapecuruenses.

Lili Bandeira estudou com professores da terra, sendo que grande parte dos conhecimentos foram absorvidos por esforço próprio nas leituras de bons livros que foi adquirindo ao longo da vida. Ela interessou-se  pelos estudos da língua Portuguesa, Francesa, Castelhana e Latina, etc. Demostrava muito conhecimento das Sagradas Escrituras e possuía nível espiritual elevado. Relacionou 839 livros lidos.

Lili Bandeira, participou de grupo de canto da igreja Matriz e era  uma das organizadoras  dos famosos encontros recreativos   na varanda da casa dos Catão, as chamadas “tertúlias” onde os convidados, irmãos, sobrinhos e alunos,  apresentavam seus talentos como: tocar piano ou violão,  cantar, dançar,  declamar monólogos teatrais dramáticos, comédias, peças infantis  e pastorais, (Lapinha). Foi uma grande incentivadora da cultura itapecuruense.

Como poeta, deixou vários escritos literários no estilo de poesias, prosas, saudações e pensamentos, por vezes a pedidos. Charadista: construía suas charadas construtivas, educativas e divertidas para os alunos e sobrinhos decifrarem.

Caricaturista, criava charges, com mensagens humorísticas,  destacando  o jornal “O Bodoque “ com prosa matuta.

Criou a  escola de alfabetização  “São José”, com custos próprios,  para ajudar as crianças mais carentes.  Também ensinava artesanato e  bordados.  Impressionava muitas pessoas com suas exibições da cartomancia astrológica.

Exercitava sua voz em cantos na língua francesa e  castelhana e latina, a exemplo, nas grandes partituras da liturgia católica tais como; ladainhas, missas e em cantos como “Ave Maria” de GUNOT. 

Lili faleceu em 08 e março de 1974.  Abaixo relação de alguns  escritos deixado por ela: Criança, Saudação Mamãe, Saudação á Diretoria, As flores também falam,  Poesia e  O verso de Marina.

Fonte: Jucey Santos

Em carta enviada ao amigo Manuel Bandeira, o poeta Mário de Andrade escreveu: pra mim, a melhor homenagem que se pode fazer a um artista é discutir-lhe as realizações, procurar penetrar nelas e dizer francamente o que se pensa”. Intrumentista, músico, maestro, professor, alfaiate, planejador urbano, Joaquim costurou ruas e praças, alinhavando o traçado urbanístico da cidade com seu juízo estético e sensibilidade musical.

Nasce cinco anos após a proclamação da República  –  em 16 de agosto de 1894 – e 24 anos após Itapecuru ter sido elevada à categoria de cidade. O segundo filho de Francelino Eugênio de Araújo e Ana Bezerra de Araújo, irmão de Raimundo, Patrício e Martiniano, completa – na sua plenitude – o currículo escolar que a cidade oferecia: o primário completo.

Indo além das oportunidades de instrução da época, ingressa na escola de música do maestro Sebastião Pinto ainda sem saber que estava apenas seguindo um chamado. Dizem que “a música escolhe o músico”, ou segundo Ludwig Van Beethoven, compositor alemão de música clássica, “milhares de pessoas cultivam a música, poucas porém têm a revelação dessa grande arte”. Aqueles que identificam de ouvido qualquer nota musical provocam espanto até entre os músicos mais experientes. Ao observar a facilidade com que o aluno assimilava a teoria musical e aprendia os mais variados instrumentos, o professor concluíra que Joaquim era um dos agraciados com a revelação dessa arte de que fala Beethoven.

Foi como arranjador musical que Joaquim se notabilizou. O arranjafor define o que cada instrumento irá fazer em uma composição musical, compondo a partitura específica para cada instrumento.

Do casamento com Maria José da Silva Araújo nasceram os filhos Bolivar, José, Antonia e Júlio.

Católico atuante, Joaquim era membro da Irmandade dos Vicentinos da Sociedade São Vicente de Paula, e, em seu patrimônio moral, conservava as virtudes vicentinas da abnegação de si mesmo, da fraternidade, prudência cristã, do amor ao próximo, da mansidão e humildade. Sua vida de exemplar dignidade foi um grande legado deixado a todos nós. Da sua força moral perpetrada em seus atos e acurado senso de cumpridor de deveres são as nossas maiores lembranças do homem Joaquim. Ingressar nessa Academia é tornar eternos todos esses valores em mim, na condição de neta de Joaquim Henrique de Araújo.

Agradeço ao presidente da Academia Maranhense de Letras, Benedito Buzar, pela generosidade e gentileza ao presentear-me com uma rica bibliografia que auxiliou minha pesquisa. Contribuíram também com os seus depoimentos os meus pais Alzerina e Júlio Araújo, os músicos José Santana e Cléber José Rodrigues e a professora Bernardina Trindade Gonçalves.

Poderia encerrar aqui, no entanto eu estava inquieta, as palavras do Mário de Andrade ecoavam na minha cabeça: “penetrar na obra do artista”, algo ficou faltando… e o Hino de Itapecuru? O que eu teria a acrescentar sobre a história do hino que fosse original e tivesse validade histórica? Foi tomada de grande emoção que li um texto que a professora Bernardina me enviou o qual ela foi guardiã por 46 anos.

Senhoras e senhores, por acreditar que tudo na vida tem um propósito, creio que um dos motivos de estar aqui e agora é para se a porta-voz esse documento histórico que o meu avô escreveu para vocês:

 

Hino Itapecuruense

Histórico Musical

Sebastião Pinto, mestre de música, nasceu na cidade de Monção, desse Estado, e veio para esta cidade em 1908, contratado por uma Sociedade formada entre amigos para organizar a música dessa terra. Logo iniciou seus trabalhos e já em 1912 regia uma bandinha composta por 18 figuras. Em 1913 o maestro voluntariamente escreveu a melodia do hino, instrumentou a sua música, levando a que seus dirigidos ensaiassem para que fosse executada em qualquer solenidade oficial. No entanto, o hino não pode ser apresentado ao público durante a permanência do competente maestro entre nós, pois em 1922, foi levado à cidade de Codó para reger uma orquestra pertencente a uma sociedade cinematográfica de exibição.

Durante muito tempo não se falou sobre a existência do nosso hino, e foi em 1953, quando da gestão do então prefeito João da Silva Rodrigues, que o Senhor Feliciano Carlos da Costa Lopes comunicou-lhe a existência do hino. Entusiasmado e surpreso, o prefeito incumbiu-lhe a missão de procurar esta música, para que fosse executada quando da inauguração da praça Gomes de Sousa. Feliciano era um dos discípulos do mestre, disse recordar-se daquela música e foi encarregado de reconstituí-la. Ele que há muito já abandonara a música, chamou a mim, Joaquim, e pediu-me que o auxiliasse naquela tarefa. Depois de haver cantado a referida música na minha presença, tomei a deliberação de reconstituir aquele hino de meu mestre. Depois de árduo trabalho, consegui uma aparência de osquestração do que ele me havia cantado. Infelizmente a praça não foi inaugurada como pretendia o senhor prefeito; entretanto o hino foi executado na posse do Sr. Abdalla Buzar Netto, também no cargo de prefeito dessa cidade, pela orquestra local, Jazz União, que eu regia.

Até a data de 1970, no hino não existia a letra.

Aproximando-se o centenário de quando Itapecuru-Mirim passou a cidade – 21 de Julho de 1970, foi quando o professor Luiz Gonzaga Bandeira de Melo escreveu uma letra e convidou-me para vermos se conseguíamos juntar a referida letra ao hino da música de Sebastião Pinto, mas foi necessário que eu fizesse várias modificações e repetição a fim de adaptarmos a letra sem entretanto degenerar a música de meu mestre. Esse é o arranjo de Joaquim Henrique de Araújo.

O hino foi cantado pela primeira vez no dia 21 de Julho de 1970, às 10h na praça Gomes de Sousa, por um coral composto por 101 professores em homenagem ao centenário desta cidade ante a presença de autoridades civis, militares e eclesiásticas, que o aplaudiram com intensas salvas de palmas.

 

Itapecuru-Mirim, 22 de julho de 1973

 

Joaquim Henrique de Araújo

   

 

     

Acadêmico Viriato Correia – Biografia*

Terceiro ocupante da Cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, foi membro da Academia Maranhense de Letras; sendo patrono da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes e da Academia Ludovicense de Letras.

Viriato Correia (Manuel Viriato Correia Baima do Lago Filho), jornalista, contista, romancista, teatrólogo e autor de crônicas históricas e livros infanto-juvenis, nasceu em 23 de janeiro de 1884, em Pirapemas (na época distrito de Itapecuru Mirim/MA), e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 10 de abril de 1967.

Filho de Manuel Viriato Correia Baima e de Raimunda Silva Baima, ainda criança deixou a cidade natal para fazer cursos primário e secundário em São Luís do Maranhão. Começou a escrever aos 16 anos os seus primeiros contos e poesias. Concluídos os preparatórios, mudou-se para Recife, cuja Faculdade de Direito frequentou por três anos. Seus planos incluíam, porém, a radicação no Rio de Janeiro, e sob o pretexto de terminar o curso jurídico na metrópole, veio juntar-se à geração boêmia que marcou a intelectualidade brasileira no começo do século. Em 1903 saiu no Maranhão o seu primeiro livro de contos, Minaretes, marcando o aparecimento de Viriato Correa como escritor. O livro não agradou a João Ribeiro, que descarregou contra ele toda a sua crítica. Considerou afetado o título, proveniente do árabe, porque uma mesquita não tem nada em comum com contos sertanejos, que foram o tema da obra.

Por interferência de Medeiros e Albuquerque, de quem se tornara amigo, Viriato Correia obteve colocação na Gazeta de Notícias, iniciando carreira jornalística que se estenderia por longos anos e no exercício da qual seria colunista do Correio da Manhã, do Jornal do Brasil e da Folha do Dia, além de fundador do Fafazinho e de A Rua. Colaborou também em CaretaIlustração BrasileiraCosmosA Noite IlustradaPara TodosO MalhoTico-Tico. No ambiente das redações, em convívio com intelectuais expressivos como Alcindo Guanabara e João do Rio, encontraria incentivo para a expansão dos pendores literários já revelados. Muitas das suas obras de ficção consagradas em livro foram divulgadas pela primeira vez em páginas de periódicos. Assim ocorreu com os Contos do sertão, que, estampados primitivamente na Gazeta de Notícias, foram reunidos em volume e publicados em 1912, redimindo Viriato Correia do insucesso de Minaretes. Outros livros de ficção viriam depois confirmar o contista seguro, pelo justo equilíbrio entre o ritmo empolgante e a pausa tranquilizadora das descrições. Inspirava-se no cotidiano burguês ou campestre, em cenários exclusivamente brasileiros.

Obteve notoriedade no campo da narrativa histórica, ombreando-se com Paulo Setúbal, que também se dedicou ao gênero. Enquanto o escritor paulista deu preferência ao romance, Viriato Correia optou pelas historietas e crônicas, com o intuito visível de atingir o leitor comum. Escreveu no gênero mais de uma dezena de títulos, entre os quais se destacam Histórias da nossa História (1921), Brasil dos meus avós (1927) e Alcovas da História (1934). Com o objetivo de levar a História também ao público infantil, recorreu à figura do afável ancião que reunia a garotada em sua chácara para a fixação de ensinamentos escolares. As sugestivas “lições do vovô” encontram-se em livros como História do Brasil para crianças (1934) e As belas histórias da História do Brasil (1948). Deixou ainda muitas obras de ficção infantil, entre elas o romance Cazuza (1938), um dos clássicos da nossa literatura infantil, em que descreve cenas de sua meninice.

O meio teatral, que frequentou como crítico de jornal e mais tarde como professor de história do teatro, propiciou a Viriato Correia amplo domínio das técnicas dramáticas, transformando-o num dos mais festejados e fecundos autores teatrais em sua época. Escreveu perto de trinta peças, entre dramas e comédias, que focalizam ambientes sertanejos e urbanos, vinculando-o à tradição do teatro de costumes que vem de Martins Pena e França Júnior.

Foi deputado estadual no Maranhão, em 1911, e deputado federal pelo Estado do Maranhão em 1927 e 1930.

* Fonte Principal: Site da Academia Brasileira de Letras (com alterações)

Entre as efemérides que marcarão as comemorações dos 200 anos de emancipação política de Itapecuru-Mirim, destaca-se a celebração dos 190 anos de nascimento de um dos seus mais ilustres filhos, o imortal Antonio Henriques Leal, que nasceu no povoado Cacimbas, hoje pertencente ao município de Cantanhede, no dia 24 de julho de 1828 e faleceu no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1885, com 57 anos de idade.

Henriques Leal foi cognominado o Plutarco de Cantanhede, numa alusão ao filósofo, pensador, mestre do civismo e biógrafo grego que estudou na célebre Academia de Atenas, fundada por Platão, e que, mercê de seu trabalho, ocupou altos cargos públicos.

Estudou em São Luís e, posteriormente, formou-se em Medicina no Rio de Janeiro. Escritor consagrado, enveredou-se na política, tendo sido Vereador e presidente da Câmara Municipal de São Luís na legislatura de 1865 a 1866 e. na legislatura de 1866 a 1867, foi eleito para a Assembléia Provincial. Pertenceu ao Instituto Literário Maranhense, ao Gabinete Português de Leitura, ao Ateneu Maranhense e à Associação Tipográfica Maranhense.  No Rio de Janeiro tornou-se sócio correspondente do Instituto Histórico e Geoghráfico Nacional e professor do Colégio Pedro II. Em Portugal, pertenceu à Sociedade Médica de Lisboa.

Sua atividade jornalística iniciou-se em 1847, como colaborador e depois redator do jornal “O Progresso”. Depois, com Alexandrino de Carvalho Reis e Antônio Rego, fundou “A Imprensa”, tendo sido redator do “Publicador Maranhense” e assíduo colaborador no jornal “A Conciliação”. Entre os jornais literários, colaborou com “O Arquivo”, “Jornal de Instrução e Recreio”, “Semanário Maranhense” e “Revista Universal Maranhense”.       

Ao abandonara militância política, dedicou-se à literatura, tendo sido muito reverenciado como biógrafo, além de destacar-se como historiógrafo. Organizou as Obras de João Francisco Lisboa em 1864 e as Obras Póstumas de Gonçalves Dias em 1873. Sua apresentação nas obras de Gonçalves Dias, de quem era amigo pessoal, é um verdadeiro poema que merece ser lido e divulgado,

No campo da historiografia, escreveu “A Província do Maranhão” em 1862, “Apontamentos para a História dos Jesuítas no Brasil”, (2 tomos), em 1874, “Apontamentos Estatísticos da Província do Maranhão”, em 1847” História da Província do Maranhão” e “Calendário Agrícola”. Além da “Biografia de Antonio Marques Rodrigues” em 1875 e de “Lucubrações” em 1875, merece destaque a sua obra em 4 volumes “Pantheon Maranhense, entre 1873 e 1875.

Como podemos comprovar diante de tão rica e diversificada atividade cultural, Antonio Henriques Leal foi uma das luzes mais esplendorosas da Literatura Brasileira durante o Século XIX e uma das personalidades que mais enalteceram Itapecuru-Mirim. Ter esta Academia dedicado a cadeiras nº 27 para por ele ser patroneada é uma homenagem de inteira justiça e reconhecimento.

A meninice de Henriques Leal, mesmo vivida longe da sede do nosso município, no povoado Cacimbas do hoje município de Cantanhede, foi decerto marcada pelos fatos da Balaiada que a historiografia oficial, escravagista, procurava pintar com cenas de horrores, cognominando de bandidos e facínoras aqueles que lutavam e morriam pela liberdade.

Enói Simão

Enói Simão Nogueira da Cruz nasceu em Itapecuru Mirim no povoado Cantanhede, interior do Maranhão, no ano de 1908. Filha do libanês Paulo Antônio Simão com a descendente de portugueses Celina Rodrigues Simão recebeu, em regime de internato, uma sólida formação cultural no Colégio Santa Tereza, na capital maranhense.

Após os estudos, retornou à cidade natal.  Casou-se em 1934 com Raimundo Nogueira da Cruz de tradicional família itapecuruense  com o qual  teve  seis filhos.

De volta a São Luís, Enói colaborou com  vários jornais locais firmando-se como jornalista, cronista e poeta, num tempo em que o destino possível reservado à mulher era o matrimônio e a maternidade. Por isso e para proteger-se do preconceito com as raras mulheres que ousavam contrariar tal destino, como a amiga Mariana Luz, Enói adotou o nome literário de “Márcia de Queiroz”. Assim, dos anos 20 aos anos 50 assinou, com este pseudônimo, toda sua produção literária em verso e prosa. Intelectual politizada, atuante e de esquerda, transmitiu aos filhos sua paixão pelas artes, seu interesse pelas causas sociais e sua indignação contra os desmandos políticos,  no Maranhão.

Teve importante participação na campanha política em prol das Oposições Coligadas, em 1950. Concorreu ao Prêmio Cidade de São Luís, em 1957, no qual foi agraciada com uma Menção Honrosa. Dentre seus escritos, destaca-se o soneto Exaltação.

Uma das filhas de Enói, Arlete Nogueira da Cruz, tornar-se-ia, precocemente, uma grande escritora brasileira. Segundo Arlete: “Suas crônicas refletiam sobre o cotidiano da cidade e sua poesia, predominantemente de sonetos parnasianos, desvelava a alma romântica, delicada e insatisfeita de quem tinha inerente, o zelo técnico sobre a prosa e o verso, próprios do parnasianismo”. Os seus poemas foram publicados com regularidade no jornal Trabalhista, do jornalista João Rodrigues, de Itapecuru Mirim.

Em  1969, Enói Simão faleceu no Rio de Janeiro.  Autora do  livro, Poemas, organizado e publicado pela filha, Arlete, em l993, numa homenagem póstuma à mãe.

Fonte: Jucey Santos

DADOS BIOGRÁFICOS DE SALOMÃO FIQUENE, Patrono da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA, Cadeira 29, atualmente ocupada pelo economista e poeta JOSEMAR SOUSA LIMA

Dentre os numerosos migrantes libaneses que chegaram ao Brasil, nos primórdios do século passado, figuravam os irmãos ROQUE e ELIAS DARWICH FIQUENE.

Presume-se que tenham desembarcado no porto do Rio de Janeiro por volta de 1905. Após longo e cansativo roteiro, realizado em duas etapas, em que trocaram a pátria de origem por outra literalmente desconhecida, alcançaram o Maranhão, na certeza de que aqui se dariam bem, pois era esse o sentimento que os dominava, com base nas informações prestadas pelos patrícios, que os aconselharam a vir para cá.

A chegada dos irmãos FIQUENE no Maranhão, não era, portanto, uma aventura. Era um projeto de vida, que tinha como referência o vale do Itapecuru, onde as terras eram abundantes e nelas morava um povo hospitaleiro, sendo uma região promissora para quem desejava trabalhar com afinco e tenacidade.

Desembarcados no porto de São Luís partiram, no primeiro vapor, com destino à cidade de Itapecuru Mirim, sendo recebidos de braços abertos pelos patrícios, alguns já em plena prosperidade, a exemplo de Basílio Simão, o qual, segundo o professor Wady Sauáia, no livro Cenas que Ficam, “ajudava e protegia os árabes recém-chegados.

Ao contrário de outros patrícios, que começaram a ganhar dinheiro como mascates, os irmãos FIQUENE, mercê de razoável poupança trazida do Líbano, partiram para a instalação de um estabelecimento comercial de pequeno porte, na famosa Rua do Egito, a principal de Itapecuru, onde os árabes moravam e negociavam.

Bem estabelecido comercialmente, ROQUE FIQUENE, que era casado, decidiu trazer a esposa ZAFIRA, que ficara no Líbano.

O elevado grau de apreço por Itapecuru fez o casal, de comum acordo, pensar na geração de um filho.

Após nove meses de ansiedade, a 27 de outubro de 1907, para alegria e satisfação do casal libanês, nascia um menino, de parto normal, que recebeu o nome de SALOMÃO.

Nascido, batizado e criado em Itapecuru Mirim, onde passou boa parte da infância, recebeu ali o melhor que a cidade poderia lhe oferecer em matéria de instrução. As duas melhores professoras do município – ZUMIRA FONSECA e MARIANA LUZ -, foram mobilizadas para alfabetizá-lo e prepará-lo para um futuro radioso.

O garoto tinha 10 anos quando ROQUE FIQUENE e ZAFIRA, consensualmente, resolveram deixar a terra que os abrigou durante bom tempo e onde ganharam um bom dinheiro.

Para cumprir o objetivo principal de sua vinda para São Luís, ROQUE matriculou o filho no Instituto Maranhense, do professor Oscar Barros, sendo, em seguida, transferido para o Colégio São Luís Gonzaga, da provecta professora Zuleide Bogéa, onde concluiu o curso primário.

Em continuidade aos estudos, fez o curso secundário em três estabelecimentos educacionais, concluindo no Liceu Maranhense.

Em 1924, logrou aprovação no rigoroso vestibular da Faculdade de Medicina da Bahia, onde só ficou um ano. Em 1925, surgiu a excepcional oportunidade de transferir-se para a famosa Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.

Em 28 de dezembro de 1929, recebeu o diploma de médico, mas continuou no Rio de Janeiro, porque as portas do universo científico e acadêmico se abriram para ele de modo fantástico. Por meio de concursos, chegou ao Instituto Oswaldo Cruz, ao corpo docente da Universidade do Brasil, como professor de parasitologia, ao corpo médico do Exército, da Santa Casa de Misericórdia e da Policlínica do Rio de Janeiro, onde prestou inestimáveis serviços e absorveu conhecimentos valiosos, que serviram de base para despontar como profissional gabaritado. Depois de cinco anos de intensa atividade como médico e professor, resolveu acabar com a solidão que o acompanhava no Rio de Janeiro. Veio a São Luís com a finalidade explícita de contrair matrimônio com a jovem e bonita VICTÓRIA METRE, sua namorada desde os tempos de estudante secundarista.

A 28 de janeiro de 1933, uniram-se diante de Deus e da Lei. Após a solenidade nupcial retornaram para a Cidade Maravilhosa, onde ele continuaria a ensinar e receber o reconhecimento de notáveis mestres, do nível de Carlos Chagas, que não economizou  elogios ao analisar o trabalho de sua lavra “Doenças de Nicolau Fevre”, sobre o tratamento da doença pelo uso de sais de ouro.

Em 1936, por motivos estritamente particulares, foi compelido a deixar o Rio de Janeiro, vindo morar definitivamente em São Luís, na companhia da esposa VICTÓRIA e das filhas cariocas LÍLIA e LÉA.

SALOMÃO FIQUENE encontrava-se em plena atividade acadêmica, quando, por efeito da redemocratização do país, anunciaram-se as eleições para a Câmara Municipal de São Luís, marcadas para 25 de dezembro de 1947.

O Partido Social Trabalhista, fundado pelo Senador Victorino Freire, desejava eleger uma bancada expressiva de vereadores. Figuras representativas da sociedade foram convidadas para integrar a chapa do PST.

Ele aceitou o desafio, filiou-se ao PST, concorreu ao pleito e elegeu-se com expressiva votação.

Na Câmara teve um desempenho parlamentar significativo, a ponto de ser incluído na chapa do PST para disputar as eleições para a Assembléia Legislativa do Estado do Maranhão.

Ainda que bem sufragado nas urnas, especialmente em Itapecuru, sua terra natal, cujo prefeito era o primo Miguel Fiquene, não conseguiu o número suficiente de votos para se eleger, dando por encerrada sua participação na vida política estadual que, embora curta, foi proveitosa, pois conheceu outras experiências de vida e de trabalho.

Pelos títulos conquistados e pelos trabalhos apresentados, sempre voltados para a melhoria da qualidade de vida da humanidade, tornou-se membro da Academia Nacional de Medicina, da Sociedade de Medicina do Maranhão, sendo desta presidente várias vezes, do Conselho Deliberativo da Associação Médica Brasileira, do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sifilografia, da Sociedade Brasileira de Química e da Sociedade de Astronomia da França.

Por dominar fluentemente os idiomas francês, inglês, espanhol, italiano e alemão, marcou presença em numerosos simpósios e seminários nacionais e internacionais, para proferir palestras ou apresentar trabalhos de cunho médico-científico. Alguns desses trabalhos, pela importância e abrangência universal foram publicados em revistas e livros de expressão acadêmica.

Após sua aposentadoria, como professor catedrático da Universidade Federal do Maranhão, em 1973, com a relevante bagagem científica que portava, candidatou-se à Academia Maranhense de Letras.

Membro da Academia Maranhense de Letras, foi eleito em 4 de novembro de 1967 e tomou posse em  12 de março de 1968, sendo recepcionado pelo Professor Rubem Almeida, foi seu Vice-Presidente, ocupando a cadeira número 21, patroneada por Maranhão Sobrinho, fundada por Antônio Lopes e vaga com a morte de Isaac Ferreira, até poucos meses antes de falecer, onde dominou sempre com sua presença infalível, expressiva e gentil. Em 1983, publicou a sua última obra literária, “Palestinos e seus Primos Judeus”.

Em 1978, elegeu-se para o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, ocupando a Cadeira nº 24, patroneada por Antônio Enes de Almeida e desfalcada pelo falecimento de do professor José Silvestre Fernandes.

No exercício das atividades culturais, legou ao Maranhão e ao Brasil, uma vasta bibliografia, na qual despontam publicações do nível de Ao País dos Cedros Eternos, A República Árabe Unida, Aquiles Lisboa – Grande Médico do seu Tempo, Dr. Neto Guterres – Símbolo da Generosidade do seu Tempo, Caxias – O Pacificador e Palestinos e seus Primos Judeus, sua última obra literária.

Nascido na cidade maranhense de Itapecuru Mirim, em 27 de outubro de 1907, Salomão Fiquene formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, antiga Universidade do Brasil, na qual veio a ser Professor-Assistente, Doutor e Docente Livre. Especializou-se em Parasitologia, Biologia Médica, Microbiologia, Imunologia, sendo diplomado em primeiro lugar no Instituto Oswaldo Cruz (Manguinhos), do Rio de Janeiro. Foi Professor de Parasitologia em vários cursos promovidos pelo Departamento Nacional de Saúde, assim como de tomologia na hoje extinta Escola de Agronomia do Maranhão.

Foi também Professor Catedrático e Diretor da Faculdade de Farmácia e Odontologia de São Luis; Professor da Faculdade de Filosofia e Serviço Social e Diretor do Instituto Oswaldo Cruz do Maranhão, quando iniciou a fase áurea para o referido Instituto, no qual além dos serviços de rotina sanitária e clínica, passou a produzir vacinas antivariólica, antitífica e antirrábica em grande escala, fornecendo as primeiras doses para vários estados do norte e nordeste do Brasil.

Relevante notar, que a vacina antitífica era preparada através de técnica maranhense, baseada em estudos de autores russos, romenos e franceses, estudos devidamente experimentados pelo nosso conterrâneo Salomão Fiquene, que publicou suas conclusões nos Arquivos de Higiene do Departamento Nacional de Saúde.

Informado sobre a nova técnica e vantagens práticas da vacina, na época, o Professor Barros Barreto, então Diretor do Departamento Nacional da Saúde, de passagem pelo o Maranhão, deu ao nosso cientista a maior prova de confiança; mandou que o Dr. Fiquene lhe aplicasse uma injeção da vacina.

Salomão Fiquene foi, ainda, Diretor da Divisão de Serviços Técnicos Centrais do Departamento Estadual de Saúde, Tesoureiro da Fundação Paulo Ramos, membro da Comissão de Estudos da Universidade Federal do Maranhão, da qual recebeu o título de Professor Emérito. Foi membro por dois mandatos consecutivos do Conselho Estadual de Cultura. Salomão Fiquene também pertenceu à Sociedade Brasileira de Microbiologia, ao Colégio Brasileiro de Cirurgiões, à Societé Astronomique de França, à  Academia Nacional de Medicina, entre diversas outras instituições da área médica, como por exemplo, membro do Conselho Profissional de “O Médico Moderno” e do Conselho Editorial de Atualização Médica.

Autor de vasta bibliografia especializada, em livros e periódicos, Salomão Fiquene publicou em 1931, “Doenças de Nícolas Fabre”; em 1938, “Vacinação Antitífica”; em 1941, “O Problema das Disenterias no Maranhão”; em 1948, “Novo Anti…

Foram muitas e muitas gerações da área de saúde que absorveram do mestre FIQUENE, exemplos de honra, humanismo e amizade, exemplos dignificados em todos os momentos de sua vida. Resta, sem dúvida, que a sociedade atual tem com o saudoso mestre uma dívida: Ficou muito de sua vida, mas também um pouco de sua morte. De sua vida o exemplo, a extrema dedicação, a inexcedível cultura médica que pacientemente transmitiu na cadeira de Doenças Parasitárias. De sua morte, um longínquo ressentimento de saber que sua energia vital foi também gasta com toda uma geração de profissionais da saúde, em sua diuturna atividade docente.

Na época difícil da Faculdade de Medicina, Farmácia e Odontologia, quando funcionava num Grupo Escolar na Praça Gonçalves Dias, em São Luis do Maranhão, e o salário dos professores pagos pela Universidade Católica não equivalia nem ao salário de um docente de curso secundário, assim mesmo o Professor FIQUENE tinha a pontualidade britânica e transmitia conhecimentos com incomparável maestria, acompanhado com um único assistente, Lourival Castro Gomes, um a um os numerosos alunos, acariciando-os com palavras como “Meu Filho”, “Jovem” ou chamando pelo nome próprio de cada um, que ele tão sabiamente conseguia gravar, conduzindo a todos para o “Universo do Conhecimento”, entregando a cada um com sabedoria as armas verdadeiras para futuras conquistas.

Com a federalização da Universidade, novos prédios, melhores salários, estrutura e o Professor FIQUENE não alterou sua rotina de trabalho, o mesmo desvelo, a mesma eficiência, a mesma cortesia e paciência com seus alunos. Desvantagens e vantagens pecuniárias nunca o atingiram enquanto mestre, homem de ciência e sacerdote da medicina.

Em 24 de junho de 1984, vitimado por parada cardíaca, nos deixou para sempre. Estava com 77 anos, ao longo dos quais deu provas inequívocas de abnegação, honradez e dignidade, concluído mais essa viagem da qual retorna hoje em lembranças, passando a eternizar-se aqui na Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA, na condição de Patrono da Cadeira 29, e na memória de todos os seus orgulhosos conterrâneos pelo conjunto de suas obras e pelo legado de amor e dedicação à família e a causa da humanidade.

Leonel Amorim de Sousa, filho de José Amaro Neto e de Feliciana Amorim de Sousa, nasceu em Piracuruca (PI) em 7 de novembro de 1927.

Agrimensor, em 1949, a convite do agrônomo Oscar Belo, mudou-se para Chapadinha (MA) para trabalhar como demarcador de terras. Lá, conheceu a professora Maria do Rosario de Moraes Barros, com quem se casou em 31 de maio de 1950, e mudaram-se para Itapecuru Mirim (MA) no final do mesmo ano.

Com suas ideias inovadoras e a certeza de que a educação e a cultura proporcionam o desenvolvimento pessoal para os cidadãos e oportunidades de se tornarem agentes de transformação, fundou, em 15 de fevereiro de 1957, a Escola Normal Regional Gomes de Sousa, com o objetivo de formar professores para a região, homenageando, com o nome da escola, o notável matemático itapecuruense. Hoje, chama-se Colégio Leonel Amorim.

Como educador, Leonel Amorim realizou o sonho de muitas gerações da região de Itapecuru Mirim e municípios vizinhos, ao implantar o primeiro curso de ensino fundamental (na época, ginásio) e ensino médio (com o curso normal), criando um novo espaço de aprendizagem para que alunos de diversas classes sociais tivessem a oportunidade de realizar o sonho de uma vida plena por meio da educação como agentes de transformação de sua realidade e da sociedade da qual faziam parte. Para incluir a todos que dela precisassem, a escola chegou a funcionar, por determinado período, de forma gratuita e com fornecimento de uniforme aos que não tinham condições financeiras para arcar com as despesas escolares.

Seu amor pelo conhecimento e sua dedicação ao ensino levaram o professor Leonel a ministrar aulas de Psicologia, Sociologia, Química, Física e Agricultura.

Dedicou-se, também, à carreira de advogado provisionado e representou os legítimos interesses das pessoas físicas e jurídicas a ele confiadas, sempre respeitando a lei na defesa de seus clientes e amigos.

Sempre defendendo a educação e a cultura, foi eleito vereador e exerceu o mandato por três legislaturas e, graças ao seu espírito de liderança e popularidade, também presidiu a Câmara Municipal.

Sua atuação como parlamentar ético e respeitado o alçou ao cargo de vice-prefeito, no mandato de Raimundo Nonato Coelho Cassas, no período 1970 a 1973, mas veio a falecer em plena atividade política em 21 de julho de 1972, aos 44 anos, vítima de acidente automobilístico na BR 135, nas proximidades do povoado Bacabeira, na época, município de Rosário (MA), quando retornava para Itapecuru-Mirim, causando muita comoção nos familiares, amigos, clientes, no meio político e educacional.

É patrono da Cadeira nº 30 da Academia Itapecuruense de Ciências- AICLA

Romão Souza Rosa

Romão Souza Rosa, nasceu no dia 28 de fevereiro de 1947 no povoado açude no município de Bacabal – MA, filho de Manoel Souza Rosa e Carmelita Alves Angelim Rosa. Cursou no seminário Dom Bosco em Taubaté o 1º grau. Abandonou o seminário para casar-se com Perolina Lima Rosa e com a mesma teve 7 filhos. Romão, depois em 1977 Na Escola Técnica Agrícola cursou o 2º grau interno, formando-se em técnico agrícola e auxiliar de engenharia foi quando veio veio pela 1ª vez para o povoado sobradinho em Itapecuru. Em 1979 veio pra trabalhar no reflorestamento de diversas fazendas e então se identificou com o lugar. Escreveu por muito tempo e em dado momento de sua vida limitou-se às suas composições, as conservou sempre bem guardadas. Em 31 de janeiro de 1993 ele faleceu por conseqüência de um câncer renal e foi sepultado no conhecido cemitério dos ciganos. O mesmo deixou em posse de sua esposa e filhos vários poemas, poesias e monólogos teatrais de sua autoria.

João Silveira

Nasceu em Itapecuru Mirim, em 26 de novembro de 1928, e faleceu em 01 de julho de 2004. Filho do carpinteiro cearense Serafim Marques da Silveira e da itapecuruense Rita Bezerra Silveira. Fez seus primeiros estudos no Grupo Escolar Gomes de Sousa, e por falta de  ensino mais avançados, seus pais o encaminharam à cidade de Caxias, onde cursou o ginásio e magistério no tradicional Colégio Caxiense.

Em Itapecuru Mirim aliou-se a Leonel Amorim,  Natinho Ferraz e outros no projeto da criação da Escola Normal Regional, que inaugurou em 1955, sendo professor da instituição por muito tempo, sem ônus. Também colaborou na fundação do Clube Recreativo e Cultural Itapecuruense, junto com Abdala Buzar, Leonel Amorim e Nonato Ferraz fazendo parte da primeira Diretoria em 1961. Grande amigo de Mariana Luz, vivia proferindo discursos ou declamando poesias da renomada poetisa, nos eventos cívicos e festivos. Era um orador veemente.

Exerceu o magistério durante  40 anos,  sempre levantando  a bandeira pela melhoria do ensino, e condições para a classe  que representava. Essa era a qualidade primordial inerente a seu caráter: o compromisso, engajamento, e o comprometimento, com a profissão.

O Professor João Silveira foi um dos pioneiros da luta Sindical, nas décadas de1950/60 junto a Sebastião Cabral,  Bernardo Rosa,   Mundiquinho Mendes e tantos outros  heróis anônimos, que fizeram parte do processo de fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.  Ele era representante da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG, criada  por João Goulart, entidade que sofreu intervenção dos militares até 1968, quando passou a ser dirigida sem a ação do Estado. Em 1969 o Governo outorgou a Carta Magna que dava à instituição e legalização e liberação para o funcionamento; Naquela época, eu como representante da CONTAG na região recebi a Carta Magna e entreguei aos sindicalistas, que receberam com festa,  disse o Professor João Silveira.

 

Cargos que ocupou

Dos muitos cargos que ocupou: representante da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura – Contag, professor do  Ginásios Bandeirantes, da Escola Mariana Luz, Escola Normal Regional Gomes de Sousa, Coordenador do Mobral (Movimento da Alfabetização Brasileira), Foi vereador,  inspetor de Ensino, secretário de Educação, 1970/1974 , diretor da Casa da Cultura 1990/1992, colaborador  do Jornal Itapecuru e agente administrativo estadual. Lecionou as seguintes disciplinas: Português, Inglês, Espanhol, Latim, Noções de Francês, Ciências Físicas e Biológicas, Geografia do Nordeste e História.

 

Homenagens recebidas

Patrono do Grêmio Estudantil do C.E.M. Professor Newton Neves, em  2003; Concurso Literário Professor João Silveira, em  2005; “Mestre dos Mestres”, pela Eletronorte em 1993, Patrono da Casa da Cultura, em  2001 e patrono da cadeira  32 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes.

Como homem público lutou para conscientizar seus pares, da  importância social de uma política educacional, nas comunidades rurais. .

As duas grandes frustrações do professor: a primeira foi não ter conseguido fundar a Academia Itapecuruense de Letras, pela qual empreendeu grandes esforços e a segunda  não ter    publicado a história de Itapecuru Mirim.

 povo itapecuruense, sentiu o desaparecimento do professor, andando pelas ruas da cidade distribuindo o seu conhecimento, discursando, declamando poesias e falando da história da cidade.  Era apelidado de “Almanaque Ambulante”.

Fonte: Jucey Santos

Orlando Mota

Orlando Lago Mota,  natural de São Luís Gonzaga (MA), filho de Dionísio Ribeiro da Mota e Maria Gertrude do Lago Mota, nasceram em 30 de novembro de 1896.

Como funcionário federal dos correios e telégrafos, trabalhou nas cidades de Bacabal, Coroatá e  Vargem Grande. Formou-se em técnico em farmácia, em seguida casou-se com Carmem Rosa dos Santos.

Depois de casado mudou-se cidade  a  para Itapecuru Mirim, para exercer suas funções de farmacêutico. Abriu seu estabelecimento farmacêutico, na Avenida Gomes de Sousa no final da década de 30 do século passado e foi muito atuante como parteiro, enfermeiro e farmacêutico na sociedade em uma época que não tinha  médico na cidade. Também foi músico.

Nos anos 40 iniciou sua vida pública.  Exerceu vários mandatos de vereador. Em 1951 foi eleito Presidente da Câmara. Como o prefeito eleito João da Silva Rodrigues, não assumiu  por força de um mandado de segurança que questionava a votação de Cantanhede, estando sujeito a eleições complementares em data a ser marcada,  o vice prefeito Luís Gonzaga Bandeira de Melo assumiu porém renunciou dois meses depois, na condição de Presidente da Câmara o farmacêutico Orlando Mota assumiu   prefeitura ficando à frente da municipalidade até 17 de setembro de 1952, quando então João Rodrigues finalmente foi  proclamado eleito pelo Tribunal Regional Eleitoral e tomou posse.  Apesar de ter um aspecto sisudo e vozeirão forte, responsável por muitas histórias pitorescas a seu respeito, era um homem generoso e administrou o município com coerência e justiça.  Faleceu em 10 de dezembro de 1975. Foi escolhido patrono  da cadeira nº 33 da  Academia Itapecuruense de Ciências Letras e Artes.

 

Fonte: Jucey Santos

Benedita Silva de Azevedo, nasceu em Itapecuru Mirim (MA).   Radicada no Rio de Janeiro desde 1987.  Graduada em Letras e Pós graduada em Linguística. Lecionou de 1972 a 2005. É professora, escritora, poeta, haicaísta, antologista e Artista Plástica. Pertence a várias instituições literárias no Brasil, Chile, Portugal e França. Membro fundador da AICLA. Presidente da APALA (2010-2012). Membro Efetivo da ADABL (Associação dos Diplomados da Academia Brasileira de Letras). Artilheiro da Cultura do Centro de Literatura do Forte de Copacabana. Participa do Centro de Expressões Culturais do Museu Militar Conde de Linhares e do Círculo Literário do Clube Naval. Recebeu várias premiações e comendas, inclusive o 1º lugar no “Grande desafio” do 17º Encontro Brasileiro de Haicai, em 2005/SP, 1º lugar no Concurso Brasileiro de Haicai Caminho das Águas, em 2011/ Santos/SP. Escreveu 32 livros individuais e 2 em parceria. Organizou 33 antologias. Publica em  jornais, revistas, sites e em mais de 160 antologias. Autora do Projeto Haicai na Escola /2004, com incentivo  a leitura e a escrita. Fundou o Grêmio Haicai Sabiá  em 2006, em Magé – RJ.   Em 2008, fundou o Grêmio Haicai Águas de Março, o 1º da cidade do Rio de Janeiro, RJ e 2º do Estado. Em 2020 lançou o projeto UTAMAKURA BRASILEIRO (lugares poéticos brasileiros) com lançamento do I Livro em maio de 2021. 

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www.beneditaazevedo.com

Natinho Ferraz

Raimundo Nonato Ferraz  nasceu em Itapecuru Mirim em 12 de novembro de 1919. Filho de Luiz da Silva Ferraz e Raimunda Barbosa Andrade. Foi aluno da professora Zulmira Sanches Fonseca na Escola Mista do Estado. Aos 13 anos foi matriculado no Instituto Rio Branco  do professor Newton de Carvalho Neves, tendo sido sempre aluno de destaque.

Depois estudou em São Luís para aprimoramento dos ensinamentos adquiridos em Itapecuru Mirim. Ao retornar a sua terra, á com vasto conhecimento  aprofundou-se nas leituras e se tornado um cidadão de grande cultura, com uma memória prodigiosa,  por esforço próprio.Durante sua vida, Natinho Ferraz   teve a missão de educar, como lema, a educação transforma o cidadão, e que o maior patrimônio do homem é o cultural,  nunca deixou de receber os inúmeros estudantes que o procuravam  em busca de auxilio em suas dúvidas escolares.

Foi funcionário público durante 40 anos, na função de agente de estatística do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Itapecuru Mirim. Como professor, foi co-fundador e diretor da Escola Regional Gomes de Sousa (1955), tendo sido diretor e professor de várias escolas na rede municipal.

Exerceu o cargo de chefe de gabinete da Prefeitura e Secretário de Educação.  Foi eleito vereador, quando a função ainda não era remunerada defendendo que o homem público deveria doar-se ao povo, não necessitando de pagamento.

Muito atuante nos meios sociais, consta como um dos fundadores do Itapecuru Social Clube, tendo sido membro da primeira diretoria, e escrevia crônicas e poemas para os vários periódicos de Itapecuru Mirim como, A Força, O Gigante e a Alvorada e para o Jornal Hoje de São Luís (MA). Os seus textos tinham o título Reflexões e Respingos. Segundo Natinho Ferraz,  as maiores expressões culturais de Itapecuru Mirim de todos os tempos foram: Mariana Luz e  Juvenal Nascimento. 

Em 2008 a sua filha Maria de Nazaré Ferraz, em homenagem ao pai, publicou os seus escritos com o título Reflexões e Respingos, como tributo in memorian  ao importante professor, que faleceu em 27 de novembro de 1985.

Raimundo Nonato Ferraz é patrono da Academia Itapecuruense de Ciências,  Letras e Artes – AICLA,  da cadeira  número 35.

Fonte: Jucey Santos

Newton Neves

 

Newton de Carvalho Neves, nasceu em Codó no dia 14 de fevereiro de 1896, e faleceu no dia 16 de março de 1975. Filho de Raimundo Coriolano Ferreira Neves, pecuarista, comerciante e político e de Amélia Dejanira de Carvalho Cantanhede Neves.

Seu pai determinou que ele fosse o padre da família, e desde os 9 anos o encaminhou ao internato  Ateneu Piauiense, em Teresina; de lá foi para um Seminário em Fortaleza e  em  1917  para o Seminário Santo Antônio em São Luís (MA), onde se ordenou  em dezembro de 1918. Iniciou sua missão pastoral como capelão da Escola de Catequistas e Casa dos Expostos da Paróquia de São Pantaleão.  Foi vigário das paróquias de São João Batista; Itapecuru Mirim, Araioses e Tutoia.

Em Itapecuru Mirim viveu o maior conflito pessoal de sua vida. Apaixonou-se pela jovem Guilhermina Nogueira da Cruz.   Para não trair seus votos sacerdotais, pediu ao seu confessor a transferência da paróquia, sendo encaminhado para Tutóia. Se sentindo dividido entre o amor à sua igreja e à itapecuruense e pressionado pela família desta, retornou a Itapecuru Mirim em 1924, e em outubro de 1925 casa-se com jovem Gulhermina. Foi expulso da igreja, perseguido e excomungado.

Sofreu muito com o preconceito da população e a rejeição por parte da Igreja tendo de suportar problemas de todas as ordens, principalmente financeiro. Graças a alguns comerciantes, especialmente os libaneses, com visão menos radical sobre a questão religiosa, os quais encaminharam seus filhos para estudar com o padre Newton.  Iniciou sua escola na casa do sogro Bento Nogueira da Cruz. Em 1925 fundou o teatro São José, e em 2 de abril  de 1926, fundou o  Instituto Rio Branco, que se tornou a maior referência educacional na região.  

Em 1935 mudou-se para São Luís, transferindo a direção do Instituto ao professor e jornalista João Rodrigues. Na Capital, fundou no mesmo ano o Instituto São José, internato e externato, que dirigiu até 1942.

Em São Luís, lecionou nos seguintes colégios:  Arimatéa Cisne, Ateneu Teixeira Mendes, Instituto Rosa Castro, Centro Caixeiral,  Academia do Comercio, Colégio de São Luís, Instituto Alves Cardoso e Liceu Maranhense. Foi professor das seguintes disciplinas: português, matemática, francês, literatura, história, geografia, latim e filosofia.

De 1942 a 1943 foi nomeado prefeito de São José dos Matões pelo interventor, Dr. Paulo Ramos.  Retornou a Capital para assumir a Diretoria do Serviço de Economia Agrícola onde ficou até 1945. E continuou lecionando em São Luís.

Nomeado diretor de Educação de Estado, teve como   missão a expansão da rede educacional em todo o Estado. Fundou e organizou muitas escolas da Campanha Nacional de Educandários Gratuitos. Na Capital fundou o Colégio Getúlio Vargas e o Colégio Rio Branco; em Colinas o Instituto Paulo Ramos; em Coroatá o Colégio Viriato Correa, em Itapecuru Mirim o Ginásio João Lisboa; em Imperatriz o Ginásio Bernardo Sayão, e outros estabelecimentos de ensino em Rosário, Viana e Dom Pedro.

A professora Ariceya Moreira Lima da Silva, diretora da Campanha Nacional de Escolas da ComunidadeCNEC, em seu pronunciamento durante a inauguração do Colégio Getúlio Vargas, no bairro  Lira, citou:

O Professor Newton Neves é um idealista, planta escola movido pela bondade e pela educação, deixando por onde passa, a sombra da cultura para abrigar os jovens do  hoje e do amanhã. Possui uma rara, autêntica e extraordinária   vocação de mestre.      

De 1953 a 1954, a convite do prefeito de São Luís, Eduardo Viana Pereira, foi secretario de Educação do Município, sempre tendo por meta a expansão e melhoria do ensino para preparar os jovens para o futuro, dizia o mestre

Fez parte da equipe redacional dos jornais, O Globo, O Imparcial e O Combate, escrevendo inúmeras crônicas em defesa da educação, da família, da religião e crítica política.

No campo da cultura, além do teatro e literatura dedicou-se também à música. Era exímio tocador de flauta, deixando como legado   o livreto de cantos litúrgicos,  Lira Cristã, (1953),  e uma grande quantidade  de peças musicais resgatadas  durante o trabalho de pesquisa  do padre João Mohana que  teve como resultado a publicação do  livro A Grande Música do Maranhão, (1974).  Compôs músicas sacras e populares. Muitas das suas partituras se encontram tombadas no acervo do Arquivo Público do Estado do Maranhão. Deixou um livro inédito, Estudos de Português e Minhas Epístolas.

Durante toda a sua vida escreveu a Roma, implorando que lhe fosse retirada a excomunhão e a liberação dos votos sacerdotais para enfim receber a bênção sacramental no seu matrimônio.  Somente em 1944 a igreja se manifestou, de forma radical, exigindo que o mesmo se separasse da esposa, por estar “vivendo em pecado”.  Fiel à orientação dos dogmas eclesiásticos, separou-se da família que voltou para Itapecuru Mirim. Ele escreveu em seu diário: “Eu Newton de Carvalho Neves, em 6 de março de 1944, por motivo de ordem espiritual, me separei de Guilhermina Nogueira Neves”. Este episódio marcou a vida do grande mestre. Talvez por ser tão honesto e íntegro, entrou em grande conflito espiritual. Questionando seus valores morais, familiares e religiosos.

Viveu afastado dos familiares durante cinco anos, dedicado exclusivamente ao trabalho, exilado na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em São Luís, onde viveu duras penitências, adquirindo uma grave enfermidade, sendo resgatado pela esposa e filhos, a conselho médico. A igreja retirou-lhe a excomunhão, permitindo-lhe o casamento somente em 1965, depois de 40 anos de espera. O consórcio religioso ocorreu  em 21 de outubro de  1965, em São Paulo.

 

Teve onze filhos: José Raimundo, José Bento, José Cândido, José Trajano, José Edgard, José Newton, Maria Amélia, Maria Raphinha, Maria Rita, Maria Judith e Maria do Carmo.  Faleceu em 16 de março de 1975.

O professor Newton Neves fez do ensino e da cultura um sacerdócio, iluminador de mentes para o futuro. A AICLA reconheceu-lhe os méritos e o imortalizou como patrono da cadeira nº 36, tendo sido fundada pela professora Teresa

 

Fonte: Jucey Santos

Nonato Buzar

Raimundo Nonato Buzar nasceu em 26 de agosto de 1932 em Itapicuru Mirim.  Foi compositor, poeta, cantor e produtor musical. Filho do  libanês Chafi Buzar, que chegou a Itapecuru no final do século XIX e da codoense Raimunda Saad.  Os seus primeiros estudos foram em Itapecuru Mirim, porém desde sua infância já demonstrava vocação para a arte musical, que se tornou a grande paixão de sua vida. O instrumento da sua predileção foi o violão, que aprendeu  manejá-lo com o conterraneo o  Djalma Bandeira de Melo, passando então a dominar  as técnicas do instrumento ainda muito pequeno.

Na adolescência era requisitado para participar de serenatas e rodas musicais com os amigos Ribamar Fiquene, José Bento Neves, José Fonseca, Nonato Araújo, Betinho Costa  que varavam as noites produzindo belas canções.

Foi enviado  para São Luis como interno na antiga Escola Técnica Federal do Maranhão, onde ficava mais tempo dedilhando o violão do que propriamente estudando.

No começo dos anos 1950,  Nonato Buzar toma uma decisão corajosa: viajou para o Rio de Janeiro para estudar engenharia e dar continuidade aos estudos. Chegou a ser aprovado no vestibular mas desistiu do curso e dedicou-se  totalmente a música.

Procurou aproximar-se dos músicos cariocas que trabalhavam na noite,  recebendo  convite para tocar em boates e barzinhos. Tornou-se conhecido, porque também compunha e cantava, embora sua voz não tivesse grande extensão vocal.

Suas produções musicais chegaram ao conhecimento de Carlos Imperial, um dos reis da noite carioca e com ele fez parceria e criou o movimento conhecido por “Pilantragem”, que durante algum tempo dominou o cenário musical do País.

Na época o cantor Wilson Simonal, gravou duas músicas de Nonato Buzar, Vesti Azul e Carango  que ficaram vários  meses nas paradas de sucesso.

A Pilantragem era o passaporte que Buzar precisava para se projetar nacionalmente e ingressar no mundo da discografia e da produção musical. Gravadoras conceituadas, como a RCA Victor e a Polygram, o contrataram para a edição de discos de cantores renomados e que faziam enorme sucesso nas emissoras de rádio e televisão.

Sua projeção foi de tal modo retumbante que entrou na mira da TV Globo, a qual o contratou para ser diretor musical de telenovelas. Ficou muito famoso compondo trilhas sonoras de novelas da TV Globo.

São de sua autoria, por exemplo, as canções-temas das novelas: Verão Vermelho (1969),   Irmãos Coragem (1970, com Paulinho Tapajós e Roberto Menescal), O Homem que Deve Morrer (1971)  e Assim na Terra  como no Céu que alcançaram grande sucesso.

No auge do sucesso e da popularidade, gravou vários elepês, cantando  suas próprias criações musicais. Nessa época, deu um grande salto em sua carreira de compositor e cantor: trocou o Brasil pela Europa, fixando-se em  Paris com o propósito de divulgar a música popular brasileira, da qual era um de seus expoentes.

Ao retornar do exterior, o cenário musical brasileiro era outro. Pagou um preço alto por ficar fora muito tempo do País, onde o sucesso é efêmero e vive em função das empresas gravadoras e midiáticas. As portas já não se abriram mais  como outrora. Continua compor  e fazer shows pelo Brasil afora.

Ao longo de sua vida artística, fez parcerias com dezenas grandes nomes  da música popular brasileira, dentre os quais, João Nogueira, Rosinha de Valença e Sílvio César. Trabalhou também nas trilhas sonoras de Chico City, no filme Aventuras de um Detetive Português, de Stefan Wolff e Raul Solnado.

Muitos artistas famosos gravaram suas composições, como Elis Regina, Maysa, Elizeth Cardoso, João Nogueira, Nana Caymmi e Milton Nascimento, Alcione Nazaré, Jair Rodrigues, além de estrangeiros como Jimmy Cliff, Fanya All Stars e Santana. O seu maior sucesso, “Vesti Azul”

O Maranhão não era esquecido em suas composições,  criou canções com o títulos de Olho d’Àgua, Desobriga, Sinhazinha e uma homenagem à governadora Roseana Sarney.

De sua terra natal, nunca olvidou. Todas as vezes que vinha a São Luís para compromissos artísticos, visitava os conterrâneos para lembrar a infância ali vivida.

Em 1997 a Câmara Municipal de Itapecuru Mirim prestou justa homenagem de “Mérito Musical” ao seu filho ilustre  por iniciativa do vereador Evaldo Almeida.

Em 2010 esteve em Itapecuru Mirim, realizando show em benefício às vitimas da enchente de 2009 do rio Itapecuru.

Nonato Buzar faleceu no dia 2 de fevereiro de 2014,  aos 81 anos,  no Rio de Janeiro. Os seu corpo foi trasladado para o torrão  natal, atendendo ao desejo manifestado pelo cantor, ainda em vida, onde recebeu as ultimas homenagens. Deixou um livro de crônicas, inédito, “Planeta Neus”,   dois filhos (Maria Morena e Francisco Eduardo) e o  neto  Artur.

É patrono da cadeira nº 37 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes.

Fonte: Jucey Santos

Bernardo Tiago de Matos

Bernardo Thiago de Matos nasceu, em 1º de maio de 1915, na cidade de Morros – MA, filho de Hipólito Victor de Matos e Maria Marques dos Santos Matos. Estudou nas escolas primarias de Morros. Foi Tipógrafo, Compositor, Paginador e Impressor do Jornal “a Luz” em Morros, posteriormente Auxiliar de Comércio. Faleceu em 23 de junho de 1999.

 

VIDA PÚBLICA

 

1 – Agente Municipal de Estatística – Morros – MA;

2 – Prefeito de São José de Ribamar – MA (nomeado);

3 – Prefeito de São Vicente Ferrer (nomeado);

4 – Prefeito de Itapecuru-Mirim (nomeado);

5 – Prefeito de Rosário – MA (eleito);

6 – Vice-Prefeito de Morros – MA (eleito);

7 – Chefe da Residência de Conservação do Dep. Est. Rodagem – Bacabeira – Rosário – MA;

8 – Chefe da Residência de Conservação do Dep. Est. Rodagem – Caxias – MA;

9 – Chefe da Residência de Conservação do Dep. Est. Rodagem –Lima Campos – MA;

10 – Chefe da Instalação Industrial – Rosário – MA;

11 – Chefe da Residência de Conservação do Dep. Est. Rodagem – São Francisco, Itapecuru-Mirim– MA;

12 – Chefe Administrativo 1º Distrito Tirirical Dep. Est. Rodagem – São Luís – MA;

13 – Diretor Geral do Departamento Municipal de Estrada e Rodagem de São Luís – Tirirical – MA;

14 – Auxiliar de Engenheiro da Secretaria de Obras e Viação do Município de São Luís – MA;

15 – Chefe da Seção Material do DMER – Tirirical – São Luís – MA;

16 – Diretor da Administração Interna (SAI) – DMER – São Luís -MA;

17 – Auxiliar Administrativo – Nível III – Referencia 12 – Condrago – São Luís – MA.

 

ATUAÇÃO EM ITAPECURU-MIRIM

Relatos emocionados de moradores de Itapecuru-Mirim dão uma ideia da grandeza deste nobre homem, que na época da Ditatura de Getúlio Vargas colocou na governança do Maranhão o interventor Paulo Ramos e este último, pois a frente da Prefeitura Desta Cidade – MA, Bernardo Tiago de Matos, em 1942.

Os moradores supracitados são: Maria do Rosário, Jamil Mubarack e Júlio Araújo “Bilisca” A primeira enfatiza, que antes de Bernardo Tiago chegar a esta terra, a cidade, não possuía organização urbana, sendo bem semelhante à maioria das comunidades interioranas do Estado, pois, a mesma crescia sem um traçado urbano que beneficiasse um crescimento harmônico. Maria do Rosário faz questão de enfatizar, ainda a presença constante de animais vagando pelas ruas tais como porcos, galinhas, cavalos, jumentos, bois etc. Que vagavam de rua em rua deixando as ruas fétidas e cheias de resíduos fetais. Nestes casos mais uma vez Bernardo Tiago teve pulso firme e disciplinou a presença de animais nas ruas.

 Jamil Mubarack é sempre enfático ao falar de Bernardo Tiago, afirmando, que o mesmo foi o melhor prefeito Desta Cidade e repete a característica feia e desorganizada que Itapecuru-Mirim possuía, antes de sua presença; destacando alguns pontos da administração de Bernardo Tiago, que são:

1 – Prédio da Prefeitura Municipal: funcionava de casa em casa tendo como característica uma simples mesa, que mudava ao sabor de cada administração, Bernardo Tiago idealizou o atual prédio de estilo belo e imponente, sendo que o mesmo teve que desapropriar uma casa, onde funcionava uma padaria do Coronel Zuza Bezerra;

2 – A construção da Praça Gome de Sousa, onde se encontrava a residência de Zuza Bezerra deu lugar a mais um sonho concretizado de Bernardo Tiago;

3 – O Colégio Estadual Gomes de Sousa também não possuía sede própria Bernardo Tiago, outra vez agiu e deu inicio as obras finalizadas não por seu curto tempo a frente da Prefeitura;

4 – A Rua da Passagem foi transformada em Av. Gomes de Sousa as casas de taipas e as que não estivessem alinhadas foram indenizadas e posta em baixo, sendo reconstruídas de tijolo, seguindo um padrão regular;

5 – A Rua da Caiana foi transformada em Av. Brasil outro sonho ousado, uma vez que, a atual Ponte Sobre o Rio Itapecuru não existia e Av. Brasil poderia ficar ociosa, contudo, transformou-se na mais importante da Cidade atualmente.  Para realizar suas obras Bernardo Tiago montou uma cerâmica nas proximidades do Igarapé da Zorra, com oleiros trazidos da Baixada Maranhense e Rosário. Jamil Mubarack termina seu relato com a seguinte frase “Homem reto, probo e correto, após o término de seu mandato até o cavalo e o resolver, que eram propriedades da Prefeitura foi entregue por ele”. O comerciante Júlio Araújo “Bilisca” ratificou veementemente todas as falas dos entrevistados acima e retrucou ele foi a prova viva, de que uma administração pública feita com planejamento, disciplina e honestidade da certo mesmo que seja desprovida de poucos recursos.

 

Plano de Urbanização em Itapecuru Mirim

Este núcleo urbano tão bem deli­neado e esboçado no desenho de Joaquim Araújo, pelo que se tem co­nhecimento, só veio a sofrer modifi­cações nas décadas de 40, em plena fase ditatorial, quando o Maranhão era então administrado pelo interven­tor Paulo Ramos, e a prefeitura de Itapecuru estava sob o comando de Bernardo Thiago de Matos, a quem coube o encargo de promover na ci­dade uma reforma urbanística.

Bertulino Campos

Patrono da Cadeira número 49 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA

Bertulino Campos (que era mais conhecido por BERTO) era natural de Carema “atual Santa Rita” filho de José Meneses e Agostinha Campos, nascido em 24 de agosto de 1915, Bertulino Campos casou-se bem cedo aos 16 anos com a sua amada Adriana Muniz Campos. Depois de algum tempo seus pais já planejavam uma mudança de localidade e foi assim a sua chegada permanente no município de Itapecuru Mirim no início dos anos 20 do século passado.  Mais antes dessa mudança para o município citado o pai de Bertulino Campos o seu José Menezes que também era uma pessoa que gostava muito da cultura, já organizava um boizinho no período junino  em Itapecuru Mirim, então com isso fez-se uma promessa que todos os anos ele teria que organizar o mesmo aqui na cidade, com isso foi-se criado a oportunidade do filho Berto vir a Itapecuru ajuda-lo nessa temporada, sendo que essa foi uma das principais afeição para que o mesmo viesse a criar raízes na terra de Mariana Luz. Em 1935 mudou-se definitivamente com a família, para o povoado Nova Aurora. No início dos anos 40 depois de muito aprender com seu pai, então Bertulino Campos teve a oportunidade de também poder criar seu próprio boizinho o falado “B DOURADO”, sendo que outros também vieram a ser criado pelo mesmo o Diamante, Alegria do Povo, Brilho Novo e o mais famoso, LINDA AMANTE. Sendo que os mesmos ficaram sendo mais conhecidos como Boi da Aviação ou Boi do Bertulino. E alguns outros bois, o mesmo sempre que chegava na temporada ele criava um boizinho novo aqui no município de Itapecuru Mirim. Então daí em diante se começou a ficar bastante conhecido em Itapecuru Mirim e também em municípios vizinhos, mais era na área da Aviação que ele tinha maior zelo em montar essa sua jornada, Lago Encantado, Nova Aurora, Vinagre, e nas comunidades quilombolas.

Assim Bertulino começou a ser reconhecido dentro e fora do município de Itapecuru mirim e assim se tornou um dos maiores representantes da cultura popular de Itapecuru Mirim. Na época junina, era unanimidade. Semianalfabeto tendo por profissão a de carpinteiro, foi cantador de boi, poeta, compositor, repentista, puxador de toadas de São Gonçalo, rodas de coco e tambor de crioula. Tenho a honra de ter auxiliado a pesquisadora Jucey Santana, no levantamento das pesquisas para a montagem da biografia do meu patrono em 2015 e ter participado das homenagens comemorativas ao seu centenário no dia de 7 de dezembro de 2015. Na temporada junina, Bertulino Campos tinha que se dividir em vários pois não dava para quem queria, era chamado para todos os lugares, tendo deixado algumas toadas eternizadas como MORENA, ADEUS MORENA dentre várias outras.

Quando alguém já traz consigo um dom de algo que vai fazer com que a pessoa se destaque em determinados atos, sem dúvidas são bênçãos divinas e em vários tons, de bondade, simplicidade e humanidade acima de tudo, que irá fazer a diferença na sua vida e na vida das pessoas que faram parte da mesma.

São justamente estas palavras que define Bertulino Campos, que trazia consigo a simplicidade e o ser guerreiro, em honrar seus compromissos através de algo que ele tinha amor em realizar, e de não deixar essas manifestações culturais se esvair. Como a história do mesmo é bem extensa haverá momentos mais propícios para discorrer todos os fatos dessa sua jornada, que foi sem dúvidas uma dádiva para a cultura de nossa cidade e também do Maranhão, nesse momento sublime que traz a si algo que abrilhanta uma parte de nossa bela história.

 

DISCURSO DE ADNEY TELES

NEGRO COSME – TUTOR E IMPERADOR DA LIBERDADE

Há 179 anos, em 17 de setembro de 1842, foi executado pelo Império Brasileiro um dos mais destacados heróis da história do Maranhão, Cosme Bento das Chagas, o Negro Cosme. Apesar de sua história ser um pouco fragmentada, e não se ter todas as respostas como os historiadores desejam, sabe-se que ele nasceu em Sobral – CEARÁ, por volta de 1800, e depois veio para o Maranhão. Nasceu livre e vivia de pequenos expedientes, sabia ler e escrever.

Foi preso em 22 de setembro de 1830, por ter assassinado Francisco Raimundo Ribeiro em Itapecuru-Mirim, sendo enviado à capital São Luís. Não se sabe por que motivos ou consequências esse fato aconteceu, e por isso ficam as indagações devido à falta de processo relativo a esse crime. Cosme fugiu da cadeia em 1° de maio de 1833, depois de liderar um levante de presos e ficou foragido até 1838, quando foi capturado em Codó. Neste tempo ficou escondido em vários quilombos da região de Itapecuru-Mirim.

Em dezembro de 1838, eclodiu uma importante revolta social conhecida como Balaiada, que aconteceu mesmo sem ter sido cuidadosamente preparada ou até mesmo possuir um projeto político definido. Foi uma reação e uma luta dos maranhenses contra injustiças praticadas por elites políticas e as desigualdades sociais que assolavam o Maranhão no século XIX. A revolta dos balaios caminhou rapidamente para a radicalização nas ruas, juntando-se ao movimento de escravos fugitivos, desordeiros e criminosos. Foi nessa fase da revolta que surgiram novos líderes, como o negro Cosme Bento, que até então estava preso.

Cosme fugiria novamente da prisão em outubro de 1839, e em novembro já se tinha notícias dele liderando escravos nas várias fazendas às margens do Rio Itapecuru. Dando início ao seu levante, começando a libertar escravos de determinadas fazendas por onde passava até formar o seu quilombo na Lagoa Amarela, que de acordo com registros oficiais contava com mais de 3000 escravos. No final de 1839, Cosme já era conhecido como Imperador da Liberdade.

Cosme liderava um exército de escravos, formado principalmente de africanos, visto que no Maranhão tinha um grande contingente de negros naquela época. No quilombo de Lagoa Amarela fundou uma escola para que os negros pudessem aprender a ler e escrever, o que naquela época foi um feito notável, tendo em vista que somente os mais abastados usufruíam desse benefício.

A radicalização da revolta, porém, levou a classe média a se desvincular do movimento, e até mesmo a tomar algumas medidas para contê-lo. Foi assim que esses setores acabaram apoiando as forças militares imperiais, enviadas pelo Governo central à região. As forças militares imperiais ficaram sob comando do coronel Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, que entre fevereiro e setembro de 1840 já havia praticamente derrotado todos os rebelados, com exceção dos negros sob o comando de Cosme. Porém o movimento de revolta foi contido em 1841 e a insurreição foi dada por terminada somente quando as tropas legais capturaram Cosme. A captura ocorreu depois de uma sangrenta batalha realizada em Calabouço, na região do Mearim, em 7 de fevereiro de 1841.

Com a prisão de Cosme Bento, dava-se fim à Balaiada. Seu processo foi aberto em março de 1841, arrastando-se por mais de um ano. Levado a júri em um tribunal na Vila e cabeça de comarca de Itapecuru-Mirim, o julgamento foi realizado apenas em 5 de abril de 1842.  Sentenciado com a pena capital, foi condenado à forca por liderar no Maranhão uma das mais temidas insurreições do povo negro já ocorridas no Brasil. À frente dos quilombolas, lutava para pôr fim à escravidão, junto com líderes como o índio Matroá, o vaqueiro Raimundo Gomes e Manoel Ferreira dos Anjos, o Balaio.

Cosme Bento foi executado na Praça do Mercado, em frente à Cadeia Pública de Itapecuru, hoje Casa da Cultura Professor João Silveira, em 17 de setembro de 1842. Um grande líder dos quilombolas, virou um símbolo da luta contra a escravidão, ficando conhecido pela região como o Zumbi maranhense.

Negro Cosme nos inspira a refletir sobre a busca do conhecimento e da ciência como conquistas a serem transmitidas, em memória da luta por liberdade e igualdade dos que o antecederam e dos que o sucederam. Continua-se até hoje a travar uma luta por visibilidade e igualdade.

Desde 2016, foi sancionada a lei nº 10.524/2016 que institui o dia 17 de setembro como data comemorativa em homenagem a Cosme Bento das Chagas, o Negro Cosme, líder da Balaiada, rebelião ocorrida no Maranhão e Piauí entre 1838 a 1841. Essa data visa exaltar a personagem histórica Negro Cosme, que liderou escravos de várias fazendas às margens do Rio Itapecuru e ficou conhecido como Imperador da Liberdade.

Esse importante líder também foi homenageado pelo Governo do Estado com uma praça que leva seu nome no bairro Fé em Deus e com a plataforma Negro Cosme, uma ferramenta que oferece pela internet a construção de conhecimentos em diversas áreas.

O importante ideal de liberdade deixado por Negro Cosme nos mostra e nos dá forças para combater o racismo e a busca pela igualdade racial. Um importante líder que não deve ser lembrado por sua grande bravura apenas hoje, em 2021, com 179 anos de história, mas sim para todo o sempre.

 

REFERÊNCIAS

A cor da cultura. Negro Cosme. Disponível em: http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/negrocosme. Acesso em: 26 jun. 2021.

CANCIAN, Renato. Balaiada (1838-1841) – Revolta popular no Maranhão. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/balaiada-1838-1841-revolta-popular-no-maranhao.htm. Acesso em: 26 jun. 2021.

Documentário: 178 anos da morte de Negro Cosme em 17 set 1842. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xOximN1B-8U. Acesso em: 26 jun. 2021.

Negro Cosme. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1hgWl8W6QFs. Acesso em: 26 jun. 2021.

O Imparcial. Maranhão comemora o dia do Negro Cosme. 2020. Disponível em: https://oimparcial.com.br/entretenimento-e-cultura/2020/09/maranhao-comemora-o-dia-do-negro-cosme/. Acesso em: 26 jun. 2021.

 

PINHEIRO, Gerson. Artigo: Hoje e sempre é dia de Negro Cosme. 2020. Disponível em: https://igualdaderacial.ma.gov.br/artigo-hoje-e-sempre-e-dia-de-negro-cosme/. Acesso em: 26 jun. 2021.